Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
A inteligência sempre foi um conceito escorregadio. Iria Reguera, psicóloga e editora-chefe de Trendencias, explica que “a inteligência ainda é uma construção e não está bem definida. O que é inteligência? Não é algo tangível ou muito bem mensurável”.
Na verdade, as pessoas que trabalham com o cérebro humano, como cientistas, psicólogos e outros profissionais, concordam que a inteligência não é algo que possa realmente ser medido, mesmo com um teste de inteligência. Alguns falam sobre diferentes tipos de inteligência de acordo com a teoria da inteligência múltipla, mas não há como identificar pessoas inteligentes, nem um acordo sobre o que faz alguém ser considerado inteligente.
Não é que todas as pessoas inteligentes façam o mesmo, mas foram identificados alguns hábitos que, geralmente, são um reflexo de uma inteligência extraordinária. Agora é a hora de contar o que as pessoas inteligentes fazem no seu dia a dia e que revelam o seu nível de inteligência.
1. Passar um tempo sozinho
Pessoas com alta inteligência, geralmente, gostam de ficar sozinhas. E quando passamos um tempo conosco mesmos, podemos refletir, pensar e analisar não só o que acontece, mas também o que pode acontecer conosco no futuro.
Na verdade, passar um tempo sozinho é essencial para o nosso bem-estar intelectual e emocional, embora às vezes nos assuste um pouco. Segundo Iria Reguera, o medo da solidão deriva do fato do ser humano ser um indivíduo social. “Vivemos num tipo de cultura coletivista que promove a interdependência entre as pessoas e coloca as necessidades do grupo acima das necessidades individuais”, diz ele.
Mas também nos faz perceber que tirar um tempo para a introspecção é uma boa ideia. “Quando aprendemos a estar confortáveis com nós mesmos e a parar de temer a solidão, os relacionamentos que mantemos são mais saudáveis.” Além disso, a reflexão e a autoavaliação por si só nos permitem aprender e melhorar a nível pessoal.
Nos conhecer pode melhorar a nossa empatia, mas também pode nos fazer ser mais produtivos, porque nos permite aumentar a nossa concentração e até nos torna mais criativos. De acordo com um estudo publicado na Current Directions in Psychological Science, um brainstorming melhora quando os participantes alternam entre fazê-lo em grupo e fazê-lo sozinhos.
2. Ser autocrítico
Tem muito a ver com o ponto anterior, que é que pessoas inteligentes costumam ser propensas à autocrítica e ao questionamento, ferramentas valiosas para estar em sintonia com a realidade e melhorar continuamente.
Uma pessoa inteligente não hesita em questionar suas ideias, crenças e ações porque sabe que nem sempre possui a verdade absoluta. Isto ajuda-os a refinar o seu julgamento e estimula o seu desenvolvimento pessoal.
Além disso, admitir seus erros e aprender com seus fracassos é uma arma realmente poderosa, como vimos no livro de John Maxwell, “The Bright Side of Failure: How to Turn Mistakes into Bridges to Success?”, pois ser humildes e conscientes de nossas limitações nos torna mais dispostos a ouvir e aprender com os outros.
3. Adotar hábitos de sono atípicos
Isso não significa que devemos dormir pouco para sermos inteligentes, isso na verdade tem consequências na saúde e não é algo que acontece com todas as pessoas inteligentes.
Satoshu Kanazawa, da Escola de Economia e Ciências Políticas de Londres, apontou que existem diferenças significativas entre as preferências de sono em referência às suas pontuações nos testes de inteligência. Os mais altos tinham, segundo o estudo, uma maior capacidade de produção à noite, o que pode ter a ver com o fato de que durante a noite há menos distrações e se pode ter mais criatividade e produtividade nesses horários.
Eles também podem ter uma maior capacidade de controlar a fadiga e se recuperar rapidamente, o que lhes permite funcionar com menos sono. Além do mais, de acordo com um estudo realizado por Robert Bolizs, da Universidade Semmelweis, pessoas muito inteligentes são propensas a sofrer de insônia. Essas pessoas apresentam uma maior atividade cerebral que não para quando vão para a cama.
