É Supervisor do Serviço de Infectologia e SCIH do Hospital Santa Paula, médico infectologista do Instituto de Infectolog...
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O que é Mononucleose?
A mononucleose, popularmente conhecida como doença do beijo, é uma doença contagiosa causada pelo vírus Epstein-Barr. Esse vírus invade as células que revestem o nariz e a garganta, afetando glóbulos brancos responsáveis pela defesa do corpo. A infecção pode ser assintomática ou apresentar febre, dificuldade para engolir, tosse e outros sintomas.
Causas
A mononucleose é causada por uma infecção do vírus Epstein-Barr, pertencente a família Herpesviridae — mesma causadora da herpes simples. A doença é transmitida principalmente pelo beijo ou contado com secreções orais. Apesar de serem casos raros, também pode ser pega pelo contato sexual ou transfusão de sangue.
Período de transmissão da mononucleose
Após infectar um novo hospedeiro, o vírus tem um período de incubação que varia entre 30 a 45 dias, para então apresentar os sintomas. Em crianças mais novas, esse período pode ser menor.
Algumas pessoas que foram infectadas com a mononucleose podem contaminar outras pessoas mesmo depois que os sintomas cessaram, sendo que o período de transmissão pode durar um ano ou mais.
Sintomas
A maioria dos casos de mononucleose são assintomáticos (não têm sintomas aparentes). Mas quando percebidos, os principais sintomas são:
- Fadiga
- Mal-estar
- Dor de garganta
- Inflamação da garganta, que não melhora com o uso de antibióticos
- Febre
- Inchaço dos gânglios linfáticos no pescoço e axilas
- Amígdalas inchadas
- Dor de cabeça
- Erupção cutânea
- Baço suavemente inchado
Sintomas como febre e dor de garganta geralmente diminuem entre 7 e 15 dias. No entanto, outros sinais como fadiga, aumento dos gânglios linfáticos e baço inchado podem durar por algumas semanas.
Diagnóstico
A análise dos sintomas é a chave mais importante para o diagnóstico da mononucleose. O médico irá examiná-lo em busca de sinais da infecção, incluindo sua garganta, pele e abdômen. Os principais exames utilizados para realizar o diagnóstico são:
- Exames sorológicos: um teste pode ser feito para detectar a presença de anticorpos para o vírus Epstein-Barr no seu corpo. Este exame dá resultados dentro de um dia, mas não pode detectar a infecção durante a primeira semana da doença
- Hemograma completo: pode ser feito para descartar outras infecções a partir da análise do seu sangue
Exames de fígado podem ser feitos para descobrir se o vírus está afetando esse órgão. Se o teste de mononucleose é negativo, o médico pode testá-lo para uma infecção por citomegalovírus ou outros organismos.
Saiba mais: Para exame de mononucleose apresentando positivo é necessário fazer a diluição?
Fatores de risco
Grupos de risco para mononucleose
A infecção causada por este vírus é muito frequente e afeta principalmente crianças, adolescentes e adultos igualmente. Cerca de 50 % das crianças já sofreu uma infecção pelo vírus Epstein-Barr antes dos cinco anos de idade. Os adolescentes e os adultos jovens costumam contrair mononucleose infecciosa pelo beijo ou contato íntimo com alguém já infectado.
No geral, a pessoa com mononucleose está recuperada em poucas semanas. Porém uma pequena proporção de doentes necessita de meses para ficar curada.
Na consulta médica
Quais médicos tratam a mononucleose?
Um clínico geral provavelmente conseguirá fazer o diagnóstico de mononucleose, podendo também ser um infectologista ou pediatra, no caso das crianças.
Buscando ajuda médica
Se você estiver sentir qualquer um dos sintomas listados, procure um médico. Caso descanso e uma dieta saudável não aliviem os sintomas dentro de uma semana ou cessarem e depois voltarem, marque uma consulta médica.
Tratamento
Não há tratamento específico disponível para mononucleose. O tratamento envolve principalmente repouso e beber muitos líquidos. Pessoas que tiveram mononucleose uma vez desenvolvem anticorpos para a doença, não podendo contraí-la novamente.
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Remédios para mononucleose
Os corticosteroides são os medicamentos recomendados para aliviar alguns de seus sintomas, como inchaço da garganta e amígdalas. Além disso, o tratamento da mononucleose pode envolver medicamentos para infecções secundárias.
