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Os cachorros podem detectar quando os humanos estão enfrentando uma situação de estresse, conforme aponta uma nova pesquisa realizada por pesquisadores da Queen’s University Belfast, na Irlanda do Norte.
Segundo os dados, publicados na revista Plus One, os processos fisiológicos associados a uma resposta de estresse agudo produzem alterações nos compostos orgânicos voláteis (substâncias químicas orgânicas) emanados da respiração humana e do suor — facilmente detectáveis pelos cães.
“Os odores emitidos pelo corpo constituem sinais que evoluíram para a comunicação, principalmente dentro das espécies. [...] Dado o notável olfato dos cães domésticos e seu histórico de domesticação próximo aos humanos, é possível que eles estejam detectando odores associados à mudança no corpo humano além daquelas que já foram estabelecidas”, diz o estudo.
Como a pesquisa foi feita?
Os pesquisadores examinaram amostras de respiração e suor de pessoas não fumantes que não haviam consumido alimentos ou líquidos recentemente. As amostras foram coletadas antes e após uma atividade aritmética em ritmo acelerado, juntamente com outras medidas fisiológicas objetivas, como pressão arterial e frequência cardíaca.
Após isso, os 36 participantes que relataram níveis mais altos de estresse após a atividade foram apresentados aos cães dentro de três horas após a coleta. Quatro cachorros de diferentes raças e misturas foram treinados com um clicker e ração para farejar o estresse e reproduzir um comportamento alerta.
No geral, eles demonstraram uma precisão de 93% na detecção de estresse, acertando em 675 de 720 tentativas. Na primeira vez em que foram expostos aos participantes quando estressados ou relaxados, os cães acertaram 94% das vezes. Individualmente, o desempenho variou de 90% a 96%.
“Este estudo demonstra que os cães podem discriminar entre a respiração e o suor dos humanos antes e depois de uma tarefa indutora de estresse. A descoberta nos diz que uma resposta aguda e negativa ao estresse psicológico altera o perfil de odor de nossa respiração/suor, e que os cães são capazes de detectar essa mudança no odor”, escreveram os autores do estudo.
Papel dos cães na medicina
Os cães vivenciam o mundo por meio do olfato. Suas habilidades são bastante utilizadas para identificar pistas visuais e detectar drogas, explosivos e até mesmo doenças, incluindo certos tipos de câncer, diabetes e COVID-19.
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Todavia, estudos anteriores já apontaram que, se treinados, o olfato altamente sensível desses animais pode contribuir para a detecção de situações de estresse e ansiedade. Na vida prática, a habilidade é bastante útil para cães de serviço, que atuam no suporte emocional de pessoas em tratamento de problemas psicológicos, como ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Benefícios dos pets para a saúde mental humana
Ter um animal de estimação em casa é uma prática terapêutica que auxilia no bem-estar das pessoas que convivem com eles. A ciência já explicou que, em contato com os bichos, o ser humano ativa o sistema límbico (ou cérebro emocional), responsável pelas emoções mais instintivas.
Nesse contexto, além do alívio dos sintomas de ansiedade, depressão e estresse, os pets motivam a boa saúde mental e a vida social dos seus cuidadores — diminuindo também a sensação de solidão.
"Estudos verificaram um aumento da produção e liberação da serotonina e dopamina, hormônios responsáveis pela sensação de prazer e alegria, após 15 a 20 minutos de interação com o cão", finaliza a psicóloga Cristiane Blanco, em entrevista prévia ao MinhaVida.
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