Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
A lista de reclamações das mães de adolescentes é extensa. E, entre as dificuldades, está a de aceitar a namorada do filho. Se o garoto vai mal na escola, você logo culpa a moça. Mas como perceber se essa sua percepção tem fundamento mesmo ou apenas reflete o ciúme exagerado que sente pelo filhote?
"Depois que começou a namorar, meu filho mudou completamente. As notas já não são as mesmas na escola, o comportamento está mais agressivo. Parece que a harmonia da minha casa acabou, quando ele encontrou essa menina. "É por esse motivo que eu não aceito e até proíbo que eles fiquem juntos", diz a Lucia Monteiro, de 32 anos, mãe de um adolescente de 15.
Mas como enxergar que o pensamento não passa de implicância sua? Ou explicar para seu filho que a moça não é uma boa companhia? Para te ajudar a resolver esse impasse doméstico, o MinhaVida conversou com a terapeuta Maria Teresa Prado Marcondes, que explica como ajudar a tirar seu filho de uma cilada ou fazê-la perceber que todo esse desespero pode ser causado por ciúmes do seu filhote.
Analise a situação
Antes de entrar em ação, é preciso entender se a nova namorada está mesmo causando problemas, ou se os ciúmes é a questão de de toda essa confusão. "Sempre morri de ciúmes do Felipe, já que ele é meu filho único. Por isso, que quando ele começou a namorar fui contra. Apontava diversos defeitos na menina e até tentei proibir o namoro. Só depois de muitas conversas com meu filho, percebi que o defeito estava em mim", diz Isabel Alves, de 41 anos, e mãe de um garoto de 17.
De acordo com a especialista, esse problema é frequente e pode prejudicar a relação do adolescente com as mães. "As mães costumam ficar muito apegadas aos filhos e o primeiro namoro simboliza que a maturidade está chegando. Então, a proibição do namoro e as brigas em torno desse assunto acontecem", explica a especialista. "O ideal é que a mãe analise a situação e pense no que ela realmente está sentindo, antes de começar a brigar com o jovem ou forçar o término da relação".
Esqueça as proibições e converse
Descobriu que o namoro realmente está fazendo mal para seu filho? A saída mais fácil é proibir o namoro. Mas, de acordo com a terapeuta, essa atitude não irá resolver o problema. "A primeira etapa para tentar afastar a má influência é uma conversa franca com o adolescente, na qual, estarão em pauta os fatos reais e, principalmente, a reafirmação do amor e da confiança dedicados ao filho", explica. "A proibição só vai colocar os sentimentos do adolescente à prova e, na primeira chance, ele vai ao encontro da namorada, já que ele vai sentir necessidade de enfrentar a decisão dos pais".
Faz parte do comportamento da juventude o impulso de desafiar toda e qualquer ordem, por isso que o diálogo deve aparecer em primeiro lugar. "A mãe precisa acolher o filho e mostrar seus sentimentos e sua preocupação, sem falar em proibições. E cuidar para não exagerar ou deixá-lo chateado", afirma.
Na fase da adolescência, o que o jovem mais precisa é entender o que está se passando a sua volta, e é papel dos pais ajudá-lo nessa tarefa. "O foco das conversas deve ser baseado na preocupação com o bem-estar do adolescente, sempre deixando claro que você deseja que ele seja feliz. É assim que conseguimos fazer com que eles pensem se realmente devem seguir com essa relação", explica a terapeuta.
Deixe que ele pense no assunto
Mesmo se preocupando com o filho, as mães precisam deixar que o garoto reflita sobre a situação. "Depois de uma conversa franca e calma, o jovem, mesmo que não demonstre, começa a ponderar o assunto. Muitas vezes, ele percebe que a nova namorada não é uma boa influência para ele e desiste do namoro sem brigas ou discussões", diz.
Ele sabe que está errado
Em alguns casos, mesmo sabendo que a namorada não é uma boa companhia, o jovem decide continuar o namoro. É aí que os pais precisam analisar a situação. "Meu filho começou a namorar uma menina que arrumava confusão na escola, vivia brigando com os pais e fumava. Pedi para ele terminar a relação, mas não adiantou. Mas a menina mudou seus hábitos e hoje nos damos muito bem. Mas só depois percebi que ele gostava dela de verdade e queria que ela virasse uma pessoa melhor", conta a advogada Ana Carolina, de 32 anos, mãe de um adolescente de 17 anos. Exemplos como esse demonstram o amadurecimento do jovem. Mas, é preciso ficar de olho. "Existem pessoas que em vez de melhorar o companheiro acabam se envolvendo demais com os problemas alheios e se prejudicando ", explica.
Passou dos limites
Quando o namoro está relacionado ao envolvimento com drogas, por exemplo, os pais precisam ficar de olhos abertos e não devem perder uma oportunidade de conversar com o adolescente. Se a relação começa a ficar perigosa é hora de tomar uma atitude mais enérgica. Explicar para o filho quais são as consequencias do vício e cortar regalias, como passeios, podem ser as melhores soluções", diz a terapeuta. "Uma conversa com um profissional especializado (psicólogos e terapeutas) também pode ajudar".
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