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As aftas, aquelas úlceras amareladas e doloridas que aparecem nas mucosas, podem ser causadas por diversos desequilíbrios do organismo, mas, quando duram semanas e vêm seguidas do aparecimento de novos ferimentos, podem indicar problemas gastrointestinais e má alimentação. Se a duração e a gravidade das aftas chamarem a atenção, deve-se procurar um dentista ou médico, que pode ser um gastroenterologista, um especialista em cabeça e pescoço ou um cirurgião bucomaxilar.
De acordo com a gastroenterologista e hepatologista da Federação Brasileira de Gastroenterologia Marta Deguti, alguns sintomas que podem acompanhar as aftas em casos mais graves são sangramento, dor, inchaço, vermelhidão, placas brancas, mau hálito, febre, emagrecimento acentuado, hemorragia digestiva, artrite, diarreia, feridas na pele, problemas de mastigação, gengivite ou mordedura.
Normalmente, quando se concentram na boca, as aftas não costumam estar ligadas a distúrbios sérios. Mas, se aparecem em órgãos do sistema digestivo, como esôfago, estômago e intestino, podem ser sinais de doenças inflamatórias autoimunes.
No caso de as aftas aparecem com muita frequência ao longo dos anos sem causa definida, a pessoa pode ter o que se chama estomatite aftosa ou doença aftosa recorrente. "Uma boa parte das pessoas começa a manifestar o problema ainda na infância, e isso vai se amenizando com a idade", explica a especialista. O distúrbio é mais comum em mulheres de origem europeia, não fumantes e em condição socioeconômica mais elevada.
Segundo Marta, há influência genética no aparecimento da estomatite aftosa. "Aproximadamente 40% das pessoas com a doença contam que há mais casos na família. Há também mulheres que a associam aos hormônios femininos e relatam melhora durante a gravidez", diz. A frequência e a gravidade dessas aftas podem ser afetadas pelo fumo e por alimentos aos quais cada pessoa é sensível. Os que levam a mais reclamações são chocolate, amendoim, morango, queijo, café, tomate e conservantes.
O tratamento para as aftas pode ser feito com bochechos de um copo de água morna com meia colher de chá de sal ou com soluções antissépticas (clorexidina, povidina, água oxigenada). A médica recomenda também a aplicação de corticosteroides e anestésicos locais, como triancinolona e lidocaína. Ela ressalta que, não havendo alívio dos sintomas, é importante buscar ajuda de um especialista para encontrar o agente causador e a forma de cura mais adequada.
A forma de resolver a questão pode mudar de acordo com a causa. Quando o motivo pelo qual as úlceras surgem é mastigação e escovação erradas, hábito de roer unhas ou bulimia nervosa, o dentista é quem vai cuidar do assunto. Se a razão for o uso de algum medicamento, um médico deve ser o responsável por escolher um método para diminuir ou exterminar o problema.
Quando a situação se agrava, pode ser porque a imunidade da pessoa está abalada. "As aftas podem complicar com infecções por bactérias e necrose, principalmente em quem fuma. Por isso, é preciso uma avaliação cuidadosa no sentido de se afastar a possibilidade de se tratar, na verdade, de tumor maligno da boca", alerta Marta.