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Os casos positivos para COVID-19 estão crescendo novamente no Brasil. De acordo com dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), houve uma alta de 134% no número de novas infecções na semana que se encerrou no sábado (12) em relação à semana anterior.
Entre os dias 6 e 12 de novembro, o Brasil registrou 61.564 infecções pelo coronavírus, ante 26.304 contaminações entre os dias 30 de outubro e 5 de novembro. O número de mortes em decorrência da COVID-19 também sofreu um aumento: foram 312 óbitos na semana passada, enquanto no período anterior o número foi de 251, representando um aumento de 24,3%.
Diante do cenário, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), por meio de seu Comitê Científico de COVID-19 e Infecções Respiratórias (CCCIR), divulgou uma nota técnica na última sexta-feira (11) defendendo medidas urgentes para reduzir o impacto de um cenário futuro de aumento nas hospitalizações e óbitos pela doença, como:
- Aumento das taxas de vacinação contra COVID-19, principalmente nas diferentes doses de reforço;
- Garantir aquisição de doses suficientes de vacina para imunizar todas as crianças de seis meses a cinco anos, independente da presença de comorbidades;
- Promover rapidamente a aprovação e o acesso às vacinas bivalentes de segunda geração, atualizadas com as novas variantes (atualmente em análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa);
- Uso de máscaras e distanciamento social, evitando situações de aglomeração, principalmente pela população mais vulnerável.
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A Associação Médica Brasileira, por meio de seu Comitê Extraordinário de Monitoramento da COVID-19 (CEM COVID AMB), também emitiu boletim de alerta para o aumento do número de casos do novo coronavírus no país, endossando a nota técnica da SBI.
O que está por trás do aumento nos casos de COVID?
De acordo com a SBI, o aumento significativo do número de casos de COVID-19 nas últimas semanas pode ter relação com a circulação da nova subvariante Ômicron BQ.1, que faz parte do grupo de novas sublinhagens que estão sendo observadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde o início de outubro.
A BQ.1 e suas sublinhagens, como a BQ.1.1, são descendentes de outra sublinhagem, a BA.5, todas pertencentes à variante ômicron. Elas são resultado de mutações no vírus que não causam grandes modificações no material genético. Dessa forma, elas continuam parecidas com a variante da qual fazem parte.
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A subvariante já vinha causando o aumento de casos em países da Europa e nos Estados Unidos. Na França, por exemplo, as infecções pela BQ.1 já representam 25% do total de contaminações; na Bélgica, esse número é de 10%. Já nos EUA, a porcentagem é ainda maior: 35,3% das infecções pelo coronavírus são das sublinhagens BQ.1 e BQ.1.1.
No Brasil, já existem decorrências da BQ.1 no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, em Amazonas e em São Paulo, onde foi registrada a primeira morte devido à nova cepa: uma mulher de 72 anos que possuía diversas comorbidades, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
Devemos nos preocupar com a nova onda?
Ainda não é conhecido o grau de gravidade da BQ.1, nem se ela possui mais capacidade de escapar da proteção oferecida pelas vacinas atualmente aplicadas contra a COVID-19. Porém, a OMS alerta para o fato de que a cepa tem demonstrado “uma vantagem de crescimento significativa sobre outras sublinhagens da ômicron circulantes em muitos locais, incluindo Europa e Estados Unidos” e que “merece monitoramento rigoroso”.
No mundo, até o final de outubro, a prevalência da nova sublinhagem era de 6%. Na última atualização, divulgada na quarta-feira (9), essa porcentagem subiu para 13,4%, havendo uma tendência de substituição global de sublinhagens que antes eram dominantes (como a BA.5). Os dados foram divulgados pela OMS.
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Por isso, a orientação para a população é utilizar máscaras, principalmente em locais fechados, evitando aglomerações e dando preferência a lugares abertos, com alta circulação de ar. Além da SBI e da AMB, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde também publicou nota técnica, no sábado (12), recomendando o uso de máscaras pela população, além do aumento da vigilância genômica por estados e municípios.
O ministro Marcelo Queiroga fez, ainda, um alerta para a população procurar o reforço da vacina contra COVID-19 diante da alta dos casos. Segundo o ministro, mais de 69 milhões de brasileiros não tomaram a primeira dose de reforço (ou terceira dose), enquanto 32,8 milhões de pessoas que já poderiam ter tomado a segunda dose de reforço (ou quarta dose) ainda não se vacinaram.