Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iJennifer Breheny Wallace é formada em Harvard e colaboradora do The Washington Post e do The Wall Street Journal. Durante anos, ela dedicou seu trabalho à pesquisa, especificamente sobre paternidade tóxica, tema abordado em seu livro Never Enough: When Achievement Culture Becomes Toxic – and What We Can Do About It (Nunca é o bastante: quando a cultura do sucesso se torna tóxica – e o que podemos fazer sobre isso).
Para escrever a obra, Jennifer entrevistou diversos psicólogos, 6.500 pais e trabalhou lado a lado com um pesquisador da Escola de Educação da Universidade de Harvard.
Jennifer afirma que a cultura do esforço na qual nós, millennials, fomos criados é, na verdade, uma “cultura tóxica de sucesso” que alguns pais ensinam aos filhos. A pressão excessiva que exercemos sobre as crianças prejudica sua saúde mental. Por isso, há algo que ela nunca faz com os três filhos: falar sobre suas conquistas de uma forma prejudicial.
Concentre-se menos nas conquistas e mais nos esforços
“Por mais que você se preocupe com o desempenho do seu filho em um teste importante, corre o risco de aumentar sua ansiedade ao fazer perguntas logo que ele chega em casa”, disse Wallace ao CNBC Make It. Em vez de perguntar sobre a prova assim que eles entram pela porta, ela prefere começar falando sobre o que comeram naquele dia. “Antes de escrever o livro, eu teria perguntado como foi a prova, mas agora falo sobre coisas que não têm a ver com suas realizações”, explica.
Segundo psicólogos entrevistados por Wallace, a ansiedade demonstrada pelos pais pode ser transmitida aos filhos pelo chamado contágio emocional. Além disso, essa atitude envia uma mensagem perigosa: a de que o valor de uma pessoa depende de suas conquistas.
Durante sua pesquisa, Wallace também entrevistou estudantes, e aqueles que mais lutaram contra a ansiedade foram os que sentiam que seu valor estava atrelado ao desempenho escolar ou em atividades extracurriculares. Trata-se de uma crença similar à ideia de que somos o que produzimos. No entanto, nosso valor não está nas nossas conquistas, e essa é uma lição que deveríamos ter aprendido antes dos 30 anos. Somos seres humanos, e nosso valor é muito mais do que nossos feitos.
Wallace ressalta que, “quando nosso senso de identidade está ligado às nossas conquistas, não conseguimos nos separar – nosso valor inerente – dos nossos sucessos ou fracassos externos”. Ou seja, deixamos de cultivar nossa individualidade e passamos a nos definir pelo que produzimos. Essa é a mensagem que, muitas vezes, sem perceber, transmitimos aos nossos filhos.
A diferença entre apoiar e pressionar é sutil, mas podemos substituir o elogio por uma boa nota pelo reconhecimento do esforço. Quando focamos no processo — como a dedicação aos estudos — em vez do resultado final (como tirar um A), “ajudamos as crianças a se sentirem mais motivadas para trabalhar duro e menos obcecadas por vencer”, explica a psicoterapeuta Amy Morin. Essa mudança simples pode torná-las mais resilientes e fortalecer sua autoestima.
Isso não significa que os sucessos das crianças não devam ser celebrados, mas sim que devemos equilibrar nossas conversas e permitir que elas próprias falem sobre suas conquistas, sem que os pais pressionem. Se conseguirem uma boa nota, elas mesmas dirão o quanto estão orgulhosas.
No entanto, quando os pais fazem perguntas diretas logo de início, as crianças podem interpretar que sua preocupação está mais voltada para os resultados do que para seu bem-estar. De acordo com Wallace, “elas devem receber a mensagem de que me preocupo com elas como um todo, e não apenas com seu desempenho”.
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