Gastroenterologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com especialização pelo Hospital Federal de Lagoa...
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O que é Diarreia?
A diarreia é definida como mais de duas evacuações aquosas diárias ou mais do que o habitual para o paciente. Na maioria dos casos, a diarreia dura alguns dias, porém, quando ela dura semanas ou mais, pode indicar uma doença grave, como uma infecção persistente, um câncer, rotavírus ou uma doença inflamatória intestinal.
Diarreia e disenteria: qual a diferença?
É comum surgir a dúvida em relação a diarreia e a disenteria, visto que ambas as condições têm como caracteristica principal, o aparecimento de fezes líquidas. Entenda a diferença:
Disenteria: é uma inflamação intestinal que, ao lesionar as células intestinais, causa fezes amolecidas e sangramentos.
Diarreia: é uma condição parecida, porém, nem sempre há a presença de sangue. As causas podem ser outras para além da inflamação do intestino.
Causas
A causa mais comum da diarreia é a infecção por vírus, bactérias ou outros parasitas, que entram no organismo e causam a gastroenterite — inflamação aguda que compromete os órgãos do sistema gastrointestinal.
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A diarreia também pode ser causada por intoxicação alimentar e por alguns medicamentos, como antibióticos, laxantes que contenham magnésio e quimioterapia. Algumas doenças também podem levar à diarreia. São elas:
- Doença de Crohn
- Colites ulcerosas
- Doença celíaca
- Síndrome do intestino irritável
- Intolerância à lactose
- Flora intestinal desequilibrada
Saiba mais: Veja por que o estresse pode causar diarreias e outros problemas gastrointestinais
Tipos
A diarreia pode ser tanto aguda quanto crônica. O fator determinante para essa classificação é o tempo de duração dos sintomas.
Diarreia aguda
A diarreia aguda é caracterizada por episódios diarreicos até de 14 dias. Chama-se de diarreia persistente quando a doença dura de 14 a 28 dias. A maioria dos casos são de origem infecciosa, por bactérias, vírus e protozoários.
Diarreia crônica
A diarreia crônica persiste por mais de quatro semanas e pode indicar desde síndrome do intestino irritável até condições mais graves, como doença de Crohn, retocolite ulcerativa e câncer. Este tipo de diarreia é causado, principalmente, por doenças infecciosas, inflamatórias e disabsortivas.
Sinais
A diarreia costuma ser um sintoma de outros quadros e apresenta consigo outros sinais, que podem variar de intensidade. O principal sinal do quadro é a presença de fezes líquidas na evacuação.
O paciente com diarreoa também pode manifestar os seguintes sintomas:
- Dor abdominal
- Cólica
- Náuseas
- Vômito
- Gases excessivos
- Desidratação
Diagnóstico
Geralmente, o diagnóstico de diarreia pode ser feito em casa, por meio da observação de sintomas.
No entanto, o médico poderá realizar testes laboratoriais para definir as causas da diarreia. Se também houver sinais de desidratação, seu médico poderá solicitar exames complementares.
Fatores de risco
Por ser uma doença muito comum, qualquer pessoa, independentemente do gênero ou idade, pode apresentar diarreia. Alguns comportamentos de risco podem favorecer o surgimento da condição. São eles:
- Ingerir água e alimentos contaminados com fezes humanas ou animais
- Viajar para países que não tenham bom saneamento de água
- Consumo exacerbado de cafeína
- Consumo excessivo de álcool
- Tabagismo
-
Ignorar intolerâncias alimentares
Diarreia é transmissível?
A diarreia pode sim ser transmissível, principalmente, em casos de gastroenterites infecciosas, que são causadas por bactérias e vírus invasivos. Para evitar a transmissão da doença, é essencial ter cuidado com a higiene ao início do tratamento.
Exames
Além de realizar um exame físico, o médico pode solicitar testes para determinar o que está causando a diarreia. Eles incluem:
- Exame de sangue
- Exames de fezes, como elementos anormais nas fezes, pH-fecal e leucócitos fecais
- Exames de Coprocultura com parasitológico de fezes
- Colonoscopia
Buscando ajuda médica
A maioria dos casos de diarreia resolvem-se sozinhos. Mas atenção: ela pode ser sinal de que há algo errado com seu organismo. Por isso, é importante procurar um especialista para certificar-se de que não há nenhuma condição mais grave e para iniciar prontamente um tratamento.
