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A dieta ortomolecular é baseada no equilíbrio de doses de minerais e vitaminas no organismo, para ter um corpo saudável e ocorrer a perda de peso, além de prevenir o envelhecimento. Desenvolvida pelo químico Linus Pauling, ganhador de Prêmio Nobel, o foco, então, é ajustar o organismo a partir do consumo de alimentos naturais e de forma individualizada.
Portanto, a ortomolecular visa a prevenção e cura de doenças a partir de doses de vitaminas, aminoácidos, minerais e demais substâncias. Alguns dos exemplos de tratamentos ortomoleculares mais conhecidos são a injeção de insulina para tratamento de diabetes; e prevenção de bócio com iodo.
Para que serve
Atualmente, a dieta ortomolecular é bastante usada para tratar distúrbios e promover o rejuvenescimento. De acordo com Paula Castilho, nutricionista e diretora da Sabor Integral Consultoria em Nutrição, os principais motivos que levam pessoas a procurarem este tipo de dieta estão:
- Perda de peso
- Envelhecimento precoce
- Fadiga crônica
- Tensão pré-menstrual (TPM)
- Menopausa e andropausa
- Queda de cabelo
- Insônia
- Déficit de atenção e de memória
- Enfraquecimento de unhas
A variedade de razões se deve pelo princípio da ortomolecular em tratar qualquer tipo de patologia e ainda auxiliar na prevenção, evitando danos maiores ou mesmo que qualquer doença em específico possa progredir.
Alimentos permitidos no cardápio
Apesar da variedade alimentar ser ampla, a ortomolecular tem restrições que vão desde o cultivo até o modo de preparo dos pratos, conforme Paula. Alguns dos alimentos permitidos são:
Saiba mais: Dieta ortomolecular ajuda a perder peso através do equilíbrio
- Frutas e verduras orgânicas
- Proteína animal - o mais orgânica possível, livre de conservantes
- Farinha somente integral
Alimentos proibidos no cardápio
O cardápio da dieta ortomolecular pode variar de pessoa para pessoa. Porém, em geral, costuma-se cortar:
- Leite
- Manteiga
- Margarina
- Produtos industrializados - sucos, sopas, caldos, enlatados
- Bebidas alcoólicas
- Adoçante - permitido apenas para diabéticos
- Carne vermelha - somente carne vermelha magra é liberada
Quando iniciar
Para a nutricionista Paula, qualquer pessoa pode aderir à dieta ortomolecular. Desde quem deseja se prevenir de alguma doença como aquelas que já têm uma patologia a ser tratada. Não há uma idade ideal para iniciar o tratamento.
Emagrecimento ortomolecular: como funciona
Se você deseja aderir ao método, converse primeiramente com um nutricionista. De acordo com a médica ortomolecular do Hospital das Clínicas de São Paulo (SP), Sylvana Braga, este profissional será responsável por avaliar a bioquímica do paciente. Assim, será verificado a fundo como seu corpo está funcionando e quais os nutrientes faltantes.
Como o tratamento ortomolecular deve ser individualizado, é importante que o nutricionista também colete informações sobre sua rotina: nível de atividade física praticada durante a semana, rotina de trabalho e lazer, padrão de sono e consumo em refeições - incluindo suas preferências e aversões alimentares.
Somente após a avaliação de exames e a breve entrevista é possível prescrever o planejamento alimentar adequado e as suplementações necessárias para você iniciar sua dieta ortomolecular.
Exames necessários
De acordo com Paula Castilho, os exames exigidos antes de iniciar a dieta ortomolecular podem variar a cada paciente. Mas os mais pedidos, no geral, são:
- Exames de sangue, fezes e urina
- Exames de imagem (raio-x, ultrassom, tomografia ou ressonância)
- Bioimpedância
- Mineralograma capilar
A bioimpedância é um exame que avalia a composição corporal da pessoa. Com isso, é possível obter com maior precisão o peso, Índice de Massa Corpórea (IMC), quantidade de massa muscular e de gordura, quantidade de água, entre outros aspectos.
Já o mineralograma capilar, chamado de ?exame do fio de cabelo?, verá a dosagem de minerais no corpo a partir do cabelo. É um exame rápido e indolor para verificar se há excesso de substâncias tóxicas no organismo.
Exames não-convencionais
Há ainda alguns exames que não são comumente exigidos, mas que podem ser pedidos. São eles:
- Termografia
- Testes de intolerância alimentar
- HLB (exame de microscopia, em que é extraída uma gota de sangue do dedo mindinho para mais detalhes sobre as substâncias presentes na corrente sanguínea)
Resultados esperados
Ao seguir as recomendações de um nutricionista, o emagrecimento será um processo natural. Afinal, para Braga, uma dieta equilibrada - rica em alimentos frescos, integrais, orgânicos e funcionais - permite com que o organismo entre em um processo de desintoxicação e eliminação de toxinas acumuladas durante anos de abuso alimentar.
Essa dieta busca fazer com que o corpo saia de um ciclo vicioso, estimulado por alimentos ultraprocessados, refinados, gordurosos, com muito sal, açúcar, corantes, conservantes, aditivos e outros elementos sintéticos, além de agrotóxicos e defensivos agrícolas. A nutricionista Paula Castilho complementa que essa "é uma dieta com bons resultados, ainda mais se alinhada com uma melhor qualidade de vida.
Assim, o paciente aprende a comer de uma forma mais consciente e a evitar componentes que acabavam prejudicando seu organismo. Isso porque, durante o processo, há uma reeducação alimentar em que se aprende a escolher alimentos ricos em nutrientes, sempre visando o benefício à saúde.
