Graduado em Medicina pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Botucatu no ano de 2004, fez residência médica de Cl...
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta segunda-feira (25) um novo medicamento à base de tirzepatida para tratar o diabetes tipo 2. O remédio, chamado Monjauro e lançado pela farmacêutica Eli Lilly, é de uso semanal e ajuda a controlar a taxa de açúcar no sangue em pacientes adultos.
A tirzepatida é uma molécula que ativa dois receptores relacionados a dois hormônios: ao GLP-1 (peptídeo 1 semelhante ao glucagon) e análogo ao GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Esses hormônios atuam no sistema digestivo e quando seus receptores são ativados, há a liberação de insulina, um outro hormônio produzido pelo pâncreas que é responsável por retirar o açúcar da circulação sanguínea e inseri-lo nas células, onde será usado como fonte de energia.
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A principal diferença entre a tirzepatida e as outras substâncias presentes em medicamentos para diabetes já disponíveis (como a semaglutida e a liraglutida) é que esses remédios simulam apenas o GLP-1. Já a tirzepatida imita os dois hormônios, tanto o GLP-1 quanto o GIP.
“Com isso, ela promove aumento da saciedade, redução da fome, retardamento do esvaziamento gástrico e produção de insulina quando a glicemia está elevada”, explicou André Camara de Oliveira, endocrinologista e diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), em matéria publicada anteriormente no MinhaVida.
Após a aprovação pela Anvisa, o novo medicamento passará pelo processo de precificação junto à CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) e só depois dessa etapa que estará disponível nas farmácias.
Eficácia da tirzepatida para diabetes tipo 2
A aprovação pela Anvisa foi baseada em um conjunto de estudos clínicos de fase 3, que faziam parte do programa SURPRASS. Os resultados mostraram a eficácia da tirzepatida para reduzir a taxa de açúcar no sangue e para perda de peso em pacientes com diabetes tipo 2.
Para os estudos, foram recrutados mais de 19 mil pacientes com diabetes tipo 2 em todo o mundo, incluindo o Brasil. Por aqui, foram 1.500 participantes, com mais 50 médicos investigadores envolvidos, em 65 centros de estudo de 24 cidades.
Os resultados dos estudos foram apresentados no American Diabetes Association 2022 e mostraram que 51% dos pacientes que utilizaram o medicamento à base de 15 mg tirzepatida alcançaram níveis de glicose no sangue inferiores a 5,7%, índice encontrado em pessoas sem diabetes.
Antes de receberem a substância, os pacientes do estudo tinham taxa de açúcar no sangue em 8,28%. Em comparação, apenas 20% daqueles que utilizaram semaglutida no mesmo estudo atingiram esse mesmo resultado.
Além disso, 92% dos pacientes que usaram tirzepatida alcançaram níveis menores de 7% de índice glicêmico, valor recomendado pelas diretrizes médicas para o controle adequado da doença em pacientes com diabetes tipo 2. Para somar, os pacientes que utilizaram tirzepatida perderam 12,4 kg de peso corporal, o dobro da perda de peso apresentada por semaglutida.
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De maneira geral, o perfil de segurança do medicamento à base de tirzepatida foi semelhante à classe de agonistas do receptor de GLP-1, como a semaglutida. Isso significa que ele é tão seguro quanto outros medicamentos já disponíveis para o tratamento do diabetes tipo 1. Além disso, os eventos adversos mais comuns foram vômitos e ânsia. Porém, ainda não está claro quais podem ser os efeitos de longo prazo do novo remédio.