Dr. Gerson Luiz Julio é cirurgião plástico, graduado e pós graduado na UNICAMP, mestre em Cirurgia na própria universida...
iComo tenho feito nos últimos anos, regularmente, participei do mais recente Congresso Anual da ASAPS (American Society for Aesthetic Plastic Surgery), o Annual Meeting of the American Society for Aesthetic Plastic Surgery, realizado há pouco mais de um mês, em Washington, nos Estados Unidos.
Nesse evento, além de rever colegas da área - americanos e de outras nacionalidades, o que estimula uma interessante troca de ideias -, pude observar muitas novidades em relação à cirurgia estética, tanto no campo facial quanto no campo corporal.
Cartão de visita das pessoas, face é tratada com uma abordagem mais completa
Entre as novidades da cirurgia plástica facial, constatei que os procedimentos ditos conservadores (ou consagrados) já estão sendo realizados com uma abordagem mais completa, o que determina resultados mais eficazes.
Isso se explica da seguinte forma: com o conhecimento da fisiologia do envelhecimento facial, desenvolveram-se técnicas com a preocupação de proporcionar resultados naturais, por assim dizer, porém mais efetivos e, portanto, com maior durabilidade.
Dentro desse escopo, surge um termo muito interessante, o chamado processo de "facial beautification" ("embelezamento facial"), no qual o planejamento cirúrgico passa por um estudo matemático das medidas faciais, semelhante ao empregado na arquitetura, onde volume, proporção e posição dos elementos são fundamentais para o resultado final.
Em outras palavras, não se trata apenas de esticar a pele, e sim de reposicionar os tecidos profundos. Nos casos de atrofia facial, tanto em função do músculo como da camada adiposa, o reposicionamento é feito por meio de enxertos de gordura ("fat graft"), associados a lifting de incisões reduzidas.
Com a transferência de células mesenquimais (situadas no tecido conjuntivo), a melhora não se restringe somente ao volume, mas também à qualidade da pele da região. Um pescoço bem definido denota vitalidade, beleza, juventude, sensualidade.
Em relação ao nariz, há uma preocupação no sentido de as técnicas manterem a capacidade funcional do órgão, com uma precisão cirúrgica maior, que leva em conta o volume, a forma e a posição do nariz. Assim, mantém-se a naturalidade do segmento nasal.
Outra grande preocupação em relação à face, de forma geral, diz respeito às complicações provocadas pelo uso de substâncias de preenchimento facial. Essa prática pode ocasionar perda de visão, necroses teciduais e prejuízos nasais, além da própria descaracterização da face.
Estão no mesmo patamar as complicações causadas pelo uso de lasers, que pode produzir manchas e cicatrizes, às vezes, irreversíveis.
Quanto ao corpo, a preocupação é deixar cicatrizes cada vez menores
Com relação às intervenções corporais, também constatei algumas inovações que já tenho implementado no meu dia a dia como cirurgião plástico. Por exemplo: as cirurgias de mama deixam cicatrizes cada vez menores, feitas tanto por meio do sulco da mama ou até pela cicatriz vertical.
Uma das demonstrações mais corriqueiras deu conta do uso associado de implantes de última geração à correção da queda das mamas, o que, obviamente, resulta em uma cicatriz menor. Nas plásticas mamárias, tanto de redução como de pexia (ou reposicionamento), há preocupação em manter o pólo superior do seio, valorizando-o.
A questão da lipoaspiração, que sempre atrai a atenção dos profissionais, foi apresentada por meio de técnicas extremamente atuais, executadas com o uso de equipamentos desenvolvidos especialmente para esse tipo de procedimento.
É claro que, para chegar às clínicas - mesmo as americanas -, ainda dependem de aprovação do FDA (órgão que controla medicamentos nos Estados Unidos), mas são, sem dúvida, uma grande promessa. Entre as novas técnicas, destaco as que empregam laser e ultra-som.
Outra abordagem que me surpreendeu envolve a lipoaspiração associada à injeção de líquidos, simultaneamente, durante a retirada da gordura.
Saiba mais: Avanços da cirurgia plástica
Os equipamentos, quando bem utilizados, facilitam o trabalho do cirurgião e propiciam melhores resultados e uma recuperação menos dolorosa para os pacientes.
Mas é claro que os critérios de segurança devem prevalecer: evitar a retirada de mais de 4 litros de gordura, tomar cuidado com a intoxicação por anestésicos, fazer uso de mecanismos de profilaxia de trombose e embolia, bem como utilizar técnicas anestésicas mais suaves, que pouco interferem no mecanismo de coagulação, são atitudes que, acima de tudo, protegem os pacientes.
E não dá para deixar de lembrar: sempre que tiver interesse em buscar mais informações ou submeter-se a um procedimento, o interessado deve se consultar com um médico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).