Clínico geral especialista em Medicina Preventiva. Formado pela Escola Paulista de Medicina, na Universidade Federal de...
iRedatora especialista em conteúdos sobre saúde, família e alimentação.
Com a chegada do verão, a praia se torna um dos destinos prediletos das famílias para aproveitar a temporada de férias escolares. Mas para que o período seja marcado somente de boas recordações, algumas atitudes são necessárias para garantir a segurança e o bem-estar — especialmente das crianças.
Além dos cuidados básicos quanto à exposição solar, é preciso tomar cuidados para prevenir o surgimento de problemas causados pelo contato com a água do mar, como o prurido do traje de banho. O quadro, também conhecido como dermatite do traje de banho ou piolho-do-mar, é um tipo de dermatite causado após o contato com larvas da cifomedusa Linuche unguiculata.
Quase imperceptíveis a olho nu, elas são trazidas por correntes marítimas e, quando entram em contato com o corpo, ao ficarem presas nas dobras da pele ou no traje de banho, liberam uma substância que provoca coceira e erupção na pele. A reação alérgica ocorre especialmente nas áreas de atrito.
Embora a dermatite possa se manifestar em qualquer pessoa, as crianças estão mais suscetíveis ao problema, uma vez que ficam mais tempo na água e têm mais exposição ao piolho-do-mar.
No Brasil, os primeiros registros da doença datam de 2001, de pacientes que visitaram a praia de Indaiatuba, no litoral de São Paulo. Em 2007, voltaram a ocorrer registros no estado de Santa Catarina. A ocorrência de surtos pode ser explicada por conta das mudanças de correntes marítimas que ocorrem em áreas litorâneas.
Como a dermatite se manifesta nas crianças?
As manifestações clínicas da dermatite do traje de banho são bem características. A criança apresenta manchas vermelhas e bastante coceira, que se concentram na área do maiô, sunga, biquíni ou nas dobras. Os sintomas costumam surgir, normalmente, em até 24 horas após o banho de mar.
Ocasionalmente podem ser observados sintomas sistêmicos, como febre, náuseas e vômito — especialmente em crianças. Em casos muito raros, ela pode apresentar dor de cabeça, diarreia e calafrios.
“A maioria das pessoas desenvolve pequenas bolhas na pele, como uma pequena irritação com coceira, como se fosse uma queimadura. E, em situações mais graves, pode servir de porta de entrada para infecções bacterianas”, explica Carlos Machado, clínico geral especialista em Medicina Preventiva.
Como tratar a dermatite do traje de banho?
A princípio, é importante que os pais não se assustem com o surgimento dos sintomas do prurido que, apesar de incômodos, tendem a suavizar e desaparecer com o passar dos dias. Segundo Carlos, o tratamento pode ser realizado em casa, a partir do uso de hidratantes na região afetada, após a higienização.
Além disso, os pais podem procurar auxílio de um pediatra, para que ele indique as medidas mais adequadas para aliviar a coceira. De acordo com Carlos, o especialista também poderá receitar o uso de medicamentos antialérgicos, uma vez que as larvas causam uma reação alérgica local.
“Quando a infecção de pele aumenta, você pode ter uma infecção bacteriana secundária, provocando até uma celulite. Nesse caso, o tratamento é feito com antibióticos e corticoides”, acrescenta o especialista.
É possível prevenir a dermatite do traje de banho?
A forma mais eficaz de prevenir o surgimento da dermatite é evitar o contato com a água do mar. Porém, sendo essa uma missão quase impossível para os pais, é essencial ficar atento a qualquer queixa ou sinal diferente na pele das crianças.
Se você estiver na praia e perceber que o seu filho está com manchinhas vermelhas no corpo e reclamando de coceira, retire o traje de banho e lave bem o corpo e a roupa com água corrente. Evite secar a criança com a toalha depois de sair da água do mar, pois isso pode gerar mais atrito e fazer com que as larvas liberem mais toxinas, segundo Carlos.
O ideal é tentar remover as larvas da pele da criança. Como elas são quase imperceptíveis, utilize água morna, não muito quente, na região das manchas. Importante ressaltar que água fria não é recomendada, pois ela também é capaz de ativar os “ferrões” das larvas.
“Quando você perceber que na praia está tendo algum surto, não somente de águas-vivas grandes, mas de outros animais, então deve-se tomar cuidado com a água do mar e com a areia também — pois podem conter bichos geográficos, por causa de vermes de fezes de animais que ficam na praia”, finaliza Carlos.