Ocasionalmente, uma infecção estreptocócica acompanha a dor de garganta da mononucleose. Você também pode desenvolver uma sinusite aguda ou uma amigdalite. Se assim for, pode ser necessário o tratamento com antibióticos para essas infecções bacterianas que o acompanham.
Mas cuidado: amoxicilina e outros derivados de penicilina não são recomendados para pessoas com mononucleose. Na verdade, algumas pessoas com mononucleose que tomam um destes medicamentos podem desenvolver uma erupção cutânea.
A erupção, no entanto, não significa necessariamente que eles são alérgicos ao medicamento. Se necessário, outros medicamentos estão disponíveis para tratar infecções que podem acompanhar a mononucleose.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de mononucleose (Doença do Beijo ou Febre do Beijo) são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A mononucleose tem cura e normalmente desaparece dentro de algumas semanas, mas em alguns casos pode levar meses para sarar. Pessoas que tiveram mononucleose uma vez desenvolvem anticorpos para a doença, não podendo contraí-la novamente.
Prevenção
A mononucleose é transmitida através da saliva. Se você está infectado, pode ajudar a prevenir a propagação do vírus para outras pessoas:
- Evite beijar o parceiro ou parceira
- Não compartilhe alimentos, pratos, copos e outros utensílios por até vários dias após cessar os sintomas
O vírus Epstein-Barr pode persistir em sua saliva durante meses após a infecção. E lembre-se: não existe vacina para prevenir a mononucleose.
Convivendo (Prognóstico)
Os sintomas da mononucleose podem ser aliviados a partir de alguns cuidados diários, como:
- Beba muita água e sucos de frutas: fluidos ajudam a aliviar a febre e dor de garganta, além de evitar a desidratação
- Tome um analgésico para dor, como paracetamol ou aspirina
- Tenha cuidado ao dar aspirina para crianças ou adolescentes, uma vez que ela tem sido associada à síndrome de Reye, uma doença rara, mas potencialmente fatal em crianças que acabaram de ser tratadas para infecções como catapora e gripe
- Gargarejo com água salgada: faça isso várias vezes ao dia para aliviar a dor de garganta. Misture 1/2 colher de chá de sal em um copo de água morna
Quando os sintomas de mononucleose desaparecem?
A maioria dos sinais e sintomas da mononucleose desaparecem dentro de algumas semanas, mas pode ser que leve de dois a três meses para você se sentir completamente normal. Quanto mais cedo você começa a descansar, mais cedo você se recupera. Retornar às suas atividades cedo demais pode aumentar o risco de uma recaída.
Cuidados com o baço durante o tratamento de mononucleose
Para evitar o risco de complicações no baço, espere pelo menos um mês antes de retornar a atividades vigorosas, como esportes de contato. A ruptura do baço resulta em hemorragias graves e é uma emergência médica. Pergunte ao médico quando é seguro para que você possa retomar o seu nível normal de atividade.
Complicações possíveis
O vírus Epstein-Barr tem sido relacionado com o linfoma de Burkitt, um tipo de câncer que aparece principalmente na África tropical. Também pode influir no desenvolvimento de certos tumores dos linfócitos B, que afetam as pessoas imunodeprimidas (como as submetidas a transplantes de órgãos ou soropositivas) e em alguns tipos de câncer de nariz ou garganta.
Apesar de não se saber qual papel o vírus desempenha nestes casos, pensa-se que partes específicas do material genético deste alteram o ciclo de crescimento das células infectadas. Outras complicações da mononucleose incluem:
- Aumento do baço (esplenomegalia) e, em casos mais graves, rompimento do órgão, necessitando de cirurgia
- Hepatite
- Icterícia
Complicações raras da mononucleose
A mononucleose também pode resultar levar a complicações menos comuns:
- Anemia
- Trombocitopenia
- Miocardite
- Complicações que envolvem o sistema nervoso, como meningite, encefalite e Síndrome de Guillain-Barret
- Amígdalas inchadas, que podem bloquear a respiração
Referências
Revisado por: Marcelo Mendonça, Infectologista do laboratório Atalaia, em Goiânia (GO)
Ministério da Saúde
Organização Mundial da Saúde (OMS)