Quase todos os dias, ouço muitos pais preocupados com a escola que escolherão para seus filhos. Desde o momento em que eles decidem a hora da criança frequentar a escola - para alguns a partir dos 2 anos - há uma espécie de grande conflito com "o que será do futuro do meu filho?". É nessa hora que podemos ter clareza do nível de expectativa que cada pai e mãe reservam para seus filhos.
Quando alguém resolve se tornar pai e mãe, o imaginário inicia um movimento de formar uma imagem para aquela pessoa que vai nascer. Uma pessoa já concebida com características, gostos, talentos e um caminho quase traçado. Quando vem ao mundo e inicia seus primeiros passos, dando os primeiros tons da sua personalidade. Nem sempre é simples para muitos pais. Alguns dizem: "ele é muito diferente" ou "não é isso que quero para ele, sonhei com outra coisa".
Filhos, embora sejam concebidos e criados por nós, possuem uma maneira peculiar de seguir na vida, de se relacionar e de decidir. Algumas vezes ocorrem semelhanças com os valores e a cultura dos pais, mas muitas vezes, temos um grande desafio: lidar com o que não estava programado pelo nosso desejo, pelas nossas expectativas.
Ao escolher uma escola também projetamos os nossos ideais que não foram atingidos ou aqueles que foram e que julgamos importantes para todos. Nem sempre consideramos que a melhor formação que podemos dar aos nossos filhos está atrelada a condição de que se sintam livres para expressar seus interesses e, que, estejam acompanhados por uma boa dose de autoconfiança, capacidade de enxergar o mundo de maneira ampla, diversificada e de lidar de forma criativa com os eventuais erros e equívocos que, com certeza ocorrerão na sua trajetória.
Muitos pais acreditam na garantia da escola e repetem: "uma boa escola garante o futuro", aliás, a palavra futuro faz parte do slogan de várias escolas. Elas prometem o futuro! Se quisermos criar jovens que tenham a competência de serem proativos e cosmopolitas, capazes de olhar o mundo sob uma perspectiva humanista, iniciemos cedo: por meio de relações familiares claras, bem definidas e acima de tudo respeitosas.
As escolas estão sobrecarregadas, pois, delas se espera não só a função acadêmica, mas, muitas vezes, que façam e se responsabilizem por funções que, ainda, pertencem à família. Uma boa escola é boa quando pode trabalhar aliada à família e quando pode cumprir o papel que lhe cabe. Não lhe cabe a educação familiar; ensinar o respeito, a cidadania, a ética das relações é uma função que sempre pertencerá aqueles que são os responsáveis pela criança. A escola reforça, alinha, acompanha e aproveita os bons valores que já são trazidos pela criança.
Já li vários artigos que defendem uma educação que torne as crianças "cidadãos do mundo", mas o que vem a ser isso? Para ser "cidadão do mundo" é preciso ter uma atitude e uma forma de se relacionar que tenha como característica principal a capacidade de aceitar o outro como diferente, entendendo que ser diferente não é ser desigual. Depende menos da quantidade de línguas que se fala ou de países que foram conhecidos. Ser cosmopolita exige um trabalho diário de se colocar no lugar do outro, se interessar pelo outro genuinamente e escutar o que cada um tem a dizer.
Sem dúvidas, quanto mais pudermos ampliar nossos conhecimentos, melhor, mas não podemos esquecer que é preciso que internamente exista um solo fértil para aproveitar as experiências, fazendo-as experiências de aprendizado e crescimento.
Por isso, quando vamos escolher uma escola, escolhemos um parceiro para nosso caminhar ao lado dos nossos filhos, parceiro este que pode ser mudado a qualquer hora e momento, pois o que queremos é que nossos jovens recebam continuamente uma boa formação, daí a importância de uma parceria que esteja alinhada aos valores e, principalmente, ao compromisso com um viver criativo, espontâneo e objetivo.
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