Especialista em Coluna, é o chefe de equipes da Neurocirurgia nos hospitais: Sírio-Libanês, AACD, Hcor, Rede São Luiz, E...
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Anitta revelou que foi diagnosticada com o vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose, ou “doença do beijo”, há cerca de dois meses. A revelação foi feita durante o lançamento do documentário “Eu”, da atriz Ludmilla Dayer, que conta a luta contra a esclerose múltipla por parte da atriz.
Segundo a cantora, receber a confirmação da doença foi o “momento mais difícil da [sua] vida”. Anitta contou que sua relação com Ludmilla foi essencial para que ela conseguisse se tratar no começo da infecção.
"Quando chegaram os resultados eu estava com o mesmo vírus que a Ludmila, em fase inicial. Hoje em dia não existe coincidência. Por sorte, por destino, eu consegui nem chegar no estágio que a Ludmila chegou", disse.
O que é Epstein-Barr?
O vírus Epstein-Barr é o causador da mononucleose, doença conhecida também como doença do beijo. O vírus é da mesma família que o vírus da herpes simples e é transmitido, principalmente, pela saliva, através do beijo ou pelo contato com talheres, copos, canudos e outros objetos compartilhados contaminados.
O vírus tem um período de incubação que varia de 30 a 45 dias, podendo ser assintomático ou apresentar sintomas. “Os principais são dor de garganta, gânglios aumentados no pescoço, alguns pacientes podem ter dor no corpo, febre e, eventualmente, comprometimento do fígado e do baço também”, explica Karen Mirna Loro Morejón, médica infectologista, diretora da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI).
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O diagnóstico da doença pode ser feito através de exames sorológicos e hemograma completo. A análise clínica também é importante. O tratamento é feito através de remédios, repouso e ingestão de líquidos.
Qual é a relação entre Epstein-barr e esclerose múltipla?
A relação entre o vírus e a esclerose múltipla, uma doença autoimune que afeta o sistema nervoso central, ainda é estudada. A evidência mais consistente é um estudo realizado por cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e publicado no periódico Science.
Na pesquisa, os cientistas descobriram que o vírus pode ter um papel fundamental no desenvolvimento da doença, apesar de não ser uma regra que todas as pessoas infectadas pelo Epstein-barr terão esclerose múltipla no futuro.
Para chegar a essa conclusão, 10 milhões de adultos do exército americano foram acompanhados durante 20 anos. Desses, 955 foram diagnosticados com esclerose múltipla. Segundo os pesquisadores, quem havia sido infectado pelo Epstein-Barr teve um risco 32 vezes maior de ter a doença.
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“O vírus pode entrar no genoma e esse genoma pode modificar o sistema imune, fazendo com que ele agrida a nossa própria célula cerebral. Então, o próprio corpo agride o cérebro, porque ele muda a conformação do sistema imunológico”, explica o neurocirurgião Cezar Oliveira, chefe de equipes da Neurocirurgia nos hospitais Sírio-Libanês, AACD, Hcor, Rede São Luiz, Edmundo Vasconcelos e Santa Catarina.
Outras doenças que possuem relação com o Epstein-Barr
Além da mononucleose e da esclerose múltipla, o vírus Epstein-Barr tem sido relacionado com outras doenças, como o linfoma de Burkitt, um tipo de câncer. "Alguns pacientes evoluem com hepatite durante o curso dessa doença e aumento de baço também”, afirma a infectologista Karen, o que pode acarretar em icterícia.
Para somar, um outro estudo, publicado em 2018 na revista científica Nature, mostrou que a exposição ao vírus também aumenta o risco de desenvolver outras doenças autoimunes em pessoas com predisposição genética. É o caso de lúpus, artrite reumatoide, artrite idiopática juvenil, doença inflamatória intestinal, doença celíaca e diabetes tipo 1.