Marianne Fazzi é nutricionista formada pela Universidade Paulista (UNIP) e há 10 anos atua em consultório de emagrecimen...
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Consumir diariamente azeite de oliva pode reduzir o risco de morrer por Alzheimer, indica um novo estudo divulgado pela Sociedade Americana de Nutrição. De acordo com os achados, as chances de desenvolver demência podem cair em até 28%. O trabalho reforça que um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, pode ajudar a prevenir ou a retardar o declínio cognitivo.
“Nosso estudo reforça as diretrizes dietéticas que recomendam óleos vegetais, como o azeite, e sugere que essas recomendações não apenas apóiam a saúde do coração, mas também potencialmente a saúde do cérebro”, disse Anne-Julie Tessier, PhD na Escola Chan de Saúde Pública da Harvard. “Optar por azeite, um produto natural, em vez de gorduras como margarina e maionese comercial é uma escolha segura e pode reduzir o risco de demência fatal.”
A demência é um conjunto de condições que afetam o pensamento ou a memória, influenciando também nas atividades diárias. O Alzheimer, uma doença progressiva e fatal, é um dos tipos mais comuns de demência e atinge cerca de 1,2 milhão de pessoas no Brasil. Costuma atingir, principalmente, idosos entre os 65 e 85 anos de idade.
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O estudo é o primeiro a investigar a relação entre dieta e morte relacionada à demência. Para realizar a pesquisa, os cientistas analisaram questionários dietéticos e registros de óbito coletados de mais de 90 mil estadunidenses ao longo de 30 anos. Ao longo desse período, 4.749 participantes morreram de demência.
Os resultados do trabalho sugerem que as pessoas que consumiam mais de meia colher de sopa de azeite de oliva por dia tinham um risco 28% menor de morrer de demência em comparação com aquelas que nunca ou raramente consumiam azeite. Outra observação é que substituir apenas uma colher de chá de margarina e maionese pela quantidade equivalente de azeite por dia está relacionado a um risco de 8% a 14% menos de morrer de demência.
“Alguns compostos antioxidantes no azeite podem atravessar a barreira hematoencefálica, potencialmente tendo um efeito direto no cérebro”, disse Tessier. “Também é possível que o azeite tenha um efeito indireto na saúde do cérebro, beneficiando a saúde cardiovascular”.
Porém, a autora do estudo ressalta que a pesquisa é observacional e não prova que o azeite é a causa da redução do risco de demência fatal. Estudos adicionais são necessários para confirmar os efeitos e determinar a quantidade ideal de azeite a ser consumida para ter esses benefícios.
Benefícios do azeite de oliva para o cérebro
De acordo com a nutricionista Marianne Fazzi, da clínica Trivita, o azeite de oliva é rico em antioxidantes, como polifenóis e vitamina E, que ajudam a combater os radicais livres no cérebro. “Eles podem causar danos oxidativos às células cerebrais e os antioxidantes ajudam a proteger o cérebro contra esse estresse oxidativo”, explica.
Além disso, o azeite também possui uma quantidade interessante de ômega 3, um componente importante para a saúde cerebral. “Os ácidos graxos ômega 3 estão associados a um melhor funcionamento cerebral e à redução do risco de doenças neurodegenerativas”, completa a nutricionista.
O azeite de oliva conta, ainda, com compostos anti-inflamatórios, como o oleocantal, que podem ajudar a reduzir a inflamação no cérebro. Entre outros benefícios do azeite que Marianne cita estão:
- Melhora a função vascular, promovendo melhor circulação sanguínea no cérebro
- Protege contra doenças neurodegenerativas, como já foi sugerido por outros estudos epidemiológicos
- Ajuda na absorção de nutrientes lipossolúveis, como as vitaminas A, D, E e K, importantes para a saúde do cérebro
“Vale ressaltar que os benefícios para o cérebro podem ser obtidos como parte de uma dieta geralmente saudável e equilibrada, em que o azeite é apenas um dos componentes”, enfatiza a nutricionista. “Além disso, é recomendado consumir o azeite na sua forma mais pura e minimamente processada, como o azeite extravirgem, para aproveitar ao máximo seus benefícios à saúde”, acrescenta.
Quais outros alimentos também ajudam na prevenção do Alzheimer?
O azeite de oliva não é o único alimento que pode ajudar na prevenção do Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas. Estudos anteriores já mostraram que há uma variedade de alimentos que podem ajudar a prevenir ou a retardar o declínio cognitivo, com benefícios importantes para a proteção do cérebro.
Uma das dietas mais conhecidas nesse sentido é a MIND, uma combinação da dieta mediterrânea com a dieta DASH. O método ganhou visibilidade após ser apresentado na revista científica Alzheimer & Dementia: The Journal of the Alzheimer's, em 2015. De acordo com o estudo, essa dieta baixou em 53% o risco de desenvolver a doença de Alzheimer em participantes que aderiram ao método rigorosamente.
“Nessa dieta, é estimulado o consumo de compostos ativos, como os flavonoides, antioxidantes presentes em alimentos vermelhos e roxos. É o caso de mirtilos, morangos, grãos integrais, nozes, chá verde e o azeite de oliva, entre outros”, esclarece Marianne.
Entre os benefícios já observados da MIND estão a proteção contra acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão, ataque cardíaco, demência senil e outros quadros neurodegenerativos.
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A dieta mediterrânea também é interessante para a saúde do cérebro e consiste no consumo de alimentos como frutas, verduras, legumes, leguminosas, peixes, laticínios e “gorduras boas”, presentes no azeite, em oleaginosas, sementes e nos pescados também. Ela é boa para o cérebro por conter ômega 3, que protege contra o envelhecimento, e antioxidantes, que combatem o estresse oxidativo.
Os alimentos presentes na dieta mediterrânea também são ricos em vitaminas do complexo B, que são importantes para o sistema nervoso, e vitamina E, que também é um antioxidante. Por fim, também estão presentes os polifenóis, que têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, e as fibras, que ajudam a reduzir o risco de doenças cardiovasculares.