Mãe narcisista: como saber se a sua é?

Relacionamentos familiares podem ser complicados, especialmente quando existem problemas que prejudicam a convivência entre os membros. No contexto de pessoas que crescem com uma mãe com transtorno de personalidade narcisista, o padrão de comportamento egocêntrico pode provocar traumas e afetar a saúde mental dos filhos — mesmo quando eles ainda são muito pequenos. 

Mas, o que é uma mãe narcisista? De acordo com a psicóloga Rosângela Casseano, é uma pessoa que possui um amor excessivo por si mesma e uma necessidade constante de admiração e atenção. 

"Ela tende a colocar suas próprias necessidades e desejos acima das necessidades dos filhos, buscando constantemente validação e reconhecimento", explica a especialista, que também é CEO da PsicoPass. 

Com auxílio da psicóloga, o MinhaVida reuniu as principais características do narcisismo materno e como identificá-lo. 

Como identificar uma mãe narcisista? 

Existem diferentes graus de narcisismo, que podem variar entre leve, moderado e grave. No caso de uma mãe com narcisismo, o transtorno pode se manifestar de diferentes formas, desde um comportamento sutilmente egoísta até um comportamento mais abusivo e controlador, segundo Rosângela. 

Os principais sinais a serem observados incluem: 

• Falta de empatia: ela não consegue se colocar no lugar dos filhos e não demonstra interesse genuíno pelas suas emoções e necessidades
• Manipulação emocional: a mãe pode usar emoções e chantagem emocional para controlar os filhos e obter o que quer
• Exigência de atenção constante: ela sempre busca ser o centro das atenções e pode se sentir ameaçada ou ignorada quando os filhos recebem atenção ou reconhecimento
• Críticas constantes: tende a criticar e desvalorizar os filhos, buscando mantê-los em um estado de dependência emocional
• Competição com os filhos: vê os filhos como uma extensão de si mesma e pode competir com eles, buscando sempre se sobressair
• Falta de limites saudáveis: ela pode invadir a privacidade dos filhos, desrespeitar seus limites pessoais e impor suas próprias expectativas e desejos
• Autoestima frágil: é extremamente fácil ferir os sentimentos de uma mãe narcisista, mesmo que a própria não exponha. Luta pelo reconhecimento tentando suprir a falta de amor próprio
• Não pede desculpas: por acreditar que suas ideias são incontestáveis, a mãe narcisista não admite culpa ou pede desculpas quando magoa alguém
• É invejosa: como ela está sempre se comparando com os outros para se sentir bem consigo mesma, ela demonstra raiva ou inveja quando um filho se destaca mais do que ela

Além das características, é importante apontar que o relacionamento mãe-filho pode ser marcado por discussões e brigas, mesmo pelos motivos mais fúteis, o que torna difícil uma convivência saudável. Os filhos também podem crescer em um contexto familiar de desamparo e manipulação, alvos de comportamentos abusivos das mães. 

Comportamentos diferentes em relação a filhos homens e mulheres

Ao MinhaVida, em entrevista prévia, a psicóloga Mônica Machado explica que, quando se trata da filha mulher, a mãe narcisista tende a competir com a mesma, principalmente na adolescência. "Quer parecer mais bonita e mais jovem, principalmente quando a diferença de idade não é tão grande. São aquelas mães que amam quando alguém diz que parecem irmãs e não mãe e filha”, esclareceu.

Com os filhos homens, a relação pode ser um pouco mais diferente, de acordo com Rosângela. Ela pode tratar um filho homem como uma extensão de si mesma, buscando moldá-lo de acordo com suas expectativas e desejos — e, por consequência, impedindo-o de desenvolver uma identidade independente. 

"Os prejuízos psicológicos de ter uma mãe narcisista podem ser significativos. Os filhos podem desenvolver baixa autoestima, dificuldade em estabelecer relacionamentos saudáveis, ansiedade, depressão e outros problemas emocionais. É importante buscar apoio psicológico para lidar com esses impactos negativos", complementa Rosângela. 

Existe tratamento para o narcisismo materno?

Os transtornos de personalidade não costumam ter um tratamento específico ou medicamentoso. O melhor caminho é a psicoterapia, mas isso implica que a mãe precisa reconhecer o transtorno — o que é algo muito difícil de acontecer. 

Para a criança, adolescente ou adulto que cresceu neste contexto familiar, a terapia é essencial para tratar os traumas provocados pelo comportamento da mãe. “A mãe narcisista inferioriza muito o filho em todos os aspectos, fazendo-o achar que é incapaz de conquistar seus objetivos, mesmo na vida adulta. O importante é restabelecer a autoestima e a autoconfiança na terapia, e saber impor seu limite de espaço diante da mãe”, explicou Mônica. Reconhecer os sinais, mesmo os mais sutis, é o primeiro passo para procurar apoio terapêutico. 

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