Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iVocê já ouviu falar em parentalidade positiva? É um modelo de educação que consiste em construir um relacionamento saudável e carinhoso com os filhos, proporcionando um ambiente seguro e estimulante para o crescimento e para o desenvolvimento das crianças.
Baseado nesse método, foi aprovada a Lei 14.826/24, que institui a parentalidade positiva e o direito de brincar como estratégias de prevenção à violência contra crianças. O texto publicado no Diário Oficial da União define esse modelo de parentalidade como um processo de criação dos filhos baseado no respeito, acolhimento, sem a necessidade de praticar nenhum tipo de violência.
A nova lei, que ainda entrará em vigor, estabelece que é responsabilidade do Estado, da família e da sociedade proteger, preservar e garantir os direitos fundamentais de todas as crianças com até 12 anos.
O MinhaVida conversou com a psicopedagoga e educadora parental Fabíola Souza para entender mais sobre a parentalidade positiva e como incentivar famílias a praticarem esse modelo de educação com os filhos. Acompanhe!
Entenda a importância da aprovação da nova lei para as crianças
A lei foi criada para proteger a criança da violência. Muitos pais ainda acreditam que bater é a melhor forma de educar os filhos, mas o resultado desse “método tradicional”, como muitos dizem, acaba refletindo em diversos problemas: as crianças se tornam agressivas, medrosas e com traumas que vão acompanhá-las por toda a vida.
A lei 14.826/24 é fundamental para que a sociedade entenda que a educação respeitosa não é um privilégio, mas sim um direito de todas as crianças. A educadora parental Fabíola Souza destaca a importância do novo decreto:
“Uma lei que reforça e ampara essa demanda é essencial para despertar nos pais e espaços que lidam com a infância reflexões que sirvam para repensar os modelos atuais de educação, visando proporcionar aos bebês e crianças estruturas e ferramentas que abranjam o desenvolvimento infantil de forma plena, valorizando, sobretudo, a primeira infância como fase crucial da aquisição de aprendizagens que dão sustentação para todo o restante do desenvolvimento humano”, ressaltou.
Fabíola ainda enfatiza um dos pontos trazidos na lei que é o brincar como uma forma de promover um desenvolvimento saudável para a criança. “Por meio da brincadeira a criança consegue se expressar, se relacionar, criar, imitar, repetir, planejar, se movimentar, além construir vínculos e afetividade com as pessoas que elas interagem. Esses são fatores extremamente relevantes para a aquisição de habilidades e desenvolvimento”.
Leia também: Como os psicólogos educam seus filhos
Parentalidade positiva: saiba mais sobre esse modelo de educação respeitosa
A parentalidade positiva é um conceito que valoriza o respeito mútuo entre pais e filhos. Em vez de punições severas ou técnicas autoritárias, esse método se baseia em uma abordagem mais empática e colaborativa. O objetivo principal é criar um ambiente seguro e amoroso, onde a criança se sinta livre para expressar suas emoções e tenha uma participação ativa em seu próprio desenvolvimento.
Para os pais, a educadora explica que o modelo de educação é também um convite para rever as práticas parentais. “É sair de um modelo tradicional e hierárquico, no qual os adultos são o centro da autoridade impondo regras de forma não democrática e, algumas vezes, usando da violência física e verbal, passando para uma parentalidade pautada no respeito mútuo, escuta ativa e limites conscientes e respeitosos, em que o adulto ainda é o responsável por conduzir a criança e ensinar o que é certo e errado, mas de uma forma não centralizada e responsiva”, assegura Fabíola.
A construção da parentalidade positiva é uma ação a longo prazo que requer empatia, respeito, gentileza, firmeza e limites. Mas, com o passar do tempo, a especialista garante que é possível colher os bons frutos de todo esse processo:
“Como consequência, a prática parental respeitosa promove nas crianças boa autoestima, autoeficácia, otimismo, habilidades sociais, diminuição do estresse e fortalecimento da saúde mental. Quanto mais o adulto se reportar à criança de forma respeitosa, melhores serão as relações familiares”.
Um curso para aprender a ser pai e mãe? Saiba como praticar a parentalidade positiva
Para alguns pais, pode ser difícil saber por onde começar ou como praticar a parentalidade positiva. A educadora parental orienta que a melhor forma de inserir as famílias nesse novo modelo educacional é convidando os cuidadores para uma reflexão “sobre como a parentalidade vivenciada na infância com seus pais realmente moldou seu desenvolvimento e qual influência essa experiência tem no relacionamento com os filhos hoje em dia”.
Fabíola também ressalta a necessidade de expandir a abordagem da parentalidade positiva para além dos lares, “alcançando escolas, empresas e espaços sociais, como uma maneira de honrar e proteger os direitos da infância”.
Para garantir a manutenção desses princípios na relação parental, também é crucial que os pais estejam conscientes, fisicamente e emocionalmente saudáveis, e não sobrecarregados. A sobrecarga pode resultar em estresse, falta de paciência e problemas de saúde mental, especialmente para as mães.
Leia mais: Educação antirracista: por que falar sobre raça na infância?