
Dr. André atende no ambulatório de neuropediatria e neurocirurgia do Hospital São Francisco, unidade de Osasco. Comprome...
i
Meu filho está andando no tempo certo? Essa é uma das perguntas que mais me fazem no consultório, especialmente quando os pais veem outras crianças da mesma idade já ensaiando os primeiros passos. Como neurocirurgião e especialista em desenvolvimento infantil, explico que observar os marcos motores esperados pode ajudar a entender se o desenvolvimento está seguindo um ritmo saudável.
Eu sempre destaco que é fundamental lembrar que cada criança tem seu próprio tempo, mas há períodos esperados para certas habilidades motoras. Por exemplo, geralmente, oriento que o bebê comece a sustentar a cabeça aos três meses, a rolar aos quatro, a sentar-se sem apoio aos seis meses e a andar até os 18 meses. Esses marcos são sinais importantes de que o sistema nervoso e os músculos estão evoluindo de forma coordenada, o que é essencial para um bom controle corporal.
Além dos movimentos maiores, a coordenação motora fina – como a capacidade de pegar objetos pequenos entre os dedos – também é importante. Quando a criança consegue segurar um brinquedo ou explorar um objeto com os dedos, isso demonstra que o cérebro e os músculos estão se comunicando bem. Essa coordenação é uma base importante para o desenvolvimento motor e cognitivo da criança.
Leia também: Ciência aponta por que você deve limitar o uso de telas por crianças pequenas
Como incentivar os primeiros passos?
Além de observar os marcos, os pais podem auxiliar diretamente no desenvolvimento motor dos filhos. Eu recomendo fortemente as brincadeiras simples, como oferecer brinquedos ao alcance, incentivá-lo a engatinhar ou segurar suas mãos para os primeiros passos, que podem parecer pouco, mas faz toda diferença. O ambiente e o estímulo certo ajudam a criança a explorar suas habilidades.
Eu sempre ressalto também a importância de dar tempo e liberdade para que a criança experimente seus próprios movimentos. O aprendizado de andar é uma descoberta natural e em vez de apressar o processo, oriento que os pais ofereçam apoio e permaneçam próximos, transmitindo segurança.
Outro ponto é que diversos fatores contribuem para que o bebê dê seus primeiros passos, como o fortalecimento muscular e a coordenação motora. Antes de andar, eles precisam desenvolver força suficiente para manter a postura ereta. Atividades como ficar de bruços, sentar, engatinhar e andar com apoio são essenciais para fortalecer os músculos e preparar a criança para a grande conquista dos primeiros passos sozinhos.
Leia também: Bebê de 50 semanas: quais são os vilões do desenvolvimento infantil?
Quando se preocupar?
Alguns sinais podem indicar que é hora dos pais procurarem um especialista, e é importante ficarem atentos a eles, como: se o bebê não demonstrar interesse em andar até os 18 meses ou não conseguir se manter em pé com apoio, é importante buscar orientação médica. Além disso, a ausência desses marcos pode ser um indicativo de que algo está afetando o desenvolvimento motor, como questões musculares, neurológicas ou até mesmo fatores genéticos.
Outro ponto é que se os pais que notarem que a criança tem dificuldades em engatinhar, sentar sem apoio, ou se levantar sozinha também devem ficar atentos. A falta desses comportamentos essenciais pode sinalizar atrasos que, se identificados precocemente, podem ser tratados com terapias, ajustes de rotina ou, em alguns casos, fisioterapia.
É importante não esperar que o bebê cumpra esses marcos de forma automática; buscar apoio médico pode fazer toda a diferença para garantir que o desenvolvimento seja saudável e dentro do esperado.
Por fim, sempre destaco a importância de acompanhar de perto os bebês que ainda não deram os primeiros passos até os 18 meses, para identificar possíveis causas do atraso. Embora isso não indique, necessariamente, um motivo de preocupação, os pais devem realizar uma investigação cuidadosa para descartar qualquer condição de saúde que possa estar afetando o desenvolvimento motor.
Leia também: 6 brincadeiras e suas funções no desenvolvimento das crianças