Pós Doutorado na FMUSP. Post-doctoral Clinical and Research fellow no Hospital Clínic Barcelona. Master in Translational...
iO omeprazol é um dos medicamentos mais comuns para tratar gastrite e refluxo ácido, e está na prateleira de muitos brasileiros que enfrentam problemas estomacais. Só em 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estimou que cerca de 64,9 milhões de unidades do medicamento foram consumidas no país.
O omeprazol faz parte dos inibidores da bomba de prótons (IBPs), atuando na redução da produção de ácido gástrico no estômago, aliviando sintomas e ajudando na cicatrização de úlceras e inflamações. O que muitos não sabem, é que o medicamento deve ser utilizado a curto prazo, por no máximo três meses.
No entanto, dentro deste prazo, há exceções, e pacientes com acompanhamento médico podem utilizar o medicamento durante um período maior. Porém, o risco surge quando há o uso indiscriminado sem a devida supervisão médica.
Quais são os efeitos adversos do uso prolongado de omeprazol?
O uso prolongado do omeprazol pode desencadear uma série de efeitos adversos. Um dos principais riscos é o desequilíbrio nutricional, já que o ácido gástrico é essencial para a absorção dos alimentos que ingerimos, incluindo nutrientes como cálcio, ferro e vitamina B12. Com o uso contínuo, a redução da acidez estomacal pode levar a deficiências nutricionais, resultando em problemas como osteoporose, anemia e neuropatia.
Além disso, há um maior risco de infecções no estômago e no intestino. O ácido gástrico ajuda a proteger nosso organismo contra germes e bactérias nocivas. Sem ele, o estômago e o intestino ficam mais propensos à proliferação de bactérias ruins, como o Clostridium difficile, que pode causar infecções graves, resultando em diarreia intensa e desconforto.
O uso prolongado de inibidores da bomba de prótons (IBPs), como o omeprazol, também pode prejudicar a saúde renal. Esses medicamentos interferem na absorção e excreção de minerais essenciais, como cálcio e magnésio, levando ao acúmulo dos minerais no sangue e sobrecarregando os rins. Esse estresse adicional pode causar desgaste renal ao longo do tempo, especialmente em pessoas com função renal já comprometida, e em casos graves, pode haver necessidade de diálise ou até mesmo de transplante.
Outro fator importante é o risco de menor densidade óssea, aumentando a chance de fraturas e osteoporose. Esse efeito se acumula ao longo do tempo, especialmente em pessoas com risco elevado de desenvolver osteoporose, como idosos ou aqueles com dietas pobres em cálcio. Além de tudo isso, o omeprazol pode alterar a flora intestinal, causando desequilíbrios que afetam a digestão e a saúde geral do sistema gastrointestinal.
Embora seja um medicamento útil para aliviar sintomas gástricos, é essencial utilizá-lo com responsabilidade. O uso deve ser limitado ao menor tempo possível e sempre sob orientação médica. Se precisar usar o medicamento com frequência, é importante investigar a causa dos sintomas e considerar outras alternativas viáveis de tratamento.
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