Sylvia Sabbato vai além da análise do comportamento para buscar entender os anseios de quem não consegue encontrar as re...
iFrequentemente recebo pacientes com pouca motivação. Sentem-se cansados, preguiçosos, com vontade de dormir o tempo inteiro. A maioria desses pacientes trabalha de segunda a sexta e, além do trabalho, não faze mais nada. Nem atividade física, nem qualquer outro curso, tampouco saem com os amigos durante a semana. Ao mesmo tempo, queixam-se de que têm uma porção de coisas a fazer: arrumar os armários, trocar uma lâmpada queimada, ligar para alguém com quem não fala há muito tempo, providenciar alguns consertos em casa e por aí vai.
Às vezes, passam tanto tempo se cobrando o quanto precisam fazer, que não sobra tempo algum para realmente fazer alguma coisa. O cansaço de pensar o quanto precisava e o tanto que deixou de fazer leva a uma estafa mental violenta.
Por fim, chega-se à filosofia do "Jaque": "Já que não fiz isso mesmo, pelo menos agora vou dormir"; "Já que comi um bombom e saí da dieta, vou comer uma barra inteirinha de chocolate"; "Já que não li o texto proposto, vou faltar ao curso"... Esse tipo de atitude está se tornando cada vez mais comum.
O que as pessoas não percebem é que esta forma de viver é o maior autoflagelo de todos e que pode, sem fazer grande alarde no princípio, levar à depressão, ao sentimento de fracasso, de frustração contínuo.
É verdade que há razões subjacentes para que tudo isso aconteça: questões psicológicas profundas podem estar por trás dessa série de acontecimentos. Mas, de forma geral, o que cada um precisa, em primeiro plano, é conseguir se organizar. Fazer uma lista de tudo o que têm para resolver: o armário, o conserto, a visita a alguém, um texto a escrever. Concretizando os afazeres numa lista simples de papel, fica mais fácil visualizar as prioridades e organizar o que deve ser feito e em que momento pode ser realizado.
Outro passo extremamente importante é jamais convidar o "Jaque" para sua vida. Deixe-o em paz e ele vai deixá-lo também. Não conseguiu deixar de comer o bombom, não se castigue comendo uma barra inteira de chocolate. Porque o que se vê depois é uma punição mental pior ainda. Aquela vozinha interior dizendo: "Você não vale nada mesmo, não é? Nunca vai deixar de ser gorda(o)! Você merece tudo de ruim que lhe aconteça".
Esta última frase, então, é o maior perigo de todos. Ela se torna uma tese, uma teoria. Inconscientemente, a pessoa vai se boicotando ao longo da vida, pois toda teoria precisa ser comprovada.Por isso, preste atenção à sua vida, tente organizá-la. Apenas não se coloque muitas obrigações num curto espaço de tempo. Coloque-se objetivos alcançáveis num prazo de tempo igualmente cumprível, ou senão será outro boicote e a frustração toma conta de novo.
Cuide de sua vida e deixe a Vida tomar conta de você!
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