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Nos últimos dias, um vídeo circulou na internet divulgando um vape, um tipo de dispositivo eletrônico para fumar (DEF), feito com vitaminas. A propaganda é de um dispositivo chamado Iz Pod que, supostamente, promete aumentar a disposição e a performance durante a atividade física.
De acordo com o vídeo, divulgado nas redes sociais por um perfil chamado “Iz Health Pod”, o vape é feito de um concentrado vitamínico sem nicotina e a absorção de nutrientes é feita pela mucosa a partir da inalação do vapor. “Aqui está o segredo para manter a alta performance no dia a dia. Com o ‘Power’, você garante a energia necessária para realizar as mais variadas tarefas, sem danos à saúde e com sabor de hortelã cítrica que deixa ainda mais gostoso”, diz a propaganda.
Ao fazer uma pesquisa na internet sobre o produto, é possível encontrar diferentes tipos de Iz Pod para diversos objetivos: rejuvenescimento, suporte imunológico, relaxamento, melhora do sono, foco e energia. O “Power”, citado na propaganda, entra na última categoria, contendo vitamina B12, vitamina B6, L-teanina, L-lisina e taurina.
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Diante da repercussão do caso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou um comunicado ressaltando que não existe autorização no Brasil para quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar, sendo proibida a comercialização, a importação e a propaganda desses produtos, independente da composição e da finalidade. Portanto, o “vape com vitaminas” também está proibido de ser comercializado e divulgado.
“A Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 46/2009, que proíbe os dispositivos eletrônicos para fumar, é aplicável a quaisquer acessórios e refis destinados ao uso em qualquer dispositivo eletrônico para fumar”, afirma a nota da Anvisa. “Em relação aos suplementos alimentares, a regra não é diferente. A apresentação de vitaminas e outros alimentos oferecidos na forma de dispositivos eletrônicos para fumar é proibida, considerando que o próprio dispositivo não é permitido e que suplementos alimentares são produtos de ingestão oral”, completa.
Riscos dos dispositivos eletrônicos para fumar
Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), popularmente conhecidos como cigarros eletrônicos ou vapes, são proibidos pela Anvisa desde 2009, mas seguem sendo vendidos de forma ilegal no Brasil. Tratam-se de dispositivos formados, em sua maioria, por bateria recarregável de lítio e um cartucho ou refil que contém nicotina líquida.
A proibição no Brasil é embasada em estudos científicos que já mostraram que o uso de cigarros eletrônicos pode aumentar o risco de tabagismo e de dependência, além de causar danos cardiovasculares, pulmonares e neurológicos. Além disso, um estudo realizado na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, descobriu que as concentrações de toxinas em vapes com sabor são maiores do que as recomendadas, aumentando o risco de intoxicação de órgãos.
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Mesmo os dispositivos que não contêm nicotina, como é o caso do Iz Pod, podem trazer riscos à saúde. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o vapor de cigarros eletrônicos contém aromatizantes e inúmeros outros aditivos, incluindo substâncias tóxicas, carcinogênicas e que podem causar uma série de doenças, como enfisema pulmonar, dermatite, pneumonia e asma.
Também já foi criado, pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), um nome específico para uma doença pulmonar ligada ao uso de cigarro eletrônico, chamada Evali. O termo é uma abreviação em inglês para “lesão pulmonar associada ao uso de produtos como cigarro eletrônico ou vaping”.
A Evali inclui sintomas como dificuldade para respirar, dor no peito, febre, náusea, diarreia, tosse, dor abdominal, calafrio e perda de peso. Seu tratamento ainda está sendo estudado por pesquisadores. De forma geral, é recomendada a suspensão do uso de cigarro eletrônico, podendo haver o acompanhamento de medicamentos antivirais.