Numa dieta ortomolecular o valor calórico é naturalmente menor do que numa alimentação desregrada, rica em alimentos refinados, açucarados, com excesso de sódio e gorduras trans. A perda de peso ocorre de forma espontânea e duradoura e esta dieta deve ser adotada como um programa alimentar em sua rotina.
Tratamento individualizado
A prática ortomolecular parte do princípio de que, de acordo com a genética de cada pessoa e como ela interage com o ambiente - ou seja, níveis de estresse e como se alimenta -, cada um tem necessidades nutricionais específicas.
Na prática, o tratamento ortomolecular enfatiza a suplementação das refeições para ajuste dos nutrientes faltantes ou em excesso em cada organismo. Desta forma, combina vitaminas, minerais, aminoácidos e enzimas para uma alimentação mais equilibrada.
A nutricionista Paula Castilho afirma que, "embora [a dieta] tenha princípios que possam ser seguidos por todos, como trocar versões brancas por versões integrais dos alimentos, o equilíbrio dos nutrientes se dá em um nível altamente individualizado, levando a sério o ditado 'o que é bom para um, não é bom para outro'".
Suplementação não inibe apetite
Não é uma regra, mas pode ser que o nutricionista te recomende suplementações alimentares na dieta ortomolecular. Mas isso não significa que você tomará inibidores de apetite.
De acordo com Braga, os suplementos têm como objetivo manter as taxas de nutrientes em dia e brecar os radicais livres (substâncias formadas pelo próprio organismo e que podem ser prejudiciais quando em excesso). Os radicais livres "favorecem o depósito de colesterol nas paredes dos vasos sanguíneos, o enrijecimento das células e a anulação de algumas enzimas" e, por isso, devem ser freados, segundo a profissional.
Medicina tradicional x medicina ortomolecular
Medicina tradicional | Medicina ortomolecular | |
Objetivo | Tratamento dos sintomas | Prevenção e identificação da causa dos sintomas |
Tratamento à base de | Remédios (substâncias químicas) | Nutrientes (substâncias naturais ao organismo): vitaminas, minerais, enzimas, lactobacilos, fitoterápicos |
Efeitos colaterais | É possível surgirem outros problemas de saúde | Muito raros |
Braga comenta que a medicina tradicional, de modo geral, visa ao tratamento dos sintomas que a paciente apresenta. Na ortomolecular o objetivo é a prevenção, ou seja, cuidar do que está errado e saber qual a causa dos sintomas.
Quanto às possíveis reações, a medicina tradicional usa substâncias químicas (os remédios alopáticos), que podem produzir efeitos colaterais.. Já no tratamento ortomolecular são utilizados nutrientes essenciais à vida, como vitaminas, minerais, aminoácidos, enzimas, ácidos graxos, lactobacilos e fitoterápicos, e muito raramente pode haver algum efeito colateral.
Dieta, terapia ou medicina ortomolecular?
Dieta ortomolecular, terapia ortomolecular, medicina ortomolecular, medicina nutricional: afinal, qual o termo correto? No final das contas, todas as expressões vão de encontro aos princípios da ortomolecular.
A nutricionista Paula Castilho alerta que esse conflito com a nomenclatura se dá porque a dieta ortomolecular é, sim, "um ramo da medicina que acredita que qualquer tipo de doença e envelhecimento precoce pode surgir devido a um desequilíbrio bioquímico interno do organismo". Assim, é uma forma de medicina alternativa, sendo os termos mais populares "dieta ortomolecular" e "medicina ortomolecular".
Origem da dieta ortomolecular
O nome 'ortomolecular' vem de orthos, do grego "certo", "direito". A partir disso, Linus Pauling criou um tratamento baseado na busca correta pelo equilíbrio do organismo - partindo do pressuposto de que cada indivíduo tem um equilíbrio particular.
Ganhador do Prêmio Nobel de Química em 1954 e da Paz em 1962, o estudioso ficou famoso mundialmente por suas recomendações comprovadas do uso diário de vitaminas e minerais em dietas.
Combate ao envelhecimento e à TPM
Poluição, cigarro, álcool, alimentos industrializados, fast-foods, estresse. Esses são apenas alguns aspectos que colaboram para a produção exagerada de radicais livres (que explicamos com mais detalhes o que são na parte referente à suplementação). Para a médica Sylvana Braga, esses fatores externos afetam a vitalidade da pele e do cabelo, fazendo com que tenhamos um envelhecimento precoce. Além disso, há um aumento dos níveis de estresse, que, devido às alterações hormonais, fica ainda mais nítida durante o período de Tensão Pré-Menstrual (TPM).
Portanto, conforme Braga, a dieta ortomolecular entra como uma verdadeira aliada para quem quer manter corpo e mente em dia. Ao combinar o ajuste de nutrientes com uma alimentação balanceada, não só o metabolismo terá uma melhor operação, mas também haverá um funcionamento mais eficiente do intestino - facilitando a queima de gordura e eliminação de toxinas do corpo.
Contras da dieta ortomolecular
A nutricionista Paula Castilho afirma que:
- É uma dieta cara, pois produtos orgânicos são bem mais caros que os convencionais
- Exige total restrição a produtos industrializados
- Cardápio altamente individualizado - o que exige preparo dos pratos, portanto, é preciso ter foco e organização
Restrições
A medicina ortomolecular não tem restrições ou contraindicações. Segundo a médica ortomolecular do Hospital das Clínicas de São Paulo (SP), Sylvana Braga, qualquer indivíduo pode realizá-la, uma vez que a dieta é criada a partir de avaliação personalizada, preservando as restrições e características individuais.