4. Ter gostos variados
Pessoas muito inteligentes tendem a explorar muitos temas de diferentes tipos. Talvez eles estejam interessados no hip hop, no Egito antigo ou nas mais novas teorias da neurociência, e esse interesse por temas tão ecléticos é o resultado de alguém que é muito inteligente, curioso e, geralmente, de mente aberta.
Essa curiosidade por diferentes temas nos permite adquirir conhecimentos nas mais diversas áreas. Da filosofia à política, passando pela ciência ou pela cultura, e embora o que você gosta, segundo a ciência, tenha a ver com seus genes e seu ambiente, o interesse por outros temas estimula nosso cérebro.
5. Preferir conversas profundas
Winston Churchill disse que “Boas conversas devem esgotar o assunto, não os interlocutores”. Pessoas com QI alto geralmente têm pouca paciência para conversa fiada. Podemos até notar que eles se desconectam deles. Não em todos os casos, obviamente, mas uma mente desperta tem preferência por conversas estimulantes e mais profundas.
Na verdade, se ouvirmos a ciência, conversas interessantes e significativas mediam o nosso bem-estar psicológico, o que seria benéfico para todos. Segundo um estudo de Matthias Mehl, psicólogo e professor da Universidade do Arizona, pessoas que têm conversas mais profundas apresentam maior bem-estar físico e psicológico.
A nível prático, realizar esse debate nos permite fortalecer as capacidades de argumentação e persuasão, abordar temas de forma analítica e crítica, e também estabelecer ligações entre conceitos aparentemente distantes, o que reforça a nossa compreensão geral e criatividade.
6. Ter um senso de humor sutil
A inteligência e o sentido de humor estão relacionados já na infância e, uma vez que ambos dependem da capacidade de perceber e manipular conceitos abstratos, de brincar com expectativas e convenções sociais. Na verdade, se você tem um senso de humor distorcido, provavelmente é um gênio.
Além disso, como revela um estudo publicado na Psychosomatic Medicine, as pessoas com senso de humor vivem mais.
7. Estar confortável com a incerteza
A vida nem sempre é tão simples a ponto de nos permitir saber o que vai acontecer e quando. Pessoas inteligentes se sentem confortáveis com essa ambiguidade e não têm medo da incerteza. Em vez de tentarem resolver ou evitar as contradições, possuem a capacidade de se adaptar a elas e de aceitar as contradições e os paradoxos como parte integrante da realidade.
Isso também lhes permite aceitar a mudança e ter consciência de que a vida está em perpétuo movimento, por isso o que é uma verdade absoluta pode não o ser amanhã.
Ser flexível nessa forma de pensar os permite não se deixarem guiar por dogmas ou preconceitos, e assim desenvolver ainda mais a sua intuição e capacidade de tomar decisões, mesmo na ausência de dados completos ou garantias.
Saiba mais: 7 hábitos que podem levar qualquer um a ser feliz de acordo com a ciência
8. Fazer anotações
É possível que uma pessoa com alta capacidade intelectual tenha em seu celular dezenas de anotações com ideias, pensamentos e reflexões. Esse hábito é comum em pessoas muito inteligentes, que temem que suas ideias, pensamentos e observações se percam, e por isso os anotam.
A ciência também explica por que às vezes é melhor fazer anotações à mão e não com o teclado: quando você usa papel e caneta você processa as informações mais profundamente. Este hábito de fazer anotações melhora a memória e a capacidade de reter informações importantes e é uma ferramenta extraordinária para organizar e estruturar pensamentos, o que facilita a resolução de problemas e a tomada de decisões.
Além disso, escrever para nós mesmos cria um espaço de reflexão e introspecção onde podemos nos expressar livremente e em todos os sentidos. E mais um fato, está comprovado que, para combater a ansiedade e o estresse, a escrita é uma grande aliada.