
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Cada um com o seu gosto. Mas se você fosse convidado de um proprietário de terras medieval, um conde ou barão rico que quisesse impressionar seus convidados com um banquete luxuoso à base de peixe, carne, vinho e doces, seria melhor que seu gosto se inclinasse para alimentos muito condimentados.
Afinal, não era absurdo encontrar uma bandeja de faisão sobre a mesa, mergulhada em um molho feito com 17 temperos diferentes, tantos que seu sabor dificilmente agradaria aos paladares de hoje. Essa expectativa pode parecer desagradável para você, mas para os comensais medievais fazia todo o sentido.
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Melhor com especiarias
Os ricos comensais da Idade Média adoravam especiarias. Bastante. Tanto que seus banquetes eram uma verdadeira exibição de condimentos como gengibre, canela, pimenta-do-reino, noz-moscada e açafrão. Michael Delahoyde, da Universidade Estadual de Washington, explica que um molho de carne pode conter cerca de 17 temperos diferentes.
Em outro exemplo recente, o El País falou de receitas com até 15 mil calorias e muito açúcar. Tudo em um prato. Formando uma mistura de sabores que tornaria os alimentos que davam brilho aos grandes banquetes dos nobres medievais dificilmente comestíveis para os comensais do século XXI. E isso ocorre porque nunca foi tão fácil encontrar temperos como hoje: basta entrar em qualquer supermercado e você encontrará prateleiras cheias deles.
Uma janela gastronômica
Se sabemos o que os nobres medievais comiam e como era, é graças ao trabalho de historiadores e obras como 'El Llibre de Sent Soví', um manuscrito que se destaca por vários motivos. Trata-se do livro de receitas mais antigo do gênero na Península Ibérica.
A obra contém 72 receitas e remonta ao século XV, embora os especialistas estejam convencidos de que a obra é baseada em um original anterior, agora perdido, escrito em 1324. O livro ressalta que além de apreciar o bom gosto dos pratos, os medievais gostavam de se exibir, usando a gastronomia como símbolo de status.
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Demanda insaciável
"A demanda insaciável da Europa por especiarias no final da Idade Média é um exemplo impressionante de uma mudança histórica dramática impulsionada pelas preferências do consumidor", observou Paul Freedman em um artigo de 2012 no The Oxford Handbook of Food History.
O resultado são receitas como o frango com açúcar, que podemos ler no manuscrito do século XV conservado em Valência. Além disso, as especiarias não eram usadas apenas na culinária, elas também tinham aplicações médicas.
Uma maneira de conservar alimentos?
Como costuma acontecer com tudo relacionado à Idade Média, o uso de especiarias é obscurecido por estereótipos e preconceitos que nem sempre são precisos. Delahoyde relembra o "mito comum" de que os cozinheiros da época dependiam muito dos temperos para mascarar o sabor da carne estragada.
Afinal, não havia geladeiras ou freezers para manter a carne fresca, certo? Por que não temperar bem? É pouco provável que isso tenha acontecido. E a razão é simples. Na Idade Média, as pessoas também tinham consciência da importância dos alimentos frescos e aqueles que tinham recursos para comprar especiarias provavelmente não as usariam para esse propósito.
Primeiro porque eram caros demais para serem desperdiçados em carne podre. Em segundo lugar, não é absurdo pensar que se um aristocrata podia ter cravo em sua despensa, ele provavelmente também tinha carne fresca.
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