Diarreia em bebê e crianças
A atenção para crianças e bebês deve ser redobrada, especialmente, quando ela vem acompanhada de outros sintomas, como febre e vômito, pois o quadro pode se agravar e causar um problema sério de desidratação.
Caso os sintomas da criança não melhorarem em pelo menos 24 horas, busque ajuda médica. Verifique também se não há presença de sangue ou muco nas fezes e se a criança não demonstra cansaço e irritação.
Saiba mais: Cuidados nutricionais durante episódios de diarreia infantil
Tratamento
O que fazer para parar a diarreia?
O tratamento para diarreia é, geralmente, feito em casa, por meio da ingestão de líquidos, a fim de evitar desidratação. O médico também poderá receitar alguns medicamentos. Esses remédios, normalmente, não precisam de prescrição, no entanto, não é recomendado usá-los sem orientação médica.
Para o tratamento, o paciente pode realizar algumas técnicas simples, como:
- Iniciar a ingestão do soro caseiro o mais breve possível
- Aumentar a ingestão de líquidos como, sopas, sucos e água
- Manter a alimentação habitual, corrigindo erros alimentares e seguindo as orientações médicas
- Observar os sinais de desidratação
Saiba mais: Alimentação indicada para casos de diarreia
Prevenção
Diarreia associada a antibióticos pode ser prevenida com o uso de suplementos que contêm bactérias benéficas. Para saber mais sobre isso, converse com seu médico.
O iogurte com culturas vivas ou ativas, por exemplo, são uma boa fonte dessas bactérias benéficas e também ajudam a evitar a diarreia.
As seguintes medidas de saúde podem ajudar na prevenção de doenças que provocam diarreia:
- Lavar as mãos com frequência, principalmente, após ir ao banheiro e antes de comer
- Usar álcool em gel para desinfetar as mãos com frequência
- Ensinar as crianças a não levar objetos à boca
Ao viajar para áreas subdesenvolvidas, siga as medidas abaixo para evitar a diarreia:
- Beba somente água mineral e não use gelo, a menos que ele seja feito com água mineral
- Evite vegetais não cozidos ou frutas com casca
- Evite frutos do mar crus ou carne mal passada
- Evite o consumo de lacticínios, principalmente se tiver intolerância à lactose
- Vacine-se contra o rotavírus
Convivendo (Prognóstico)
Dentre as medidas caseiras que podem acelerar o tratamento e a recuperação da diarreia, estão:
- Beber de 8 a 10 copos de líquidos leves todos os dias
- Beber, pelo menos, um copo de líquido toda vez que tiver uma evacuação sem controle
- Fazer refeições pequenas ao longo do dia
- Comer alimentos salgados, como bolachas e sopa
- Comer alimentos ricos em potássio, como banana, batata sem pele e suco de fruta diluído
- Descansar bem
Em caso de diarreia crônica, como aquela causada pela síndrome do intestino irritável, tente enriquecer a dieta com grãos e farelos integrais para dar consistência às fezes e regular o intestino.
Complicações possíveis
Diarreia, geralmente, não leva a complicações mais graves, mas uma consequência comum da diarreia é a desidratação.
Confira alguns sinais de que seu corpo está desidratado:
- Sede excessiva
- Diminuição da quantidade de urina (redução de fraldas molhadas em bebês)
- Urina escura/concentrada
- Boca e pele secas
- Olhos encovados
- Redução nas lágrimas no choro
- Fraqueza
- Tontura
- Vertigem
- Apatia e prostração
Dor abdominal intensa ou persistente, sangue ou muco nas fezes e febre são outros sinais de alarme que devem ser observados.
Referências
Federação Brasileira de Gastroenterologia
Amanda Epifânio Pereira (CRN 3:17153), nutricionista
J Bussade (CRM 14.558), gastroenterologista
National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK)
Henrique Perobelli Schleinstein (CRM 109495), gastroenterologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo