
Médica do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), ginecologista e obstetra pela UFRJ, pós graduada em Nutrologia pe...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Você malha, tenta comer bem, evita exageros… mas a barriga insiste em parecer inchada, saliente, até com aquele volume típico do início da gravidez. Se esse é o seu caso, saiba que nem sempre o problema está relacionado à gordura localizada ou à falta de atividade física. Na verdade, existe uma condição pouco comentada — mas cada vez mais comum — que pode estar por trás desse formato de abdômen mais arredondado: a resistência à insulina.
Sim, aquela mesma substância associada ao controle da glicose no sangue pode influenciar (e muito!) a forma como seu corpo acumula gordura, especialmente na região abdominal. Quando as células deixam de responder corretamente à insulina, o organismo precisa produzir quantidades maiores do hormônio para manter os níveis de açúcar equilibrados — e isso, entre outros efeitos, favorece o acúmulo de gordura visceral, o tipo mais perigoso, que se deposita ao redor dos órgãos internos.
O resultado: uma barriga persistente, difícil de eliminar, que muitas vezes nem se resolve com dieta ou exercícios. Mas calma, identificar esse quadro é o primeiro passo para revertê-lo com estratégias eficazes.
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A resistência à insulina e como ela influencia o acúmulo de gordura abdominal
Segundo a endocrinologista e nutróloga Thaís Fonseca, esse é um quadro cada vez mais comum — e muitas vezes silencioso. “A resistência à insulina é uma condição em que as células do corpo não respondem de maneira eficaz à insulina, um hormônio que regula o açúcar no sangue”, explica. “Quando a insulina não funciona corretamente, o corpo precisa produzir mais desse hormônio para conseguir controlar os níveis de glicose.”
A consequência direta desse descompasso é o aumento nos níveis de insulina circulando no sangue. E é aí que entra a questão da gordura abdominal. “Quando a insulina está elevada, o corpo tende a armazenar mais gordura, especialmente na região da ‘barriga’. Isso acontece porque a insulina estimula o armazenamento de gordura e inibe a sua queima”, afirma Thaís.
Ou seja: mesmo com uma alimentação equilibrada e prática regular de atividade física, a gordura abdominal pode continuar ali firme e forte — não por falta de esforço, mas por causa de um desequilíbrio hormonal.
E tem mais! A resistência à insulina também interfere nos seus desejos alimentares. “Essa condição pode levar a um aumento do apetite e da vontade de consumir alimentos ricos em açúcar e carboidratos, contribuindo ainda mais para o acúmulo de gordura nessa área”, diz a médica. Um ciclo vicioso que começa com o desequilíbrio hormonal e termina (ou se perpetua) nos excessos alimentares.
Por tudo isso, é importante entender que a resistência à insulina não é apenas uma questão de açúcar no sangue. “Ela também pode ser um fator importante no ganho de peso, especialmente na gordura abdominal, que está associada a diversos problemas de saúde”, conclui Thaís.
Entretanto, é possível reverter esse quadro com mudanças no estilo de vida, alimentação adequada e, em alguns casos, acompanhamento médico. Mas o primeiro passo é saber que essa condição existe — e que ela pode ser a chave para entender o que está por trás daquela barriga que não vai embora.
Sintomas que indicam que a barriga pode estar relacionada a esse problema
Se suas roupas andam mais apertadas na cintura ou você sente que a barriga está sempre estufada, vale prestar atenção em outros sintomas que podem acompanhar esse quadro. “Um sinal muito comum é a fome excessiva. A resistência à insulina pode causar variações nos níveis de açúcar no sangue, levando a uma sensação frequente de fome, mesmo após as refeições”, explica Thaís.
Outro indício que muitas vezes passa despercebido é o cansaço. “Sentir-se cansado ou sem energia, mesmo após dormir o suficiente, pode ser um sinal de que seu corpo está tendo dificuldade para usar a insulina de maneira eficaz”, diz a médica.
E aquele desejo quase incontrolável por doces ou massas? Pode não ser apenas gula. “Um desejo constante por doces e carboidratos pode indicar que seu corpo está tentando compensar os níveis de glicose que não estão sendo bem aproveitados”, afirma Thaís.
Por fim, vale ficar atento aos resultados dos seus exames de rotina. “Se você realiza exames regulares e seus níveis de açúcar estão frequentemente elevados, mesmo que ainda dentro dos limites considerados normais, isso pode ser um sinal de resistência à insulina”, alerta.
Como reverter a resistência à insulina?
Receber o diagnóstico de resistência à insulina pode parecer assustador à primeira vista, mas é importante saber que essa condição tem reversão — e o caminho envolve mudanças acessíveis no estilo de vida. Segundo a endocrinologista e nutróloga, a chave está em entender o corpo como um sistema integrado: alimentação, sono, estresse, atividade física e até a hidratação desempenham papéis importantes no equilíbrio hormonal.
“Além da alimentação e dos exercícios, existem várias outras estratégias que podem ajudar a reverter a resistência à insulina”, explica a médica. E tudo começa pelo que está no prato. Incluir alimentos naturais, ricos em fibras, proteínas e gorduras boas é essencial. “Devemos priorizar os vegetais, que são ricos em fibras e nutrientes, e as proteínas magras, como peixes, ovos e aves. Também vale apostar nas gorduras boas, como azeite de oliva, abacate e nozes”, orienta.
Ao mesmo tempo, é importante evitar os vilões já conhecidos: “Açúcares refinados, bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados podem causar picos de glicose no sangue, o que agrava a resistência à insulina”, alerta Thaís.
Mas não para por aí: o estilo de vida como um todo influencia bastante. O estresse crônico, por exemplo, pode sabotar seus esforços. “Altos níveis de cortisol — o hormônio do estresse — contribuem para a resistência à insulina. Por isso, técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, ioga, respiração profunda e atividades relaxantes, podem ser muito benéficas”, destaca a especialista.
Outro fator que faz diferença é o sono. “Dormir bem é essencial para a saúde metabólica. A falta de sono pode afetar negativamente a sensibilidade à insulina. Por isso, é importante criar uma rotina de sono regular e um ambiente propício ao descanso”, diz Thaís.
A hidratação também tem seu papel. Trocar refrigerantes e sucos industrializados por água pode parecer simples, mas faz diferença. “Beber água suficiente é fundamental para o funcionamento adequado do corpo e ajuda a controlar o peso e melhorar a sensibilidade à insulina”, reforça.
E para algumas pessoas, o acompanhamento médico pode incluir o uso de suplementos ou medicações. “Em alguns casos, suplementos como magnésio, cromo e ácido alfa-lipóico podem ajudar, mas é sempre importante consultar um médico antes de iniciar qualquer suplementação. Já os medicamentos, como a metformina, a dapagliflozina ou os análogos de GLP-1, como a semaglutida, podem ser indicados quando necessário, sempre com orientação profissional”, completa.
Reverter a resistência à insulina é totalmente possível — e quanto antes você agir, melhor! Como lembra a especialista: “Adotar essas mudanças no estilo de vida pode ajudar a melhorar a sensibilidade à insulina e, consequentemente, a saúde metabólica. É sempre recomendável consultar um profissional de saúde ou nutricionista para orientações personalizadas.”
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