
Dr. André atende no ambulatório de neuropediatria e neurocirurgia do Hospital São Francisco, unidade de Osasco. Comprome...
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É comum ouvir preocupações como: 'Já era para ele estar falando?' ou 'A filha da minha prima tem 9 meses e já está andando'. Embora cada criança tenha seu próprio ritmo de desenvolvimento, existem marcos importantes que devem ser observados.
Sorrir, engatinhar, falar as primeiras palavras e dar os primeiros passos são sinais de um crescimento saudável. Se esses marcos não são alcançados na idade esperada ou persistam, pode ser um indicativo de que algo não está indo como deveria.
Ainda que cada criança tenha seu próprio ritmo de crescimento e aprendizado, é fundamental que todos os cuidadores estejam atentos aos marcos do desenvolvimento infantil. Assim como o termômetro nos ajuda a verificar se a temperatura está dentro da normalidade, e a régua e a balança indicam altura e peso, os marcos de desenvolvimento servem para avaliar se as variações observadas seguem padrões esperados.
Ao conhecer esses parâmetros, é possível identificar precocemente eventuais atrasos ou dificuldades e buscar a orientação adequada, contribuindo para um desenvolvimento saudável e equilibrado de cada criança.
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Mas afinal, quais são os sinais de alerta para os pais?
Com base na minha experiência como médico, é comum haver pequenas variações no desenvolvimento das crianças, e, geralmente, isso não é motivo para preocupação. No entanto, é importante ficar atento caso esses atrasos persistam após os três anos e venham acompanhados de dificuldades nas habilidades motoras, na fala ou na compreensão.
Um sinal de alerta é a dificuldade contínua em habilidades motoras, como engatinhar, andar ou coordenar movimentos. Se uma criança apresentar dificuldades persistentes nessas áreas, isso pode indicar questões mais sérias e, nesse caso, uma avaliação mais detalhada é necessária.
Além disso, é essencial observar o desenvolvimento da linguagem. Segundo o CDC e a Sociedade Brasileira de Pediatria, por volta dos 12 meses, os bebês começam a dizer palavras simples como "mamá" ou "papá" e, aos dois anos, já devem formar frases curtas, como "quer água" ou "pega bola".
Se uma criança não responde ao próprio nome até os 12 meses, não aponta para objetos para demonstrar interesse até os 18 meses ou não formar frases com duas palavras até os dois anos, pode ser um sinal de alerta para atrasos na comunicação. Como a linguagem é essencial para o desenvolvimento social e escolar, a falta de progresso nessa área deve levar à busca de uma avaliação especializada.
Outro ponto importante é o desenvolvimento socioemocional e cognitivo. Aos três anos, a criança já deve demonstrar interesse em brincar com outras crianças, imitar gestos e ações de adultos, seguir instruções simples e expressar emoções básicas. Se a criança evitar o contato visual de forma constante, não demonstrar interesse em interações sociais ou tiver dificuldade em entender instruções simples, é essencial procurar orientação.
Mas é importante que os pais não apenas verifiquem se a criança está andando ou falando na idade certa. É preciso observar como ela está se desenvolvendo em outras áreas, como interação social e habilidades cognitivas e emocionais. Essa visão mais ampla e completa, ajuda a identificar se há algo que realmente precisa de atenção.
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Diagnósticos precoces são capazes de reverter atrasos por completo
A intervenção rápida pode, em muitos casos, não só mitigar os efeitos desses atrasos, mas até os reverter por completo, permitindo que a criança se desenvolva em paridade com as demais crianças.
Cada criança é única e precisa de uma abordagem que se encaixe nas suas necessidades. Quando identificamos atrasos cedo, podemos iniciar terapias específicas que ajudam a resolver os problemas.
Por exemplo, se uma criança está com dificuldade para falar, a terapia da fala pode ajudar a melhorar essa habilidade. Da mesma forma, atrasos nos movimentos podem ser tratados com fisioterapia, que melhora a coordenação e a força muscular.
Além disso, identificar e tratar possíveis problemas precocemente faz uma grande diferença na vida emocional e social da criança. Receber ajuda desde cedo pode evitar dificuldades que impactam a autoestima e as habilidades de interação, proporcionando um desenvolvimento mais equilibrado e saudável.
Como médico, sempre reforço a importância da observação atenta e da intervenção no momento certo para oferecer o melhor suporte possível.
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