Alergista e Imunologista pela USP e Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia. Médico Consultor em Imunologia e Alerg...
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Você é daquelas pessoas que vivem tendo crises alérgicas? Seu smartphone pode ser o causador da sua alergia. Pelo menos é o que sugere um novo estudo apresentado este mês na Reunião Científica Anual do Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia (ACAAI), em Louisville, no Kentucky, Estados Unidos.
A pesquisa mostrou que há níveis elevados de alérgenos de cães e gatos, bem como β - D glucanos (BDG), encontrado nas paredes celulares de fungos, e endotoxinas, que são toxinas bacterianas encontradas no meio ambiente, nos celulares.
“Os BDGs são encontrados nas paredes celulares de fungos e foram encontrados em muitos ambientes e superfícies, causando sintomas crônicos de irritação nas vias aéreas. A endotoxina é um potente agente inflamatório e um marcador de exposição a bactérias Gram negativas”, afirma Hana Rurna, principal autora do estudo.
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Como o estudo foi feito?
Para realizar o estudo, os pesquisadores criaram modelos de telefone com tamanho e superfície semelhantes a um smartphone real. Os níveis de alérgenos, BDG e endotoxinas dos “celulares” de 15 voluntários foram medidos. Além disso, os modelos foram limpos como parte do teste com o uso de toalhetes eletrostáticos e toalhetes com álcool isopropílico.
Segundo Peter Thorne, PhD, professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Iowa e co-autor do estudo, a limpeza dos “celulares” foi eficaz na redução de BDG e de endotoxinas quando utilizada uma combinação de clorexidina/cetilpiridínio. Já a remoção dos alérgenos de cães e gatos foi mais efetiva com o uso de benzoato de benzila e ácido tânico.
“O estudo demonstra a exposição a alérgenos inalantes e moléculas que desencadeiam reações imunes inatas de uma fonte que a maioria das pessoas não considerou. Se você tem alergia ou asma, pode querer pensar em limpar seu smartphone com mais frequência para minimizar a exposição a esses alérgenos e desencadeadores de asma”, afirmou Peter em comunicado à imprensa.
O celular pode, realmente, ser a causa da sua alergia?
Para Javier Ricardo Carbajal Lizárraga, alergista e imunologista, a presença de ácaros e detritos de fungos nas superfícies que imitam celulares pode acontecer em qualquer outra superfície não higienizada no lar também.
“Precisamos lembrar que, em se tratando de ácaros, o que produz alergia são proteínas digestivas que são eliminadas nas bolotas fecais excretadas por eles. Para alguma superfície conter esses alérgenos precisa estar colonizada pelos micróbios”, explica o especialista.
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Javier esclarece, ainda, que os ácaros vivem e se reproduzem em ambientes úmidos e com abundante resto de pele esfoliada, como camas, travesseiros e poltronas. Já em relação aos fungos, o que desencadeia a alergia são as esporas liberadas por eles e isso só acontece quando esses micro-organismos colonizam as superfícies, que precisam estar altamente úmidas, ao contrário da condição de funcionamento de qualquer aparelho eletrônico.
O alergista também afirma que a alergia é desenvolvida através da exposição repetida a alérgenos em indivíduos geneticamente predispostos. “É leviano considerar que essas concentrações de restos de ácaros e fungos possam ser suficientes para produzir sensibilização alérgica em qualquer indivíduo”, diz.
Porém, é importante higienizar seu celular!
De qualquer forma, é válido manter a superfície do seu smartphone sempre higienizada, principalmente levando em conta que as pessoas tocam no celular mais de 2.600 vezes por dia, de acordo com um relatório publicado em 2016.
“Os celulares podem, sim, ser fontes de contaminação de vários micro-organismos infecciosos, como o SarsCov-2 (Covid-19), Epstein Barr vírus (mononucleose) e Herpes simples, entre outros, especialmente quando compartidos entre pessoas”, explica Javier.
Em relação aos ácaros presentes no smartphone, o alergista explica que a limpeza com pano úmido deve ser suficiente. “Pode não ser o ideal quando se trata de eliminar agentes infecciosos, mas qualquer substância microbicida que não agrida a superfície ou o funcionamento do aparelho deve ser suficiente para nos prevenir”, finaliza o especialista.