Dr Ronan Araujo é médico, especializado em nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), membro efetivo d...
iRedatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iO que é Intoxicação alimentar?
A intoxicação alimentar é uma doença causada pela ingestão de alimentos que contêm organismos prejudiciais ao corpo, como bactérias, parasitas e vírus. Esses organismos podem ser encontrados em qualquer tipo de alimento, mas principalmente em carnes cruas, frangos, peixes e ovos, causando náusea, vômitos e diarreia.
Na maioria das vezes, a intoxicação alimentar é suave e desaparece após alguns dias. Tudo o que se pode fazer é esperar o corpo se livrar do germe que está causando a doença. Mas alguns tipos de intoxicação alimentar podem ser mais sérios — nesses casos, é importante buscar ajuda médica.
Causas
Os motivos mais comuns de contaminação dos alimentos são:
- Durante o processamento: é normal encontrar bactérias nos intestinos de animais sadios que usamos como alimento. Se as bactérias entram em contato com carne ou aves durante o processamento, os alimentos ficam contaminados. Alguns exemplos de agentes que podem infectar um alimento são Campylobacter, Salmonella e E. coli
- Durante o crescimento do alimento: frutas e vegetais frescos podem ser contaminados se forem lavados ou irrigados com água contaminada por dejetos de animais ou esgoto humano. É muito comum a transmissão de bactérias como o E. coli em água contaminada com fezes
- Durante a manipulação de alimentos: os alimentos podem ser contaminados quando uma pessoa infectada toca a comida ou quanto o alimento entra em contato com alguma coisa contaminada. Se você usar a mesma tábua de corte para legumes e preparar a carne crua, por exemplo, o risco de contaminar os vegetais é grande. Caso você não higienize as mãos antes de cortar ou manipular um alimento, também corre mais risco de contaminação
- Através do meio ambiente: muitos organismos prejudiciais comumente encontrados na sujeira, poeira e água podem cruzar o caminho dos alimentos. Condições ambientais, tais como a água poluída, podem tornar este tipo de infecção mais frequente. Alimentos enlatados que não foram preparados adequadamente também podem conter organismos invasores
Leia também: Como evitar o contágio com vírus e bactérias nos alimentos
Sintomas
Sintomas de intoxicação alimentar
Os sintomas da intoxicação alimentar geralmente afetam estômago e intestinos, sendo que o sinal mais comum é a diarreia. Outros sintomas incluem:
- Náusea
- Vômitos
- Diarreia aquosa
- Dor abdominal e cólicas
- Febre
Esses sintomas podem começar dentro de horas após a ingestão do alimento contaminado, mas podem demorar dias ou até mesmo semanas em alguns casos. A intoxicação alimentar geralmente dura de um a 10 dias. Tudo depende do organismo que te infectou e quais as suas condições de saúde no geral.
Saiba mais: Como evitar e combater a diarreia no verão
Seus sintomas podem durar mais tempo e até mesmo os tipos de intoxicação alimentar tipicamente leves podem ser fatais. Isso também pode acontecer com mulheres grávidas e pessoas que sofrem comprometimento do sistema imune.
Nem toda intoxicação alimentar provoca cólicas, diarreia, náuseas e vômitos. Alguns tipos de intoxicação alimentar têm sintomas diferentes ou mais graves, que podem incluir fraqueza, dormência, confusão ou formigamento na face, mãos e pés.
Você também pode ter sido contaminado por um desses organismos de outras formas que não alimentos ou bebidas. No entanto, eles também causarão sintomas gastrointestinais, como diarreia e vômitos.
Diagnóstico
O diagnóstico de intoxicação alimentar é feito a partir dos seguintes exames:
- Exame de fezes: ele pode ser pedido se os sintomas forem graves ou se o diagnóstico é incerto
- Exames de sangue: eles podem ajudar a descobrir o organismo causador da intoxicação alimentar ou serem usados para descartar outras causas
- Se você está grávida ou tem um sistema imunológico comprometido e pode ter tido exposição à toxoplasmose, pode ser necessário um teste de toxoplasmose
No geral, a intoxicação alimentar é leve e passa em poucos dias, por isso a maioria das pessoas não vai a um médico para obter diagnóstico. Muitas vezes é possível diagnosticar intoxicação alimentar observando outras pessoas que comeram a mesma coisa que você e que também passaram mal.
Buscando ajuda médica
Se você sentir qualquer um dos seguintes sintomas, procure atendimento médico imediatamente:
- Episódios frequentes de vômitos que interferem com a sua capacidade de manter líquidos no estômago
- Vômitos de sangue
- Diarreia grave por mais de três dias
- Sangue nas fezes
- Extrema dor ou cólicas abdominais severas
- Febre acima de 38°C
- Desidratação (sede excessiva, boca seca, pouca ou nenhuma micção, fraqueza severa, tonturas ou vertigens)
- Dificuldade em falar
- Dificuldade para engolir
- Visão dupla
- Fraqueza muscular que progride
Se você suspeitar de intoxicação alimentar, também é possível entrar em contato com o departamento de saúde local. O relatório pode ajudar o departamento de saúde a identificar um surto potencial e pode ajudar a evitar que outras pessoas fiquem doentes.
