Casa, carro, telefone, escola das crianças, saúde. Acha pouco? A conta ainda precisa considerar gastos com alimentação, lazer e outros tantos itens que enlouquecem os chefes de família. "Eles precisam se desdobrar para conciliar orçamento e despesas", afirma o consultor financeiro, Caio Torralvo.
"Mas, com um planejamento, é possível dar conta dos sonhos sem abrir mão das prioridades do dia a dia". Tem que fazer muita conta e ser transparente nas ambições: somada, a renda do casal consegue atingir os objetivos com mais rapidez, desde que haja cooperação e confiança entre os dois. "E, quando os filhos chegam, vale a pena deixar que eles participem das decisões e entendam por que os adultos fazem certas escolhas", afirma.
Parece complicado? Então veja as dicas do especialista para você chegar cada vez mais perto dos seus sonhos, sem precisar passar noites em claro aflito com as dívidas.
Primeiro passo
A primeira atitude a ser tomada quando o assunto é planejamento familiar é somar todas as despesas fixas do mês e ver quanto elas representam no orçamento geral da família. "Nessa conta, entra aquilo que deve ser pago todos os meses independente de qualquer situação", explica Caio. Dependendo do resultado, você começa a remanejar ou cortar os gastos.
Se sobrar: caso haja saldo positivo, sinal de que a família, embora não tenha feito um planejamento coletivo e mais concreto, tem conseguido manter seu padrão de vida sem muita dificuldade. "É raro isso acontecer hoje em dia. Mas, se for o seu caso, vale a pena pensar em poupar uma quantia mensal, que pode ser usada numa viagem em família, por exemplo, ou na compra de um imóve", afirma o consultor.
Faltou! E agora?
Se os gastos da família são maiores que os ganhos, cuidado: o orçamento está prestes a estourar. "Convoque uma reunião em família para definir as prioridades e comece a cortar. Pode, inclusive, haver um rodízio de prioridades, em nome de uma meta que traga vantagens para toda a família".
Moradia: aluguel x crédito imobiliário
Segundo o consultor, das duas opções, sem sombra de dúvidas a melhor é o crédito imobiliário. "Com ele você tem retorno imediato, já que você pode desfrutar da casa e sabe que, ao final do prazo do financiamento, terá um bem adquirido e até valorizado", explica.
"O aluguel é dinheiro jogado fora. Você passa anos pagando e não tem retorno. Mas tome cuidado com o valor das prestações do crédito imobiliário. Os juros são mais baixos que o custo-benefício do aluguel, mas existem. E, se o seu orçamento não for bem redistribuído em relação às outras despesas, pode ficar comprometido", continua Caio.
"Muita gente acaba financiando a casa própria, mas se esquece de remanejar os gastos e acaba recorrendo a empréstimos para pagar a dívida e entra num círculo negativo interminável", continua. Outra dica bacana do especialista é tentar conciliar transporte, moradia e qualidade de vida: "Se você consegue morar perto do seu trabalho e da escola dos seus filhos, economiza tempo e dinheiro com transporte e melhora a qualidade de vida de toda a família", sugere o consultor.
Convênio médico ou consultas particulares?
Um dia você passa mal e.... Pois é, para Caio Torralvo os convênios médicos ainda são as melhores opções para quem quer pagar mais barato por um atendimento de qualidade e não ter preocupações diante de algum imprevisto com a saúde. "As pessoas relutam um pouco em pagar o convênio. A questão é que os convênios são feitos pra isso mesmo, por precaução. É melhor gastar com eles hoje, do que gastar tudo o que tem amanhã, caso aconteça algum caso de doença mais grave ou um acidente. Trata-se de mais uma medida de planejamento na sua rotina financeira".
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Financiamento x consórcio
Para o consultor financeiro, esta é uma tarefa difícil de decidir, pois depende muito da necessidade de cada família: "Se a família precisa de um carro para se locomover, o ideal é o financiamento. Você paga uma parcela por mês, mas já pode usar o carro. Agora, se o carro serve apenas para lazer, é bom colocar na ponta do lápis se o custo benefício vale a pena, porque o carro exige outros gastos além das parcelas, como o seguro, a manutenção e a gasolina", explica o consultor.
Alimentação: compras no supermercado uma vez por mês ou por semana?
Depende. Se a família é autônoma e recebe renda uma vez por semana, o ideal é fazer uma lista das despesas do mês e distribuí-la em compras semanais. Caso a renda seja mensal, vale manter a lista e comprar tudo o que é preciso, deixando apenas uma pequena reserva de dinheiro para os pequenos imprevistos.
Estudo dos filhos
Para o consultor este é um dos tópicos mais importantes do planejamento e deve ser decidido em conjunto: "A educação depende muito dos valores de cada família, mas em geral todo mundo espera poder oferecer educação de qualidade como forma de garantia de um futuro profissional mais promissor aos filhos", comenta.
"Para isso é preciso planejar longe, do jardim de infância à vida acadêmica. Hoje em dia existem opções bem interessantes de crédito educativo com seguro, em que os pais financiam as despesas educativas dos filhos e, caso fiquem desempregados, o seguro paga as prestações, uma vantagem em relação à poupança", explica Caio.
O especialista deixa claro também que o fato de planejar o futuro educativo não pode comprometer o presente. "Dar condições de ensino precárias para o seu filho hoje para garantir a faculdade ou um curso de inglês amanhã não vale a pena. É melhor remanejar de outro lugar, como por exemplo, fazendo passeios mais baratos", sugere.
Divertir sim, esbanjar não!
Ninguém precisa ficar preso em casa 24 horas por dia para economizar. O lazer deve estar incluso no planejamento familiar e é tão importante quanto os demais aspectos, afinal, é com ele que a família tem a chance de ficar mais próxima e desfrutar de momentos inesquecíveis. "Lazer é fundamental, mas não dá para ir a Disney toda semana ou fazer festa todo domingo e achar que o orçamento vai se manter intacto. Mesmo quem tem um padrão de vida elevado deve ficar de olho nisso, ou não há salário que resista", finaliza o consultor.