Médica oncologista clínica graduada pela Universidade Gama Filho (UGF), é docente da graduação de medicina da Universida...
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Apesar do aumento progressivo de casos de câncer no Brasil, com estimativa de mais 704 mil novos casos entre 2023 e 2025 segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), ainda existem muitas dúvidas relacionadas à doença, principalmente quando se trata do seu fator de hereditariedade. Afinal, todos os tipos de câncer são considerados hereditários?
Para explicar esse e outros questionamentos comuns sobre a doença, o MinhaVida conversou com a oncologista Sabrina Chagas e com a designer Giulianna Nardini, ex-paciente diagnosticada com um tipo raro de câncer de mama quando tinha apenas 21 anos.
O bate-papo foi feito em parceria com a MSD Brasil, responsável pela iniciativa Saúde Sem Segredo, que tem como objetivo falar sobre doenças de forma sensível e didática. A seguir, confira as principais perguntas e respostas que aconteceram durante a transmissão:
MinhaVida: O que caracteriza um câncer hereditário?
Sabrina Chagas: É muito comum um paciente me perguntar: “Doutora, ninguém da minha família teve câncer, como é que eu tenho?”. Bom, o primeiro ponto que precisamos entender é: existem as doenças hereditárias e as doenças genéticas. Todo câncer é genético, mas nem todo câncer é hereditário.
Doenças hereditárias são aquelas que passam de mãe para filho, por gerações. Já as doenças genéticas surgem após alguma mutação no DNA. Há vários fatores que podem causar essa alteração, como tabagismo, hábitos de vida ruins e alguns vírus, como HPV. [...] Mas vale lembrar que só 10% de todos os cânceres são hereditários; a grande maioria não é.
MinhaVida: Quais são os principais cânceres hereditários que existem?
Sabrina Chagas: Entre as mulheres, os principais cânceres hereditários são o de mama e o de ovário. Nos homens, o principal é o câncer de próstata - mas, nesse caso, é importante ter muito cuidado, já que o câncer de próstata é a doença mais incidente entre os homens, e não só por um fator de hereditariedade. Sabemos que quanto mais velho o homem fica, mais chances ele tem de desenvolver câncer de próstata e de pâncreas. Agora, nos dois sexos, o mais comum é o câncer melanoma, um tipo de câncer de pele.
MinhaVida: O tratamento e o acompanhamento de pessoas com câncer hereditário são diferentes dos de pessoas com câncer esporádico?
Sabrina Chagas: Para câncer de intestino e de próstata, por exemplo, não muda muito. Mas para o câncer de mama muda, principalmente a abordagem cirúrgica, pois também há a preocupação com a outra mama e com os ovários. Então, nesse caso, dependendo da idade e se a paciente já teve filhos, pode ter indicação cirúrgica ou não. Além disso, existem alguns tratamentos que, dependendo do estágio da doença, precisam ser diferentes para quem tem mutação na família. Então, sim: dependendo da mutação e do tipo de câncer, o tratamento pode ser diferente.
MinhaVida: A mesma mutação genética pode dar origem a diferentes tipos de câncer?
Sabrina Chagas: Sim. Sabemos que o [gene] BRCA tem relação com o desenvolvimento do câncer de mama e de ovário, mas também com o de próstata e, eventualmente, com o de pâncreas. Existem também algumas síndromes que podem provocar alterações genéticas que afetam mais de um órgão, com manifestações cancerígenas ou não. Às vezes, a mutação se manifesta através de manchas na pele ou pólipos intestinais, por exemplo. Resumindo: a mesma mutação pode, sim, causar diferentes sintomas e doenças.
MinhaVida: Qual foi a importância da sua família no período de descoberta da doença, durante o tratamento e agora, nesse momento de cura?
Giulianna Nardini: Eles foram fundamentais. Acho que eu não estaria aqui hoje se não fosse pelo esforço dos meus pais, da minha irmã e de quem estava comigo o tempo todo, ficando em casa, me acompanhando no médico, etc. Nesse processo, é muito importante [a família] estar presente. Outra coisa extremamente essencial é lembrar que, apesar do câncer, somos uma pessoa. Eu continuei fazendo faculdade, gostava de conversar sobre outros assuntos, sobre a série que eu estava assistindo... Às vezes, eu não queria falar sobre o tratamento. Então, eles foram muito importantes para me trazer para o mundo real, não só para o mundo oncológico.
MinhaVida: Para você, Giulianna, por que é importante conscientizar sobre o câncer?
Giulianna Nardini: O principal, o que me fez começar a falar sobre isso nas redes sociais, foi que se eu soubesse que aquela dor poderia ser câncer, que existia a possibilidade de eu ter câncer de mama tão nova, eu poderia ter descoberto a doença antes, e o tratamento teria sido muito mais simples, com menos dor e menos nervoso. Então, eu me coloquei nesse lugar de: “Eu tive [câncer], então o que eu vou fazer pelas outras pessoas?”.
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