A Anvisa criou o Disque-Intoxicação, meio pelo qual os profissionais de saúde obtêm informações sobre tratamentos, além de o público em geral tirar dúvidas gratuitamente. Discando o número 0800-722-6001, a ligação é transferida para o Centro de Informação e Assistência Toxicológica mais próximo de você.
Tratamento
Tratamento de intoxicação alimentar
O tratamento para intoxicação alimentar depende da origem da doença, se conhecida, e da gravidade dos seus sintomas. Para a maioria das pessoas, a doença se resolve sem tratamento dentro de poucos dias, embora alguns tipos de intoxicação alimentar possam durar uma semana ou mais.
Para alguns casos, o tratamento da intoxicação alimentar inclui:
- Reposição de líquidos perdidos na diarreia ou vômito por via intravenosa no hospital. Hidratação intravenosa fornece ao corpo água e nutrientes essenciais muito mais rapidamente do que as soluções orais
- O médico pode prescrever antibióticos se você tiver uma intoxicação alimentar bacteriana e se os seus sintomas são graves. Alguns tipos de intoxicação alimentar bacteriana podem requerer tratamento no hospital, com antibiótico por via intravenosa. Durante a gravidez, o tratamento imediato com antibióticos reduz o risco do bebê ser contaminado
O que é bom para intoxicação alimentar?
Nos casos de intoxicação alimentar, é importante garantir uma alimentação sem resíduos, além de uma boa hidratação. A inclusão de alguns alimentos da rotina alimentar pode ajudar, tais como:
- Chás de ervas, como camomila, erva-doce e erva-cidreira
- Leite vegetal de soja ou leite sem lactose
- Água de coco
- Sucos de frutas naturais coados ou industrializados, como caju, goiaba, maçã e pêssego
- Sucos à base de soja das frutas permitidas
- Iogurtes à base de soja
- Vitamina de frutas feita à base de suco ou leite de soja ou leite sem lactose
- Frutas cozidas ou cruas sem casca e sementes, como caju, maçã, banana maçã e goiaba
- Biscoito água e sal, biscoito de água, biscoito cream cracker, biscoito de polvilho, biscoito de maisena, torrada simples, pão de forma simples, bisnaguinha, pão francês sem miolo
- Sopas de legumes, caldos de legumes, carne ou frango
- Legumes bem cozidos (sem sementes e cascas): abobrinha, abóbora, batata inglesa (com moderação), beterraba, cenoura, chuchu, mandioquinha (com moderação), tomate, vagem
- Arroz branco e macarrão bem cozidos (com molhos simples: ao sugo ou à bolonhesa)
- Carnes magras: bovina (filé mignon, lagarto, coxão mole, coxão duro, patinho e maminha), frango sem pele e peixes (sem espinhas)
- Gelatinas
- Geleias sem sementes (goiaba ou maçã)
- Picolé de frutas (exceto os que contenham leite na composição)
- Óleo vegetal em pequena quantidade para preparo das refeições
- Alho e cebola com moderação para preparo das refeições
Medicamentos
Remédio para intoxicação alimentar
Os medicamentos mais usados para o tratar uma intoxicação alimentar são:
- Amicacina
- Cefalotina
- Ciprofloxacino
- Cipro
- Doxiciclina
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Na maioria das vezes, a intoxicação alimentar é leve e passa em poucos dias. Você se recupera conforme as toxinas são liberadas do seu organismo, mas ainda é possível sentir fraqueza por vários dias após outros sintomas desaparecem.
Convivendo (Prognóstico)
Cuidados durante o tratamento de intoxicação alimentar:
- Dê um descanso ao estômago: evite comer ou beber qualquer coisa durante algumas horas, pois isso ajuda o estômago a combater o agente infeccioso com mais eficácia e evita que você sofra com novos vômitos ou diarreia
- Experimente tomar pequenos goles de água: você também pode tentar beber caldos claros e bebidas esportivas. Adultos afetados devem tentar beber pelo menos oito a 16 copos de líquido por dia, com pequenos goles frequentes. Você saberá que você está recebendo bastante líquido quando sua urina não estiver muito clara e nem muito escura
- Volte a comer aos poucos: comece por alimentos leves e fáceis de ingerir, como bolachas, gelatina, torradas, frutas e arroz. Pare de comer se as náuseas voltarem. Evite certos alimentos e substâncias até que você esteja se sentindo melhor. Estes incluem produtos lácteos, cafeína, álcool, nicotina e alimentos gordurosos ou muito temperados
- Descanse bastante: a intoxicação alimentar e a desidratação podem causar fraqueza ou cansaço. Procure se manter deitado ou sentado e não faça atividades que exijam muito esforço
Complicações possíveis
Entre as complicações de uma intoxicação alimentar, estão a desidratação severa ou infecção mais grave. Em casos raros, a intoxicação alimentar pode resultar em insuficiência renal.
A intoxicação alimentar é especialmente grave e potencialmente fatal para crianças pequenas, mulheres grávidas e seus fetos, idosos e pessoas com sistema imunológico debilitado.
Referências
Ministério de Saúde
Organização Mundial da Saúde