Nutricionista graduada pelo Centro Universitário São Camilo e nutricionista do Instituto Correndo pelo DiabetesMestre em...
iRedatora especialista na cobertura de conteúdos sobre saúde, bem-estar, maternidade, alimentação e fitness.
O diabetes tipo 1 é o tipo mais comum de diabetes mellitus em crianças. A alimentação é uma das principais formas de manter o nível de glicemia adequado. Isso inclui a hora do lanche!
Seja em casa ou na escola, a refeição é primordial para fornecer nutrientes importantes para desenvolvimento e crescimento da criança e para evitar picos de insulina em quem tem diabetes, levando à hipoglicemia.
“Dependendo do esquema insulínico utilizado no tratamento da doença, há um risco maior de hipoglicemia, que é quando ocorre uma queda de glicose mais acentuada”, explica a Maristela Strufaldi, nutricionista do Instituto Correndo pelo Diabetes (ICPD). “Além disso, a ausência de lanche faz com que a criança chegue com mais fome na próxima refeição, tendo ali uma descompensação de qualidade e quantidade alimentar”, completa.
Saiba mais: Sintomas de diabetes: veja os principais sinais de cada tipo
Pensando nisso, a nutricionista elencou quatro dicas de como preparar o lanche da criança, seja para a escola, seja para comer em casa, considerando suas necessidades e rotina. Confira a seguir:
1. Prepare o lanche conforme a rotina da criança
Algumas crianças estudam no período vespertino e, por isso, acordam e lancham mais tarde. Já outras, estudam pela manhã e têm o hábito de acordar cedo, fazendo um lanche antes do almoço. Por isso, é importante levar em consideração a rotina do pequeno antes de montar sua lancheira.
“O lanche intermediário, independentemente do horário, deve complementar a oferta de nutrientes, estimulando a saciedade”, explica Maristela. “Considerando que à tarde há um intervalo maior entre o almoço e a janta, o lanche da tarde vai servir para evitar a hipoglicemia e pode ser um pouco mais robusto. Já o lanche da manhã, em que há um intervalo menor entre café e almoço, pode ser menor. Porém ambos são favoráveis para o controle da fome e para fornecer nutrientes importantes para o desenvolvimento da criança”, afirma.
2. Inclua carboidratos, proteínas e gorduras boas
Não existe alimento proibido para crianças com diabetes, segundo Maristela. A verdade é que é necessário um equilíbrio nutricional que favoreça o crescimento e mantenha a boa relação com a comida e a saúde do pequeno.
“No lanche da tarde, que tende a ser mais completo, é sugerido que exista, sempre, uma fonte de carboidrato, com maior incentivo ao consumo de alimentos integrais. Então, pães, torradas, frutas e aveia são bons exemplos, mas não há proibição de um pão branco também”, elenca a nutricionista.
Leia mais: Diagnósticos de diabetes tipo 1 crescem 5% ao ano no Brasil
Associado a esse carboidrato, a especialista explica que é interessante acrescentar um alimento fonte de proteína e cálcio, como queijos, iogurtes e leite. Por fim, gorduras boas, como castanhas, também são bem-vindas. “É possível fazer um sanduíche de pão integral com queijo e adicionar um vegetal, como uma cenoura ralada. Isso torna a refeição bem interessante”, completa.
Já para o lanche da manhã, Maristela sugere um lanche menor, com uma quantidade determinada de carboidrato. “Vamos supor que a gente faça um lanche com 15 gramas de carboidrato. Isso pode ser composto por uma fruta média, por exemplo. Então, podemos acrescentar castanhas, iogurte, aveia…”, exemplifica a nutricionista.
3. Faça a contagem de carboidratos
O lanche oferecido vai depender de criança para criança, de sua rotina e da quantidade de insulina a ser aplicada para aquela quantidade de carboidrato que será consumida. Para isso, é preciso realizar a contagem de carboidratos.
“Essa é uma ferramenta nutricional que favorece o controle glicêmico e oferece uma maior flexibilidade alimentar”, afirma Maristela. No diabetes tipo 1, a criança pode utilizar insulina rápida ou ultrarrápida para dar cobertura ao carboidrato consumido. É uma forma de simular o processo fisiológico de produção de insulina pelo pâncreas, o que não acontece em uma pessoa com a doença.
“Na contagem de carboidratos, fazemos uma relação insulina-carboidrato, ou seja, relacionamentos a quantidade de insulina a ser aplicada para a quantidade de carboidrato a ser consumida”, explica a nutricionista. “Isso permite uma maior flexibilidade para que a criança tenha uma alimentação similar à de outras crianças sem diabetes, ou seja, sem a proibição ou restrição de alimentos”, completa.
Em geral, para cada 15 gramas de carboidrato consumido, uma pessoa precisa de uma unidade de insulina rápida ou ultrarrápida para fazer a cobertura do carboidrato ingerido. É importante que essa contagem seja feita com acompanhamento e orientação médica e de um nutricionista.
4. Tenha atenção com as guloseimas
O ambiente social, na escola ou em algum outro evento familiar ou com amigos, estimula o consumo de guloseimas e alimentos com gordura saturada, cujo consumo em excesso pode levar à obesidade ou a outras doenças mais sérias. No caso das crianças com diabetes, a atenção deve ser redobrada, mantendo a relação da insulina com o consumo de carboidratos.
“Se a guloseima tem carboidrato, é preciso ter uma cobertura proveniente de insulina para que aquele carboidrato não promova uma hiperglicemia”, explica Maristela.
Saiba mais: Diabetes: Oito maneiras de controlar a vontade de comer doces
Levando em consideração a contagem de carboidratos, é possível, por exemplo, que a criança coma um bolo ou um brigadeiro com açúcar em uma festinha de aniversário ou na escola. “Ela vai fazer a cobertura, ou seja, a aplicação de insulina para aquele carboidrato”, esclarece. Porém, a nutricionista ressalta: “O consumo de guloseimas deve ser exceção e não regra”.
Extra: sugestão de lanche para a criança com diabetes
Como já falamos anteriormente, o cardápio de cada criança é personalizado, pois depende do horário do lanche e da quantidade de insulina a ser aplicada para aquela quantidade de carboidrato.
Porém, de maneira geral, é importante estimular o consumo de alimentos energéticos, como pães, cereais e biscoitos, principalmente os integrais, e alimentos do grupo construtor (proteínas) e regulador (frutas, verduras e legumes). Veja, a seguir, algumas sugestões da nutricionista:
- Alimentos construtores: queijos, iogurte, leite, patê de frango, patê de atum, homus, castanhas, grão de bico, ovo de codorna;
- Alimentos reguladores: frutas in natura, frutas secas, vegetais;
- Alimentos energéticos: pães, milho, cereais integrais, cookies integrais, biscoitos integrais, biscoito de polvilho, biscoito de arroz.
É possível montar, por exemplo, um lanche com pão integral, recheado de patê de frango e acompanhado de uma porção de uvas. Outro exemplo são cookies integrais, servido com leite com cacau em pó ou achocolatado diet e cenoura baby. Torradas com geleia diet, queijo e água de coco são outros bons exemplos.