Médico Hematologista, com especialização em Transplante de Célula Tronco pela UFPR, com experiência como sub-investigado...
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Os linfócitos são células sanguíneas vitais do sistema imunológico, e pertencem a um grupo de células chamadas de leucócitos ou glóbulos brancos. Produzidas na medula óssea, eles são responsáveis por defender o organismo contra agentes invasores que podem causar infecções, como bactérias, vírus, fungos e parasitas. A quantidade de linfócitos no sangue é verificada através de um hemograma.
Contudo, como saber se os linfócitos estão altos ou baixos? A quantidade normal pode variar de acordo com a idade, sexo e estado de saúde da pessoa, mas os valores de referência de linfócitos e outros glóbulos brancos estão entre 900 a 4000/ µL em homens e mulheres. Resultados abaixo ou acima desses valores podem indicar algum problema de saúde.
O que significa linfócitos baixos no hemograma?
Os linfócitos baixos no hemograma, condição conhecida como linfopenia, podem ocorrer quando eles não estão sendo produzidos de maneira adequada pela medula óssea ou devido a uma infecção, de acordo com Jefferson Ruiz, hematologista com especialização em transplante de medula óssea e membro da Academia Paranaense de Hematologia.
Leia também: O que é linfócito típico no exame de sangue?
Para entender a causa da linfopenia, é importante destacar que ela pode ser aguda, ocorrendo brevemente durante certas doenças, ou crônica, acontecendo por períodos mais longos devido a distúrbios duradouros.
Entre algumas das possíveis causas para a redução de linfócitos no sangue, é possível destacar:
- Infecções virais, como gripe, mononucleose e COVID-19
- Quimioterapia e/ou radioterapia para câncer
- Desnutrição
- Distúrbios autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide
- Infecções crônicas, tais como a infecção pelo HIV e a tuberculose miliar
- Certos tipos de câncer, como leucemias e linfomas
Sintomas de linfócitos baixos no sangue
A linfopenia leve pode não causar nenhum sintoma. Contudo, em alguns casos, a doença responsável pela linfopenia pode manifestar sintomas, como, por exemplo:
- Tosse, coriza e febre, sugerindo uma infecção viral respiratória
- Linfonodos aumentados e baço aumentados (esplenomegalia), sugerindo uma infecção por HIV ou câncer
- Articulações inchadas e erupção cutânea, sugerindo artrite reumatoide ou lúpus
Como identificar linfócitos baixos?
A quantidade de linfócitos no sangue é verificada através de um hemograma, um procedimento feito por meio da coleta de uma pequena amostra de sangue. Normalmente, o exame é pedido para verificar o estado de saúde geral do paciente, para monitorar a evolução de tratamentos ou condições crônicas, suspeita de parasitas ou para detectar doenças autoimunes.
Quando o número de linfócitos está reduzido, Jefferson explica que é necessária uma investigação para entender a causa. O especialista pode solicitar exames na medula óssea, como uma biópsia, em que uma amostra de tecido da medula óssea é removida, ou um aspirado de medula óssea, em que uma pequena quantidade de líquido e células é retirada para exame.
"Primeiro, temos que descartar alguma causa de má produção ou má produção de linfócitos. Se a medula óssea está normal, então o linfócito está sendo produzido de forma adequada em número. A partir daqui, é preciso entender se ele está sendo consumido fora da medula óssea por alguma infecção", explica.
No caso de infecções virais, como gripe e COVID-19, o diagnóstico é feito a partir da avaliação dos sintomas e de testes capazes de detectar os vírus Influenza e SARS-CoV-2, respectivamente.
A partir de um exame de sangue, é possível detectar o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e outras infecções. O número dos tipos específicos de linfócitos (células T, células B e células NK) no sangue também pode ser determinado — isso é importante porque, em alguns casos, a diminuição de certos tipos de linfócitos pode ajudar no diagnóstico de alguns distúrbios.
Como tratar os linfócitos baixos no sangue?
A redução no número de linfócitos no sangue é, na maioria dos casos, causada por alguma alteração no organismo. Por isso, o tratamento depende da causa subjacente da condição e deve ser indicada por um especialista após o diagnóstico.
Quadros de infecções virais, como gripe e COVID-19, podem ser tratados a partir do uso de medicamentos e outras abordagens para amenizar os sintomas, além de medidas para garantir o bem-estar do paciente. Já em casos de doenças autoimunes, como lúpus, pode ser necessário o uso de remédios imunossupressores.
Não se automedique. Na suspeita de alguma condição, procure atendimento médico. E, antes de tudo, mantenha um acompanhamento periódico com o médico para a realização de exames de rotina, mesmo que você esteja se sentindo bem. Eles podem ajudar a detectar problemas de saúde em seus estágios iniciais, o que aumenta as chances de cura.
Referências
DALE, David C, MD, University of Washington. Linfocitopenia, revisado em em abril 2023. Disponível em <https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/disturbios-do-sangue/disturbios-dos-globulos-brancos/linfocitopenia> Acesso em 22 fev 2024