Médico cirurgião plástico formado pela conceituada escola da UFRJ, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plást...
iA lipoaspiração é uma cirurgia plástica que tem o propósito de eliminar o acúmulo de gordura localizada – em regiões como abdômen, culote, braços, coxas, costas, entre outras –, de forma segura e com resultado efetivo para um melhor contorno corporal. A segurança deve ser o fio condutor de todo o processo do aperfeiçoado procedimento cirúrgico.
Nesse contexto, é fundamental que o cirurgião plástico seja habilitado como especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e pelo Conselho Federal de Medicina. A realização em ambiente hospitalar deve atender às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que exige que o hospital ou clínica devem estar preparados para uma eventual emergência.
No entanto, o bom senso e a ética médica é que devem reger o compromisso profissional, visando atingir a segurança de excelência, para o exercício pleno da cirurgia plástica.
Cuidados começam no pré-operatório
Seguindo essa premissa, a segurança do procedimento cirúrgico que envolve a vida do paciente, começa com a prevenção. O primeiro passo é uma conversa franca e irrestrita sobre expectativa, motivação, forma e resultado do procedimento, seguido de uma avaliação prévia e criteriosa das condições de saúde.
Os exames cardiológicos e laboratoriais serão determinantes para a realização da lipoaspiração, afastando a possibilidade de agravamento do quadro clínico na mesa de cirurgia, durante a intervenção cirúrgica. Insuficiência cardíaca severa, anemia, processo infeccioso e uso continuado de medicamentos que interferem na coagulação sanguínea são algumas situações patológicas que exigem cautela e podem impedir a realização da lipoaspiração.
Portanto, o pré-operatório representa uma etapa relevante para a segurança cirúrgica. O tipo de anestesia e o tratamento prévio de uma anemia, infecção ou outra patologia não podem ser ignorados.
Outro fator que determina a segurança do procedimento é respeitar a área e a quantidade de gordura a ser aspirada. O volume máximo recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica é de 6% a 7% do peso corporal ou não atingir extensão maior que 30% da superfície corporal.
O ato de lipoaspirar deve ser feito nas camadas mais profundas, mas com cânulas de calibre de até 6 milímetros. Cânulas mais finas oferecem potencial de menor traumatismo ao tecido, com menos sangramento. A temperatura do paciente requer atenção, não podendo ser maior ou igual a 36ºC, para evitar sangramento prolongado e excessivo.
Possíveis complicações da lipoaspiração
Toda e qualquer cirurgia envolve complicações, sendo que 2% a 10% dos casos ocorrem intercorrências graves, como hemorragia, parada cardiorrespiratória, embolia pulmonar, reação a anestesia, trombose e perfuração. É válido esclarecer que após o procedimento é normal sentir dor, inchaço e hematomas na área lipoaspirada e, em alguns casos, formação de seroma, líquido acumulado abaixo da pele próximo à cicatriz cirúrgica.
A mais temida das intercorrências é a trombose venosa profunda sendo pouco comum, mas de condição grave, provocada por um distúrbio no sistema circulatório. Ocorre um bloqueio do fluxo sanguíneo venoso, devido à formação de coágulos nas veias dos membros inferiores.
O diagnóstico deve ser preciso para que o tratamento preventivo, com medidas conservadoras ou profilaxia medicamentosa, seja prontamente adotado, evitando quadro evolutivo sério de uma embolia pulmonar, caso ocorra na circulação venosa pulmonar. A trombose venosa profunda e o tromboembolismo pulmonar representam a principal causa de óbito em lipoaspiração.
A condição pode ocorrer após o procedimento, envolvendo o processo inflamatório do organismo no pós-operatório, imobilidade e repouso, além de predisposição genética. Por isso, são adotadas condutas para minimizar o risco, como parar de fumar, interromper o uso de anticoncepcional e de reposição hormonal, atingir o peso ideal, uso de meias de compressão e compressores intermitentes das pernas no pós-cirúrgico, além de caminhadas precoces. Dependendo do caso, são ministrados anticoagulantes.
Os sintomas da trombose venosa profunda incluem dor na panturrilha e na perna, edema e vermelhidão local. Casos de embolia pulmonar apresentam dor torácica com falta de ar. A análise se torna completa com ultrassonografia, doppler e tomografia computadorizada.
A perfuração abdominal é uma complicação pouco relatada em lipoaspiração, mas se constatada, o risco de mortalidade chega a 50% nos casos. Nessa condição, a cautela médica para segurança é evitar incisões umbilicais da região abdominal alta, já que movimentos imprecisos podem perfurar a cavidade abdominal e até torácica.
Sucesso do procedimento inclui atenção a fatores de risco
Sendo assim, a segurança da lipoaspiração começa com o diagnóstico preciso e tratamento antecipado para impedir a coagulação do sangue, entupimento das veias e bloqueio da circulação. Caso o paciente apresente vários fatores de risco, o procedimento cirúrgico pode ser realizado em etapas, para evitar ao máximo risco de trombose e embolia pulmonar.
Os principais fatores de risco são idade, tabagismo, tempo e porte cirúrgico, histórico de abdominoplastia e lipoaspiração conjugadas, sobrepeso, realização terapia de reposição hormonal ou uso de anticoncepcional. Para o histórico pessoal ou familiar de trombose é necessário avaliação conjunta com médico hematologista e cirurgião vascular, para que seja ministrada a profilaxia direcionada no pré-operatório.
Em todo o contexto apresentado, a experiência pessoal, técnica e habilidade do cirurgião plástico são determinantes para minimizar riscos, reduzir danos e superar complicações graves, gerando impacto positivo para a saúde e qualidade de vida. O paciente deve assumir suas responsabilidades, seguindo à risca as orientações do pré e pós-operatório, comprometido com a missão de que o procedimento final seja efetivo e livre de ameaças.
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