Evelyn Vinocur é doutora em Pediatria, graduada em 1978 pela Universidade Federal Fluminense (UFF), especialista em Pedi...
iO medo pode ser definido como uma sensação ruim, como quando alguém está apreensivo por fazer alguma coisa. O medo faz as pessoas ficarem vulneráveis e sugestionáveis, geralmente fazendo com que elas padeçam antecipadamente, sofrendo pelo futuro. Para não falar do medo do desconhecido, do que está fora do controle, do amanhã.
O medo é um sentimento deixa nosso cérebro em estado de alerta, provocando descarga de adrenalina. Por isso sentimos taquicardia, palpitação, tremor, sudorese e outros sintomas. Esta reação inicial dispara uma resposta fisiológica no organismo que libera hormônios do estresse, preparando o indivíduo para lutar ou fugir.
Por isso enfrente o medo. Se você permitir que ele se aproxime demais, ele te abraça, te aprisiona e te paralisa, limitando a sua vida e te incapacitando de seguir os seus próprios passos. Se o medo te dominar, você não vai à luta, acha que vai fracassar.
O grande antídoto do medo é a confrontação, o enfrentamento. O medo é como um feitiço. Enfrente seus medos e você descobrirá que eles são meras sombras, que eles não existem.
Aquilo que sentimos antes do medo é conhecido por ansiedade. Na ansiedade, o indivíduo teme antecipadamente o encontro com a situação ou objeto que lhe causa medo. Sendo assim, é possível se traçar uma escala de graus de medo, no qual, o máximo seria o pavor e, o mínimo, uma leve ansiedade.
O medo pode se transformar em doenças, passando a comprometer as relações sociais e a causar sofrimento psíquico. Pode desencadear ataques de pânico, que precisam de tratamento para não evoluir para uma síndrome completa. O medo também pode deflagar quadros depressivos que, de igual modo, merecem atenção especializada.
Com todos os assaltos, desastres naturais, homicídios e violência que vemos nas ruas todos os dias, os casos de transtorno de estresse pós-traumático ou fobia aumentam muito. O medo se espalhou por nossa cidade, e por isso mesmo precisamos praticar técnicas de enfrentamento do medo.
Uma técnica muito utilizada para tratar o medo se chama dessensibilização sistemática. Com ela, você constrói uma escala de medo, da leve ansiedade até o pavor, e, progressivamente, vai sendo encorajado a enfrentar esse medo. Ao fazer isso, você passa, gradativamente, por um processo de reaprendizagem, aliviando a sensação que anteriormente gerava uma resposta de alerta no organismo.
No pânico, a situação pode ser um pouco mais complicada, pois não existe uma situação particular ou objeto que causem do pânico. Se uma pessoa tem crise de pânico no metrô, por exemplo, ela não vai mais querer andar de metrô, com medo de que tudo se repita. Esse medo é a ansiedade antecipatória e com o tempo ele se estende para outras situações, como ficar em casa só, sair de casa, dirigir, locais com muita gente, entre outros.
A exposição a estímulos internos destina-se a tratar as pessoas que tenham pânico, associado ou não a agorafobia (medo de sair de casa, passar mal e não ter socorro).
O ponto de vista racional
Imagine que você tenha um episódio de pânico. Você pode estar tendo ataques de pânico diariamente ou vários por semana. Alguns dos sintomas do pânico:
- Taquicardia
- Falta de ar
- Boca seca
- Tontura
- Formigamento
- Sudorese
- Opressão no peito
- Ondas de calor
- Tremor
- Estranheza
- Medo
Pois bem, a idéia da exposição a estímulos internos é basicamente decompor um ataque de pânico em vários módulos, cada um deles com um ou dois sintomas que serão experimentados com uma intensidade bem menor, como se fosse um mini-pânico. Vou propor um exercício que é o seguinte:
- balançar a cabeça de um lado para o outro, rapidamente, com o objetivo de produzir tontura.
Se você fizer o exercício, provavelmente terá um ataque de pânico constituído de tontura e medo.
Agora, observe os sintomas desse ataque e compare com os sintomas do primeiro quadro. Não se esqueça que a tontura e o medo serão ainda menores no miniataque provocado pelo exercício. Não fica mais fácil?
É possível que você queira me perguntar: "Por que tenho que sentir essas coisas se o que mais desejo é me livrar delas?" Vou te responder dizendo que para se livrar do medo você vai ter que senti-lo, ainda que de uma forma mais leve ou atenuada. Assim, ocorrerá o que chamamos de HABITUAÇÃO.
Assim, os exercícios de exposição podem ser vistos como doses de vacina contra o pânico, levando você a se habituar com os sintomas. Você até poderá senti-los, mas não terão mais a característica de terror do pânico.
No próximo artigo comentarei cinco exercícios e práticas que são eficazes para controlar o pânico e o medo.
Saiba mais: Seu filho tem medo de quê?