Terapeuta Clínica há 15 anos com abordagem cognitiva comportamental. Especialista clínica em Ansiedade, Crise de Pânico...
iAtualmente, enfrentamos o grande desafio da contemporaneidade: compreender e ser compreendido. Em uma era em que as formas de comunicação são múltiplas, se comunicar nunca foi tão complexo. A falta de tolerância para ouvir e ler mais do que duas linhas causa inclusive aumento de ansiedade.
Há uma descarga de dopamina quando se usa redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas, e é importante saber que uma conversa presencial não provoca a mesma sensação em curto prazo. Cada mensagem respondida imediatamente, curtidas e comentários em postagens provocam a sensação de prazer instantâneo, o que dificilmente será semelhante ao processo natural de uma conversa, onde requer o desconforto da presença mental e raciocínio com foco exclusivo no diálogo para conseguir responder.
Esse desconforto pode provocar fuga de situações semelhantes, ou seja, evitar relacionamentos e até fazer escolhas pelo melhor momento para tal "entrega emocional". E como fica o desconforto em não ser correspondido? Não obter do outro o comportamento que gostaríamos ou que precisássemos? É uma frustração esperar ou não obter o retorno no tempo e até conforme o esperado. A tecnologia transformou a nossa forma de percepção de tempo, o que torna insuportável não atingir o objetivo: a resposta instantânea.
Imediatismo prejudica a saúde mental
Comportamentos imediatistas prejudicam relacionamentos. Querer respostas rápidas e não recebê-las, frustra, aumenta o cortisol em decorrência do estresse e pode até mesmo provocar pressão nas relações interpessoais.
Com isso, a comunicação se torna falha, o que leva a mal-entendidos e a ruídos. Esse estresse recorrente impacta a saúde mental e pode levar à ansiedade. É crucial reconhecer esses efeitos para promover interações saudáveis e atenuar possíveis repercussões na própria saúde.
A terapia cognitivo-comportamental é um dos meios de reduzir a ansiedade na comunicação. Explorar comportamentos e emoções, identificar gatilhos, praticar a escuta ativa e estabelecer expectativas realistas é fundamental.
Fazer psicoterapia promove a autopercepção de si e a compreensão de gatilhos que as relações provocam individualmente, como a dependência emocional e prontidão em obter uma resposta imediata, a tolerância ao desconforto em aceitar respostas diferentes das próprias e até a forma de lidar com as frustrações, como a habilidade de que é preciso desenvolver melhores formas para ser compreendido.
Portanto, é função individual se esforçar para não misturar as próprias frustrações na interpretação em relação à comunicação. Respeitar o outro também é aceitar limites da disponibilidade e opinião do outro.
Leia mais: Ansiedade: o que é, como controlar uma crise e 25 sintomas