Graduada em Psicologia pela Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN), Lizandra Arita é psicóloga institucional e c...
iJornalista especializado na cobertura de temas relacionados à saúde, bem-estar, estilo de vida saudável e à pratica esportiva desde 2008.
iA infância é um período essencial no desenvolvimento de comportamentos — e as amizades dessa fase têm papel fundamental. Crescer cercado de amigos pode deixar marcas que perduram na vida adulta, muitas vezes sem que se perceba.
Se você foi uma dessas pessoas cercada de muitas amizades quando era criança, é possível que apresente alguns comportamentos específicos sem saber a origem deles…
6 comportamentos comuns em adultos que cresceram com muitos amigos
A psicóloga Lizandra Arita, da Clínica Mantelli, explica que crianças que cresceram com muitos amigos acabam desenvolvendo algumas características específicas que as acompanham, moldando comportamentos e relacionamentos.
“As experiências vividas nesse período da infância realmente podem moldar comportamentos e características que carregamos para a vida adulta. E o fato é que muitas vezes nem percebemos essa influência”.
A seguir, vamos falar sobre seis comportamentos mais comuns que surgem dessas relações de amizade na infância, segundo a especialista!
1. Facilidade para se adaptar a novos ambientes
De acordo com Lizandra, “conviver com diferentes grupos de amigos durante a infância ajuda a desenvolver flexibilidade social”. Quando isso ocorre, o adulto tende a se sentir confortável em diferentes ambientes e contextos, como novos empregos ou círculos sociais. A capacidade de se integrar rapidamente a novas situações é um reflexo direto da experiência social ativa da infância.
2. Necessidade de aprovação social
O desejo de aceitação é uma característica comum em quem cresceu com muitas amizades. “A pessoa internaliza, ainda na infância, a importância de ser aceita pelos outros”, afirma Arita. Esse comportamento pode gerar uma necessidade constante de validação social, tornando a pessoa excessivamente preocupada com o que os outros pensam dela.
3. Tendência ao trabalho em equipe
Pessoas que cresceram em um ambiente de muitas amizades aprenderam desde cedo a colaborar e a resolver problemas coletivamente. Isso faz com que se sintam confortáveis em trabalhar em equipe na vida adulta. “Esses indivíduos são naturalmente inclinados a trabalhar com outras pessoas e têm facilidade em cooperar em grupos”, explica Arita.
4. Habilidade para mediar conflitos
Brigas e desentendimentos fazem parte das amizades infantis, e quem cresceu nesse contexto frequentemente desenvolve habilidades de mediação. A psicóloga comenta que “os conflitos entre amigos na infância ensinam a negociar, a entender diferentes pontos de vista e a resolver disputas de maneira saudável”. Isso resulta em adultos com alta capacidade de resolver conflitos em suas relações pessoais e profissionais.
5. Dificuldade em ficar sozinho
No lado oposto, crescer rodeado de amigos pode dificultar a convivência consigo mesmo. A psicóloga alerta que “as pessoas que passaram a infância em ambientes sociais intensos podem sentir dificuldade em momentos de solitude, pois estão acostumadas com o contato constante com os outros”. Isso pode se manifestar em uma sensação de inquietude ou desconforto quando estão sozinhas.
6. Empatia elevada
A empatia, a habilidade de se colocar no lugar do outro, é uma característica marcante em quem cresceu com muitos amigos. “A convivência próxima e constante com outros ensina a perceber o impacto das ações nos sentimentos dos outros, promovendo uma maior preocupação com o bem-estar das pessoas ao redor”, afirma Arita. Como resultado, essas pessoas tendem a ser mais atentas às necessidades dos outros e mais compassivas.
Leia mais: Pessoas que cresceram sem a atenção dos pais na infância podem apresentar esses 6 comportamentos
Como essas características impactam a vida adulta?
As habilidades sociais adquiridas durante a infância podem se transformar em grandes vantagens na vida adulta. A capacidade de formar laços rapidamente, de se adaptar a novas situações e de trabalhar bem em equipe são qualidades valorizadas tanto no âmbito pessoal quanto profissional. A empatia também se reflete em relações mais saudáveis e respeitosas.
Por outro lado, a necessidade excessiva de aprovação social e a dificuldade de lidar com momentos de solidão podem trazer desafios. Lizandra explica que, “quando a necessidade de validação externa se torna muito forte, ela pode afetar a autoestima e o bem-estar emocional. Além disso, a dificuldade em ficar sozinho pode impedir o desenvolvimento de uma autonomia emocional saudável”.
Como trabalhar essas influências na vida adulta?
Para lidar com as influências da infância na vida adulta, a psicóloga sugere algumas práticas que podem ajudar a transformar comportamentos que não são mais adequados ou saudáveis:
- Autoconhecimento: reflita sobre quais comportamentos atuais podem ter raízes na infância. Entender de onde vêm essas tendências é o primeiro passo para lidar com elas de maneira consciente e transformá-las, quando necessário
- Trabalhe a autonomia emocional: se você percebe uma dependência excessiva da validação social, é hora de investir no fortalecimento da sua autoestima e confiança. “A confiança em si é a chave para viver sem a constante necessidade de aprovação”
- Pratique momentos de solitude: aprender a aproveitar os momentos sozinhos pode ser desafiador, mas é essencial para o desenvolvimento de uma autonomia emocional saudável. Explore atividades que você possa desfrutar sozinho, como leitura, meditação ou hobbies que ajudem a promover o autoconhecimento
- Fortaleça suas habilidades sociais: não deixe de aprimorar suas habilidades de comunicação, mediação de conflitos e resolução de problemas. “Essas habilidades, além de serem fundamentais para a vida pessoal, são também um grande diferencial no ambiente profissional”, conclui Arita
Lembrando que as amizades da infância moldam aspectos profundos da nossa personalidade e do nosso comportamento, refletindo-se de maneiras diversas na vida adulta. Se você cresceu cercado de amigos, é possível que apresente tanto características positivas quanto desafios relacionados a essas experiências.
“Reconhecer essas influências e aprender a equilibrá-las pode ajudar a aproveitar melhor as lições da infância, enquanto ajusta o que já não serve para sua realidade atual. Afinal, o autoconhecimento é a chave para viver relações mais saudáveis e autênticas”, finaliza a especialista.