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Psicólogo Clínico, do grupo Mantevida*, é formado em Psicologia pelo Centro Universitário Mauá de Brasília (UniMauá), co...
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Fazer novas conexões, muito provavelmente, está entre as melhores sensações da vida, mas o problema é que nem sempre isso é uma tarefa fácil e, diante da dificuldade, somada a questões de insegurança, é comum que a pessoa tente agradar os demais, de forma incessante e, às vezes, problemática.
Ao MinhaVida, Wanderson Neves de Araujo, psicólogo clínico do grupo ManteVida, explica que a necessidade agradar a todos, a todo momento, pode ser um claro reflexo de baixo autoestima.
“Pessoas com baixa autoestima frequentemente buscam validação externa para se sentirem valiosas e aceitas. Elas podem acreditar que suas próprias necessidades e desejos são menos importantes do que as dos outros, e assim, fazem um esforço constante para ganhar a aprovação dos outros. Segundo Carl Rogers, um dos principais teóricos da psicologia humanista, indivíduos com baixa autoestima podem desenvolver um “self idealizado”, no qual se esforçam para atender às expectativas dos outros, em vez de viver de acordo com seu verdadeiro “self”.
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Os comportamentos comuns de quem sente necessidade de agradar a todos
Conforme o psicólogo, os padrões de comportamento comuns entre pessoas que tentam agradar a todos são:
- Dificuldade em dizer não: “evitam recusar pedidos, mesmo que isso prejudique suas próprias necessidades”;
- Busca constante por aprovação: “precisam de validação contínua dos outros para se sentirem bem consigo mesmas”;
- Negligência das próprias necessidades: “colocam as necessidades dos outros à frente das suas próprias, muitas vezes se esquecendo de cuidar de si mesmas”;
- Medo de conflitos: “evitam confrontos e preferem manter a paz, mesmo que isso signifique comprometer suas próprias opiniões e sentimentos”;
- Adaptação excessiva: “mudam seu comportamento, opiniões ou gostos para agradar os outros e evitar rejeições”.
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Como a necessidade de agradar às pessoas pode afetar a saúde mental?
O problema começa a partir do momento em que alguém deixa de se colocar como prioridade para agradar outras pessoas. É um tanto quanto inviável manter a saúde mental em dia quando não se tem uma boa relação consigo mesmo.
Entre os possíveis impactos negativo que este hábito pode gerar à mente, Wanderson destaca:
- Estresse
- Ansiedade
- Esgotamento emocional
- Ressentimento
- Perpetuação da baixa autoestima
- Dificuldade em relacionamentos
Fatores que contribuem para a necessidade de agradar outras pessoas
Existe uma série de fatores por trás da necessidade de agradas a todos. Segundo o especialista, este tipo de comportamento pode ser resultado de:
1 - Críticas excessivas
“Crianças que cresceram em ambientes onde receberam críticas constantes podem desenvolver uma necessidade de agradar para evitar desaprovação”.
2 - Falta de validação emocional
“A falta de reconhecimento e validação emocional por parte dos cuidadores pode levar as crianças a buscar aprovação externa”.
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3 - Expectativas irrealistas
“Pais ou cuidadores que colocam expectativas irrealistas sobre as crianças podem pressioná-las a buscar constantemente a perfeição e a aprovação”.
4 - Modelos parentais
“Observar comportamentos semelhantes em figuras parentais pode influenciar o desenvolvimento de padrões de agradar aos outros”.
Práticas para estabelecer limites e priorizar as próprias necessidades
Wanderson lista algumas práticas simples que podem ajudar a pessoa a colocar as próprias necessidades em primeiro lugar. São elas:
- Autoconhecimento: “desenvolver uma compreensão profunda de suas próprias necessidades, desejos e valores”;
- Terapia: “participar de terapia pode ajudar a identificar padrões de comportamento e desenvolver estratégias para estabelecer limites saudáveis”;
- Comunicação assertiva: “aprender e praticar habilidades de comunicação assertiva para expressar necessidades e dizer não de maneira respeitosa”;
- Autocuidado: “priorizar atividades que promovam o bem-estar físico, emocional e mental”,
- Redefinir expectativas: “ajustar expectativas internas e externas, reconhecendo que é impossível agradar a todos e que isso não diminui seu valor pessoal”;
- Desenvolver uma rede de apoio: “buscar apoio de amigos, familiares ou grupos que compartilhem valores semelhantes e que ofereçam apoio emocional”.
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