Médica neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia
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A cantora Céline Dion anunciou, nesta quinta-feira (8), que foi diagnosticada com uma doença neurológica rara chamada Síndrome da Pessoa Rígida, que pode causar espasmos e rigidez muscular. A dona da voz por trás de “My Heart Will Go On”, da trilha sonora de Titanic, precisou adiar a turnê que faria pela Europa em 2023 para o ano seguinte.
“Infelizmente, isso afeta todos os aspectos da minha rotina, às vezes causando dificuldade quando eu caminho e me impedindo de usar minhas cordas vocais para cantar como eu sempre canto”, desabafou a canadense em um vídeo publicado em suas redes sociais. “Tem sido muito difícil encarar esses desafios e falar sobre tudo que tenho passado”, afirmou.
O que é Síndrome da Pessoa Rígida e quais são as causas?
A Síndrome da Pessoa Rígida é uma doença neurológica rara que afeta o sistema nervoso central e os músculos. “A síndrome da pessoa rígida é uma doença neurológica do movimento de causa autoimune, ou seja, é uma condição em que o sistema imunológico ataca estruturas saudáveis do sistema nervoso. Muitas pessoas com essa doença produzem anticorpos que atacam uma enzima chamada GAD (Glutamato descarboxilase)”, explica Inara Taís de Almeida, neurologista e membro titular da Academia Brasileira de Neurologia.
A síndrome possui ligação com outras doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, tiroidite, vitiligo e anemia perniciosa.
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Como diagnosticar e tratar a síndrome?
O diagnóstico da Síndrome da Pessoa Rígida é feito através dos sintomas e de exames complementares, como dosagem de anticorpos, eletromiografia, um exame que mede a resposta muscular à estimulação nervosa, e o exame do líquido cefalorraquidiano.
Segundo Inara, o primeiro sintoma da doença é o enrijecimento dos músculos do tronco e, ao longo do tempo, o paciente passa a apresentar rigidez nas pernas e em outros músculos. “Também é comum a presença de espasmos musculares dolorosos. Esses espasmos podem ocorrer aleatoriamente ou podem ser desencadeados por ruído, estresse emocional e toque físico leve”, afirma a neurologista.
O tratamento é feito com medicamentos, como o Diazepam, que ajuda a aliviar a rigidez muscular. O tratamento feito com imunoglobulina intravenosa (IgIV) também é uma opção. Nele, anticorpos extraídos de sangue de doadores são injetados na veia do paciente.
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A síndrome da pessoa rígida não tem cura e, com o tempo, a doença pode levar a uma postura alterada e, em casos graves, à limitação da capacidade de andar ou de se mover. “O tratamento é baseado no controle dos sintomas para melhorar a mobilidade e o conforto. Além disso, podem ser usadas algumas terapias para regular o sistema imunológico”, explica Inara.