Márcio Luna é fisioterapeuta e acupunturista. Presidente da regional do Rio de Janeiro da Associação Brasileir...
iSegundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o consumo de tabaco é a principal causa de morte evitável e mata mais de cinco milhões de pessoas no mundo. Diante desta estatística alarmante, cabe às autoridades e aos órgãos de saúde, não apenas deixar a população a par desses dados, como também informar e disponibilizar métodos e tratamentos eficazes contra o tabagismo. Um dos métodos, que deveria ser mais disseminado, é a acupuntura, que tem se revelado uma eficiente combatente da dependência química.
Há mais de cinco mil anos, os chineses utilizam a terapia como meio para a cura e tratamento de diversos males. O método consiste em encontrar a harmonia do corpo e da mente através de canais conhecidos como "meridianos chineses de energia", que percorrem todo o corpo. O tratamento é feito através da inserção de finíssimas agulhas em determinados pontos dos canais, que são chamados de "pontos da acupuntura". A estimulação desses pontos permite o aumento ou a diminuição da energia que circula ao longo desse meridiano.
No caso do tabagismo, a acupuntura age aumentando a liberação de endorfinas e encefalinas no sistema nervoso central e atua excitando a via neural da recompensa (nigrostriatal). Com isso, ela inibe a excitação dos receptores para a nicotina, presentes em maior quantidade nos tabagistas.
O tratamento do tabagismo com a acupuntura é potencializado com o uso de adesivos e chicletes de nicotina. Dessa forma, o paciente não sentirá tanto a falta da droga, pois ele estará preparando o seu corpo para largar a dependência química pela nicotina ao mesmo tempo em que recebe doses cada vez menores da droga que ele estava habituado.
A dependência química, em especial o tabagismo, não é uma doença fácil de tratar e de se promover a abstinência, seja com acupuntura ou com qualquer outro tratamento. Porém, a abordagem terapêutica que inclui a acupuntura tem se mostrado bastante promissora nesse distúrbio, justamente por apresentar muito menos efeitos colaterais oriundos do tratamento e menos recaída.
No entanto, vale ressaltar que o paciente precisa querer parar de fumar, pois a dependência química envolve também, em algum grau, a dependência emocional e psicológica da droga. Até os alimentos podem servir como "muletas" emocionais e provocarem aumento de peso, e caso isso não seja identificado, uma cirurgia bariátrica (de redução de estomago) pode a médio ou longo prazo perder o seu objetivo e o paciente voltar a ser obeso, por isso muitos estudiosos vem comparando a dependência química com a obesidade.
Em relação aos resultados, costumo fazer um cálculo subjetivo e empírico, que associa um mês de tratamento para cada ano de dependência, realizando duas sessões por semana quando o fumante é heavy-smoker (fumante pesado - de um a dois maços de cigarro por dia - tragando ou não tragando). Mais do que isso o tratamento precisa ser dia sim, dia não, até completar um mês.
É aconselhado ao paciente tratar-se duas vezes por semana durante um mês a título de preparação orgânica, para a marcação da data em que ele vai parar de fumar de fato. Após essa data, passamos a duas ou três vezes por semana com a acupuntura. Se houver recaída da dependência nesse período, não haverá recriminação, nem culpa, apenas marcaremos nova data para a parada e continuaremos com o tratamento duas vezes por semana.
Durante muito tempo a acupuntura foi vista com desconfiança por pacientes e médicos adeptos da medicina ocidental. Hoje em dia a situação é bem diferente. Cada vez mais pessoas procuram a acupuntura para tratar os mais variados problemas. E os médicos, antes receosos, hoje indicam o método como complemento no tratamento de diversas doenças.
O sucesso no tratamento depende de vários fatores, entre eles a escolha de um profissional bem treinado e que esteja apto a praticar a acupuntura, geralmente associado a uma instituição de referência.
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