Mick Jagger, o vocalista da maior banda de rock de todos os tempos, é famoso por seus inúmeros filhos de relacionamentos diferentes. Teve sete filhos com quatro mulheres. No entanto, por mais que essa realidade pareça hollywoodiana, ter filhos de mais de um relacionamento é cada vez mais comum. As pessoas se separam mais e se casam novamente com muito mais frequência. Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE divulgou pesquisa sobre o aumento no número de divórcios e casamentos entre 1984 e 2007. De acordo com a pesquisa, foi constatado que a taxa de divórcios no país subiu 200%. Entre 2006 e 2007, o número de casamentos cresceu 2,9% e no ano passado foram concedidos 179.342 divórcios. Surgem, então, uma nova família e novos filhos - que não exclui a responsabilidade pelos filhos dos casamentos anteriores.
Paternidade plena
A paternidade pode ser plena independemente do casamento. No entanto, muitas questões podem surgir na tentativa de conciliar a paternidade dos filhos que são frutos de diferentes relacionamentos. Uma delas é a distância dos filhos. Muitas vezes, pai e filho não moram na mesma cidade, estado e até país.Lucas, o filho de Mick Jagger com a apresentadora Luciana Gimenez, da Rede TV!, vê o pai a cada dois meses. Isso porque o cantor se diz um pai dedicado. Muitos pais simplesmente não se preocupam em distribuir seu tempo entre os filhos e a vida particular, o que pode acabar gerando mágoas e falhas no desenvolvimento emocional da criança.Quando as crianças percebem que os pais estão separados, dificilmente há um entendimento pleno daquilo. "Uma ideia frequente é a de que a família acabou e de que o pai que não mora mais com ela não é mais seu pai, caso ele não esteja bastante presente", conforme explica a psicóloga Marina Vasconcelos. Assim, os pais devem deixar claro não só com conversas, mas também com atitudes que ele exercerá seu papel de pai.
Aprendizado com as diferenças
Os pais devem combinar uma rotina de visitas frequentes e regrada, para que a criança sinta a presença dele no seu cotidiano. Porém, quando o homem é pai de crianças de vários relacionamentos, isso pode criar outras questões, pois talvez o filho tenha que conviver com seu meio-irmão e a madrasta. "É positivo que a criança conviva com seus irmãos, mas essa decisão deve ser partilhada pelas mães.Da mesma forma, a convivência com a madrasta também é uma decisão que deve ser partilhada com a mãe da criança", diz a psicóloga da Unifesp, Mara Pusch.
A convivência da criança com os meios-irmãos pode ter um lado bastante positivo, que vai além da daquela entre irmãos que moram juntos: conviver com as diferenças. "As diferentes criações pela mãe faz com que a criança tenha outra 'bagagem' cultural e experiências de vida", diz Marina Vasconcelos. Quando há um bom relacionamento do pai com os filhos, que permita essa integração, as crianças só têm a ganhar, pois aceitam mais facilmente as diferenças.
Mãe e madrasta: cada uma tem o seu papel
O professor Rodrigo Rios conta que teve alguns problemas para resolver como seriam suas visitas ao filho, Felipe, de seis anos. "A mãe não permitia que ele frequentasse minha casa, no período em que eu o via, porque não queria que ele convivesse com a minha atual mulher, alegando que o Felipe não tinha idade para compreender a situação. No entanto, sempre concordamos que o meu outro filho, de um ano, fruto do atual casamento, convivesse com o Felipe. Respeitamos ambas as decisões, mas após uma longa conversa", diz Rodrigo.
Do lado da madrasta, que também é mãe, deve haver paciência. "A companheira precisa entender e respeitar os momentos que o pai tem com o filho, pois são essenciais para a formação da criança e o bem-estar do pai. Isso acaba contribuindo, inclusive, para o sucesso do relacionamento amoroso", explica Mara. De fato, muitos relacionamentos vão por água a baixo por conta da relação das madrastas com os filhos do companheiro.Há a situação em que a mãe coloca o filho contra o pai, para evitar o convívio. Porém, cria-se a chamada alienação parental, uma situação grave que pode levar o praticante a perder a guarda do filho em questão.
No projeto de lei que define o que é alienação parental, encontramos: "considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a autoridade, guarda ou vigilância, para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este".Isso é ainda mais importante quando o pai está morando com um dos filhos e com o outro não. Caso o filho que não mora com ele não tenha uma convivência plena com o pai, pode haver um sentimento de rejeição e ciúme do filho. "A criança pode acabar se sentindo menos amada do que a madrasta e o irmãozinho. Além de, em muitos casos, sentir pela mãe que não está mais casada com o pai."
Saiba mais: Você é um pai presente?