Psicóloga formada em 1998 pela Faculdade de Ciências e Letras, com validação e equivalência de diploma pela Universidade...
iEstamos tão "pré-ocupados" que no meio da viagem esquecemos de olhar a paisagem! Tem tanta coisa boa acontecendo, mas a gente dá valor àquelas que parecem ser mais dramáticas. É como na tv: ainda continuamos em nosso cotidiano dando IBOPE para o que mais "impressiona".
Nas vezes em que fui voluntária numa casa de câncer me proibiram de publicar fotos na internet no site da nossa associação... As fotos mostravam as crianças (algumas carequinhas, mas nem todas) felizes, brincando... Quem olhasse as fotos se emocionaria, mas por ver tanta vida nos olhos daquelas crianças...
O quadro das mães era totalmente diferente: mães desanimadas, algumas já "enterrando" seus filhos. As crianças eram a lição maior. Era isso que eu desejava ilustrar no intuito de chamar as pessoas para se tocarem, para estarem perto. Mas me foi proibido, com risco até de um processo.
Semanas após vejo um outdoor na cidade com a mesma criança, com cara de dor numa sessão de quimioterapia, pedindo contribuições financeiras. As lições desse acontecimento são várias. As crianças são, talvez, nossos maiores mestres e professores. Envelhecemos e achamos que ganhamos "responsabilidade".
Na verdade, perdemos a beleza. Ficamos rigídos, não brincamos mais, levamos tudo muito "a sério", criamos mágoas por qualquer coisa... As crianças colocam beleza em tudo o que fazem... em meio aos muitos nãos dos adultos, continuam descobrindo o mundo. Experimentam os sabores das coisas, brincam, mesmo depois que um colega o "ofendeu".
Na verdade, o sentido de ofensa para uma criança é muito diferente do nosso. Elas têm a facilidade de esquecer e abraçar de novo, esquecer e dar risada de novo... Nós ainda continuamos pré-ocupados e ansiosos como as mães na casa de crianças com câncer. Nosso semblante, quantas vezes são tensos por tantas situações. Nós não confiamos na força da natureza.
Nós nos esquecemos da força de nossa natureza e estamos sempre forçando as coisas... Ansiosos, perdemos a oportunidade de experimentar os sabores, como as crianças fazem. Tomamos um sorvete, mas nem sabemos do que era... Alguém nos faz um afago, um gesto, uma palavra, um presente, mas nós não curtimos quanto poderíamos...
Já voltamos a ser vítimas e procurar algo para lamentar... Certa vez escutei uma frase numa palestra: "Você pensa que egoísta é aquele que faz muito por si? O egoísta quer que os outros cuidem dele! Deixar de ser egoísta é cuidar de si mesmo."
Adriana de Araújo é Psicóloga clínica e hipnoterapeuta ericksoniana.
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