Médica graduada pela Universidade Federal do Rio Grande e especializada em endocrinologia pela Santa Casa de São Paulo e...
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na terça-feira (26) o uso do medicamento injetável Wegov para o tratamento de sobrepeso e obesidade em adolescentes a partir de 12 anos. A agência já havia aprovado a droga, feita à base de semaglutida 2,4 mg, para esse uso em adultos, em janeiro deste ano, e agora liberou para a faixa etária mais nova.
O medicamento é da Novo Nordisk e é feito do mesmo composto que o Ozempic, indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, mas em dosagem menor (1 mg). A semaglutida 2,4 mg promove benefícios para a redução de peso por aumentar a saciedade e reduzir o apetite. Por isso, nessa dosagem maior, é indicada também para sobrepeso e obesidade. Vale lembrar que o Ozempic não é recomendado para a perda de peso.
A segurança e a eficácia da semaglutida 2,4 mg em adolescentes são apoiadas por dados do estudo STEP TEENS. Nele, 201 adolescentes receberam o medicamento ou placebo uma vez por semana durante 68 semanas, além de intervenção no estilo de vida. Segundo os resultados, o remédio reduziu em até 16,1% o peso médio dos participantes.
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Apesar de estar aprovado desde janeiro, o remédio ainda não está disponível para comercialização no Brasil. A previsão é que o medicamento seja disponibilizado nas farmácias a partir de janeiro de 2024, em preços que podem chegar a cerca de R$ 2,5 mil a caixa. Também não há disponibilidade no Sistema Único de Saúde (SUS), até o momento.
Obesidade em adolescentes: quais são os riscos?
Segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2022, a projeção é de que 15,7% das crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos no Brasil terão obesidade em 2035. Além disso, os dados atuais mostram que cerca de 12,5% das meninas do país são obesas, enquanto esse percentual é de 18% para os meninos.
Entre as causas da obesidade na adolescência estão fatores genéticos, características do metabolismo (como maior dificuldade para perder peso), sedentarismo e dieta pouco nutricional e rica em calorias, além de doenças endocrinológicas, síndromes genéticas e história familiar (filhos de, pelo menos, um pai obeso têm 40% de probabilidade de desenvolver obesidade, em comparação com filhos de pais não obesos, cujo percentual é de 9%).
“A obesidade na adolescência pode trazer graves problemas físicos e emocionais, tanto na adolescência como na vida adulta”, afirma Renata Marques, endocrinologista e diretora de Governança Clínica da Care Plus. “Adolescentes obesos podem desenvolver doenças crônicas como hipertensão arterial sistêmica, diabetes tipo 2, elevação do colesterol, doenças hepáticas e biliares, doenças ortopédicas, além de interferir no desenvolvimento adequado da massa óssea”, completa a especialista.
Além das consequências físicas e metabólicas, também há complicações na saúde emocional. De acordo com Renata, adolescentes obesos também podem apresentar maior risco de desenvolver problemas psicológicos, como baixa autoestima, depressão e ansiedade, provocando, em alguns casos, o isolamento social.
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O sobrepeso e a obesidade também podem trazer consequências já na vida adulta. “Há um reflexo dos efeitos da obesidade durante a adolescência através de um risco aumentado de mortalidade, especialmente por doenças cardiovasculares”, afirma Renata.