Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)...
Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Os estudos clínicos da chamada terapia celular CAR-T têm indicado um futuro promissor do tratamento de remissão do câncer. Conduzido em uma parceria da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto (Fundherp) com o Instituto Butantan, o procedimento utiliza a reprogramação das células do próprio paciente para combater os agentes cancerígenos. Entenda melhor.
O que é a terapia CAR-T?
A terapia CAR-T é um novo procedimento celular que vem sendo utilizado no tratamento contra o câncer. A técnica foi criada nos Estados Unidos e aprovada pelos órgãos reguladores de saúde americanos em 2017. No método, o sangue do paciente é coletado para obter as células de defesa, chamadas de linfócitos T ou células T.
“O nosso sistema de defesa é como se fosse um exército: ele vai do soldado ao general e temos vários tipos celulares envolvidos nessa resposta do sistema de defesa. A célula mais importante é a célula T. Ela é a célula que consideramos como general do nosso sistema de defesa, então, é essa célula que usamos para poder fazer o tratamento”, explica Renato Cunha, hematologista e líder do Programa de Terapia Celular da Oncoclínicas.
Em laboratório, esses linfócitos passam por uma modificação genética para que saibam identificar as células cancerígenas, passando a se chamar CAR-T. As células CAR-T retornam ao paciente, sendo administradas por meio de infusão (via endovenosa), procedimento que dura cerca de 30 minutos. Inseridas no organismo, as células modificadas começam a combater as células do câncer trabalhando pela remissão.
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Quem pode fazer a terapia CAR-T?
Segundo o hematologista, a terapia CAR-T é indicada para pacientes que não obtiveram sucesso com outras formas de tratamento. “Por isso [o paciente] está recebendo as células CAR-T, por que foram recaídas (quando a doença voltou), ou refratários (quando não responderam ao tratamento) e, por isso, precisam de novas possibilidades terapêuticas”, esclarece.
O procedimento pode ser feito em pacientes com cânceres hematológicos (que acometem a medula óssea ou o sistema linfóide), como:
Resultados de remissão total do câncer tem animado pesquisadores
A terapia demonstra bons resultados nos diferentes quadros. Segundo o especialista, 90% dos pacientes com leucemia respondem ao tratamento, enquanto os casos de Linfoma demonstram 70% de resposta ao CAR-T. Casos de Mieloma múltiplo também reagem bem, porém há mais casos de recidiva.
“O mieloma é um perfil de doença diferente, que não tem cura, mas você consegue manter pacientes em remissão por um ou dois anos, sem a necessidade de ter um tratamento adicional. Esses pacientes também possuem dificuldade em responder aos tratamentos convencionais”, informa.
O caso mais famoso até o momento no Brasil que demonstra a eficácia do tratamento é o de Paulo Peregrino, de 61 anos, que lutava contra um linfoma há 13 anos e já estava prestes a entrar em cuidados paliativos. Em abril de 2023, Peregrino iniciou a terapia CAR-T e em um mês de tratamento teve a remissão total dos tumores.
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Onde a terapia CAR-T é feita?
No momento, a terapia CAR-T só pode ser realizada de duas formas:
- Particular: com o envio das células do paciente para laboratórios especializados nos Estados Unidos ou Europa, processo que custa cerca de 2 milhões de reais.
- Estudos clínicos: como voluntário dos estudos clínicos realizados no Hospital Albert Einstein ou no Hemocentro de Ribeirão Preto, custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).