Graduado em Medicina pela FMABC EM 1999. Residência médica em Cirurgia do Aparelho Digestivo pela Real e Benemérita Soci...
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Ondas de calor estão se tornando comuns no Brasil e no mundo. Consequência das mudanças climáticas e do fenômeno El Niño intensificado, as altas temperaturas podem afetar a saúde, incluindo o trato gastrointestinal: há um maior risco de intoxicação alimentar no calor.
“O excesso de calor faz com que a proliferação das bactérias aumente e seja mais rápida. Por isso, os alimentos devem ser conservados em um ambiente frio, mantendo a refrigeração e diminuindo o risco de contaminação”, alerta Eduardo Grecco, gastrocirurgião e endoscopista do Instituto EndoVitta.
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Até dezembro de 2023, o Brasil recebeu nove ondas de calor, com destaque para o período entre 8 e 19 de novembro, em que a cidade de Araçuaí, em Minas Gerais, registrou a maior temperatura da história do país, segundo o Instituto de Meteorologia (Inmet): 44,8 ºC.
Segundo John Nairn, especialista da Organização Meteorológica Mundial (OMM), em entrevista à AFP (Agence France-Presse), as ondas de calor se tornarão cada vez mais frequentes e intensas.
Como prevenir a intoxicação alimentar no calor?
Diante desse cenário - e com a aproximação do verão - é fundamental saber como prevenir a intoxicação alimentar. Como orientado por Eduardo Grecco, um dos passos principais é manter a comida bem refrigerada.
Se você costuma comer fora de casa e leva marmita, por exemplo, uma dica é utilizar lancheiras térmicas com gelo, para deixar a comida sempre fresca. Ou, então, se possível, guardá-la em um refrigerador até a hora da sua refeição.
Já quem come em restaurantes, é preciso ter atenção a alguns detalhes: “É importante não consumir alimentos com aparência ruim, principalmente ovos, carne crua e legumes”, alerta Eduardo.
Em casa, mais cuidados são importantes. “O leite deve ser fervido ou pasteurizado. Todas as verduras devem ser higienizadas com água e, se possível, algumas gotinhas de hipoclorito”, continua.
Isso porque esses alimentos, quando crus ou mal higienizados, podem estar contaminados com bactérias como Shiguella e Salmonella, que podem causar gastroenterite. “Evite, também, alimentos em conserva com embalagens amassadas ou danificadas, que podem estar contaminadas pela bactéria Clostridium”, completa o especialista.
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Por fim, a orientação de praxe: lavar sempre as mãos, principalmente antes das refeições. Os utensílios de cozinha também devem estar sempre bem higienizados.
Principais sintomas de intoxicação alimentar e tratamentos
A intoxicação alimentar é caracterizada por dores abdominais, diarreia, febre, náusea e vômitos. “Esses sintomas aparecem, geralmente, em torno de seis horas. A pessoa se alimenta e o processo de digestão dos alimentos se inicia após três horas. Então, começa o mal-estar e o desconforto”, explica Eduardo.
O tratamento para casos leves inclui a hidratação e o repouso. “A água é a nossa melhor amiga. Beba de oito a dez copos por dia e tenha uma alimentação balanceada, alimentando-se a cada três horas”, orienta.
Já em casos mais graves, o médico pode receitar antibióticos. Além disso, a alimentação durante o tratamento deve ser a mais leve possível, priorizando carboidratos, frutas, legumes e proteínas com pouca gordura, como frango. “É preciso evitar carnes mal passadas e condimentos”, finaliza o especialista.