O fim do ano letivo está chegando e o desespero de alguns pais já começa a aparecer. Para tentar estimular os filhos, que vão mau nas notas e até correm o risco de repetir o ano, a pegarem pesado nos estudos, começam a surgir as ameaças ou, o contrário, as recompensas. O problema é que estas atitudes acabam fazendo com que as crianças enxerguem as atividades escolares como uma tarefa chata, enquanto deveriam compreender o valor do estudo.
Mas, qual a melhor atitude para estimular as crianças a estudarem?O que fazer para que eles comecem a enxergar as aulas mais como um prazer e menos como uma obrigação? Para responder estas e outras perguntas, o Minha Vida conversou com a educadora Vera Werneck , do Colégio Padre Antonio Vieira. "Ainda dá tempo de recuperar o ano letivo, basta que os pais estejam determinados a estimular a criança", explica.
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Mude a tática
"Se você repetir de ano, não vai viajar nas férias", ou "Se você não repetir, ganha uma bicicleta nova". As duas frases são condições comuns usadas pelos pais na hora de tentar convencer os pequenos a estudarem de verdade para as provas finais. A curto prazo, elas até podem ser eficientes, mas nem de longe são uma solução. "Quando os pais focam na punição ou no agrado, a criança acaba confundindo o real sentido da educação. Elas acreditam que estão estudando para realizar as vontades dos pais e não para alcançar conquistas no futuro", afirma a educadora.
A especialista explica que, dessa forma, as crianças acabam afrontando os pais e estudando cada vez menos, já que não entendem o porquê de estudarem tanto. "Quando os pais não explicam a importância de aprender matemática, por exemplo, elas podem pensar: - para que aprender tantas contas se é só para satisfazer o desejo da mãe ou do pai?", ressalta.
A educadora explica ainda que castigos ou recompensas são formas de reagir à tarefas enfadonhas . "Quando a criança mente, por exemplo, ela é castigada. E, quando toma uma injeção, ganha um presente. São duas atitudes voltadas para situações chatas, por isso não podem estar presente quando o assunto é estudo", explica Vera Werneck.
Elimine as atividades extras
Quando o risco de recuperação ou repetência existe, é preciso fazer a criança perceber que precisa voltar todas as atenções para o estudo. "Se a criança realiza diversas atitudes extra- curriculares, ela acaba dividindo a atenção, que deveria estar concentrada no estudo. Natação, futebol e aula de dança, por exemplo, são atividades que devem ser deixadas para segundo plano. O importante é que a criança consiga se focar no estudo", conta. "Depois que os problemas passarem, ela pode voltar a sua rotina normal, mas sempre reservando um tempo para a educação."
Estipule horários
Deixar a criança o dia todo debruçada sobre os cadernos também não é a melhor solução. "Elas precisam de regras e organização. A melhor opção é estipular um horário de estudo, que pode variar de meia hora até três horas por dia, de acordo com a situação e com a quantidade de matérias para estudar. Os pais precisam entender que a criança não vai aprender em um ou dois dias o conteúdo de um ano inteiro", explica a professora. ?Outra questão é que na hora do estudo, televisão, rádio ou qualquer objeto de distração, deve ser deixado de lado".
Elogie as boas notas
Ao contrário das recompensas materiais, os elogios precisam estar envolvidos com a educação dos pequenos. "Os pais acabam comemorando diversas conquistas das crianças, mas esquecem de comemorar uma nota boa ou um aprendizado novo. Elogiar e explicar a importância de saber ler, por exemplo, pode ajudar - e muito. São atitudes que estimulam as crianças a terem mais vontade de estudar e aprender mais", explica Vera Werneck.
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Proponha exercícios
Para fazer com que o filhote pegue gosto pelos os estudos, que tal colocar as lições em prática? "Os pais precisam estar de olho no que os filhos estão aprendendo. Na fase de alfabetização, por exemplo, vale espalhar pequenos bilhetinhos pela casa. E quando estão maiores, peça ajuda para somar a conta do supermercado; basta usar a criatividade", diz.
Grupo de estudos
Que tal estimular a formação de um grupo de estudos? Estudar junto com outros colegas de classe pode ajudar seu filho a pegar gosto pela educação. "Chamar os amiguinhos de classe pode ser um importante passo para as crianças que correm risco de repetir o ano, já que assim eles se ajudam e podem aprendem com mais facilidade", explica. "Mas, é importante que um adulto se certifique que eles estão mesmo estudando, caso contrário esse momento pode virar uma bagunça."
Professor particular
Contratar um professor particular ou colocar a criança em um centro de recuperação pode até ajudar, mas de acordo com a coordenadora, é uma atitude que precisa ser avaliada. "Muitos pais acreditam que esses serviços fazem mágicas e assim a criança jamais irá reprovar nos exames finais. Puro engano, se a criança não estiver estimulada e com vontade de aprender", diz. "A ajuda é bem-vinda, mas primeiro a criança precisa entender a gravidade da situação, além de desejar aprender."
Se ele repetir?
E, se mesmo com todas estas atitudes o pequeno repetir o ano? De acordo com a Vera, os pais precisam enxergar a situação de uma maneira positiva, como uma nova chance para criança. "Se os pais fizerem um escândalo por causa da repetência, a criança já começa o ano seguinte desestimulada. Nessa hora, o papel dos pais é explicar que ela terá mais uma chance para aprender e então conquistar mais uma vitória", ressalta a educadora do colégio Padre Antonio Vieira.