O ciclista Leandro Valverdes não teve dúvidas. Há 10 anos, vendeu o carro e fez das duas rodas o seu principal meio de locomoção. "Além do baixo custo e dos benefícios ao meio ambiente, guiando uma bicicleta você sabe exatamente o tempo que vai levar para chegar aos lugares. Não pega trânsito, é ótimo. Sem falar na parte da diversão", conta o ciclista que faz parte da Ciclocidade, Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo.
Uma coisa é certa: quem vai de bike, só se atrasa se quiser. Em uma cidade como São Paulo, por exemplo, a velocidade média dos carros em horário de pico é de apenas 15 km/h, segundo o mais recente Relatório de Atividades Operacionais, da CET. "Um ciclista pedalando tranquilamente consegue fazer de 20 a 15 km/h sem suar a camisa", afirma Leandro. Por isso, dependendo da distância, pedalar pode ser uma ótima solução para chegar no horário naquele compromisso importante e ainda garantir o bem-estar da atividade física. E para colher estes benefícios basta pegar a estrada? Não é bem assim.
Provavelmente, quando você saiu para pedalar ralou o joelho, sua virilha ficou assada, suas costas ficaram doloridas e você ainda passou estresse com os carros ao seu redor. Culpa da bicicleta? Não. Culpa do seu despreparo. Quem quer fazer caminhada ou corrida precisa comprar pelo menos um bom tênis antes de ir para pista. Para os adeptos da bicicleta, a lógica é a mesma: existem alguns acessórios que você precisa ter antes de se jogar por aí com a "magrela".
Muitos equipamentos são necessários, para não dizer essenciais, já que, infelizmente, ainda o maior problema da adoção da bicicleta é justamente conviver com os carros nas ruas. "Os carros não gostam de compartilhar a rua. O comportamento ruim dos motoristas ainda é algo com o que temos que lidar", explica Leandro. Mas, é possível sim tornar o seu percurso de bicicleta muito mais agradável. Aqui vão alguns conselhos:
Mais vale um selim bom do que dois joelhos doendo
Para quem não conhece de nome, o selim é o assento da bicicleta. É ele que vai garantir que seu trajeto seja confortável para seu corpo. Às vezes, é necessário trocar o selim que já vem com a bicicleta por um outro que se adapte melhor ao seu formato de corpo, como explica Leandro. "Os selins não deveriam ser unissex, pois anatomicamente a estrutura óssea do quadril da mulher e do homem é diferente", acredita Leandro Valverdes. Como esse tipo de especificidade não é comum, o mais importante é a pessoa testá-lo antes da compra. "Experimentar é a melhor saída. Leve aquele em que você se sente mais confortável."
O ciclista ainda ressalta que a maioria das lesões acontece porque as pessoas regulam a altura do selim de forma errada. Portanto, para além do conforto, está o uso correto do equipamento. "A altura ideal é aquela em que, quando o pedal está na parte mais baixa da bicicleta, a perna fica quase toda esticada", diz Leandro. Um sinal de que o selim está muito alto é quando a pessoa fica rebolando para se equilibrar na bike. E, quando ele está muito baixo, os joelhos ficam muito dobrados.
Saiba mais: Qual a melhor bike para você?
Quem põe capacete, seus riscos espanta!
O uso de capacete para ciclistas ainda não é obrigatório. No entanto, o bom senso é inquestionável: para aumentar a segurança , é indispensável o uso de um bom capacete. "O uso de joelheiras e cotoveleiras é dispensável para quem usa a bicicleta na cidade como meio de transporte, mas o capacete é recomendado para garantir a segurança de quem pedala", indica Leandro. E não tenha dó de gastar dinheiro com o acessório. Procure as marcas e materiais mais resistentes.
Há luzes que vem para o bem
Os refletivos nas rodas e nos pedais são muito importantes para que os carros enxerguem quem está pedalando. Além disso, luzes na parte traseira e dianteira da bicicleta são complementos que ajudam o ciclista a ver e ser visto por todos. Se você é adepto das pedaladas noturnas, também é indicado o uso de um colete que contenha refletivos também.
Com óculos e luva, ciclista anda bem na rua
Para quem vai pedalar na cidade, uma boa dica é comprar um par de óculos de lente transparente (semelhante aos usados por médicos quando vão operar) para proteger os olhos da poluição, poeira, vento e até objetos.
Já as luvas de borrachas, específicas para a prática de atividades físicas, são uma boa opção para proteger as mãos e dar mais aderência ao guidão. São muito recomendadas para as pessoas que suam demais nessa região.
Bike bem presa não escapa
Ainda que você vá deixar sua bicicleta em algum estacionamento, o uso de travas, corrente e cadeado é muito recomendado. "Prefira travas grandes e de ferro, pois são mais difíceis de serem quebradas. Fique atento às boas marcas de correntes e cadeados. Não adianta nada gastar um bocado na bicicleta e economizar nos acessório de proteção dela", recomenda Leandro, que ainda aconselha não deixar a sua bicicleta muito chamativa: "Lembre-se que uma bike toda colorida e cheia de adesivos chama muito mais atenção."
Não é essencial, mas é bacana
Se você estiver se equipando com os acessórios acima, certamente suas pedaladas já estarão muito mais seguras e divertidas. Mas, se você estiver realmente engajado em usar a "magrela" na maior parte das suas locomoções na cidade, existem ainda alguns produtos que podem ser interessantes para deixar sua vida saudável de ciclista muito mais prática.
Um deles é o bagageiro. Vai levar o notebook para o trabalho? Sua mochila com cadernos e livros é pesada demais para suas costas? Sem problemas. Coloque tudo no bagageiro da bicicleta. Hoje em dia, há modelos variados. É só procurar o que melhor te agrada.
Se você mora em uma cidade, como São Paulo, onde o clima é imprevisível, é bom se equipar com uma boa capa de chuva e colocar paralamas nas rodas da bike. Outra boa dica é o uso de roupas leves e claras para pedalar. Se você tiver um lugar para trocar de roupa no seu trabalho, tenha sempre uma outra opção de vestimenta de tecido leve para pedalar. Ajudará na controle do suor. Além disso, as roupas claras refletem a luz e absorvem menos o calor.
As dobráveis
Se a ideia é fazer uma parte do trajeto com bicicleta, e a outra, com outros meios de transporte, uma opção é apostar nas versões dobráveis da magrela. É simples: você pedala, pedala e, quando chega ao destino, é só ir dobrando, dobrando até que ela fica compacta e você pode carregá-la nas mãos sem maiores problemas. "Podem ser úteis quando combinadas, por exemplo, com metrô, ônibus ou trem. Para distâncias mais longas, pode ser complicado, pois as dobráveis têm as rodas menores", explica Leandro.