Diretora-Médica do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-SP) do In...
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Com a chegada das estações mais frias, a preocupação com doenças respiratórias é grande, principalmente no caso dos bebês, que têm um sistema imunológico mais frágil. "As crianças nascem com alguns componentes de defesa e outros são constituídos com o passar dos anos, é o que chamamos de imunidade adaptativa ou adquirida. Alguns desses componentes só ficam por volta dos 7 anos", explica a imunologista e alergista Fátima Rodrigues, do Hospital Infantil Sabará.
Os primeiros meses de vida são o momento em que a criança começa a entrar em contato com possíveis causadores de alergias, como ácaros e poeira doméstica. O mais comum nas crianças são as alergias na pele, como a dermatite de contato, e alergias respiratórias, como bronquite e asma. Portanto, quaisquer lugares que os acumulem podem ser perigosos, inclusive as roupas de frio.
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Para saber quais crianças são mais propícias a alergias, basta ver o histórico da família. Normalmente quem tem parentes de primeiro grau alérgicos tem chances mais altas de ter reações com determinados alérgenos. Quando os pais têm algum tipo de alergia, a probabilidade é maior ainda.
Pensando nisso, listamos quais os principais tecidos que usamos em dias frios e cuidados que devemos ter com eles para preservar a saúde dos bebês.
O mais indicado: moletom
Para a dermatologista Samar Harati, do Hospital São Luiz, o moletom é o melhor dos tecidos para as crianças em dias frios. "Ele não possui linhas para acumular pó e ácaros, evitando riscos de causar alergias e permite que o bebê fique quentinho", explica a especialista.
O tecido muitas vezes é feito com 100% algodão, o que facilita sua lavagem, além de permitir a respirabilidade da pele. Normalmente, ele é usado para peças de roupas, como calças, jaquetas e casacos.
Indicados, se usados e cuidados com atenção
Flanela
A flanela é um tecido muito versátil para o inverno e outono, e pode ser composto por lã, fibra sintética e algodão. Vale ficar de olho na composição do tecido - o ideal é preferir opções que trazem a maior porcentagem de algodão, já que é uma fibra natural.
"As fibras sintéticas podem irritar a pele da criança, já o algodão seca mais rapidamente e acumula menos alérgenos", diferencia a imunologista e alergista Fátima Rodrigues, do Hospital Infantil Sabará. Ele pode ser usado para diversas peças, como casacos e calças, além de cobertores.
Plush
A maior característica do plush, tecido usado em cobertores e casacos, é ser mais fofo e bem parecido com uma pelúcia. Por isso mesmo, é o local perfeito para acúmulo de poeira e ácaros, como nos lembra a imunologista Fátima Rodrigues.
Porém, o ideal é verificar na etiqueta qual a composição do tecido: quanto maior a porcentagem de algodão, e portanto menor a de poliéster, melhor para os pequenos, já que ele é menos irritante para o bebê. Existem plushs com até 80% de algodão, vale priorizar.
Veludo
Um tipo clássico e interessante para peças como calças. No entanto, sua desvantagem é que ele também tem uma característica felpuda, com penugens curtas na superfície, sendo um bom local para acúmulo de poeira e ácaros. Por isso, a dica é lavá-lo com frequência.
Soft
Tecido comum para cobertores e casacos, ele é bem felpudo. Apesar de confortável, essa é uma desvantagem desse tipo de tecido. Assim como o plush e o veludo, o soft é mais propício a acumular resíduos de poeira e ácaros, conforme ensina a imunologista e alergista Fátima. Por outro lado, ele pode ser utilizado com cautela, desde que lavado com frequência - pelo menos uma vez por semana.
O menos indicado: lã
A lã apresenta duas grandes desvantagens que o levam a ser o menos indicado para aquecer bebês: além de ser poroso, o que favorece o acúmulo de ácaros e poeira, ele é propício a soltar fiapos, o que pode irritar as vias aéreas do bebê. Por isso, é importante que o tecido seja evitado na hora de aquecer o bebê.
Caso já tenha peças feitas com lã, como cobertores, cachecóis e casacos, vale tomar alguns cuidados especiais. "A lã exige que as peças sejam secas ao sol e guardadas em sacos plásticos individuais", ressalta a dermatologista Samar.
Outra dica é preferir os tipos menos felpudos quando for comprar roupas desse material. As lãs menos peludas, por sua vez, podem arranhar ou pinicar a delicada pele do bebê. Vale observar ainda na loja a qualidade do produto e fazer os testes na sua própria pele se for o caso.
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E a roupas dos pais?
Não só as peças das crianças são importantes, como também a dos pais, já que os bebês entram em contato com esses materiais no dia a dia quando são pegos no colo, por exemplo. Como os itens de inverno ficam guardados ao longo das outras estações, é preciso retirá-los dos armários antes de esfriar e tomar um cuidado especial na lavagem.
"Para ter uma higiene adequada é importante evitar produtos com cheiros fortes, preferir sabões neutros, lavar e enxaguar várias vezes o tecido e fazer secagem da roupa em ambiente ventilado, para não acumular mofo", explica a imunologista Fátima. Tirar o pó dos ambientes também é uma boa pedida, sempre usando pano úmido no lugar de aspiradores, vassouras e espanadores, que só espalham as partículas.