Em geral, "vício" tem sido associado ao consumo de drogas e sua dependência. De fato, o consumo de substâncias como cigarro, álcool, cocaína e alguns medicamentos (sem acompanhamento médico competente) pode levar a comportamentos repetitivos condicionados pela sensação de necessidade de determinada substância. Mas o vício não é apenas coisa de "drogados", como se diz popularmente. Tomando como referência o mini dicionário Silveira Bueno: "VICIO, s.m.: Mau hábito; defeito que torna uma pessoa ou objeto impróprio para aquilo a que se destinam; tendência habitual para certo mal; hábito de proceder mal; costume condenável ou censurável."
O foco é o mau hábito de destruir e a ação inconsequente. Quer se divertir divirta-se! Quer dirigir, dirija! Quer amar, ame! Mas procure fazer tudo isso de maneira adequada à manutenção da vida. A vida está em todo lugar, inclusive no lixo, e pode-se utilizar o potencial da vida para destruir ou construir.
Tudo na vida traz consequências. Quem jogou as latinhas de cerveja no mar pode não se importar com a vida marinha, mas os ciclos da natureza são interdependentes, causa e consequência, mesmo que ela se manifeste anos depois ou em outro lugar.
Pode parecer incoerente se preocupar com o outro quando não temos políticas públicas que respeitem o cidadão ou boas políticas que sejam bem divulgadas. Mas depender dos outros para que seja feito aquilo que deve ser feito e simplesmente usufruir do prazer imediato não resolve nada: isso é vício!
Atitudes repetitivas como jogar lixo em qualquer lugar, viver só reclamando sem tomar providência, ocupar-se da vida alheia sem olhar pra si, afundar-se em relações destrutivas, falta de atenção, desorganização, medo do sofrimento, má alimentação, etc. são pequenas maldades do dia a dia. Também são vícios.
Mudar a si mesmo é fácil? Não. O cérebro incendeia procurando novas alternativas. Há o incômodo em fazer novas conexões e abandonar o caminho que estava sendo trilhado, assim como o caminho no meio do mato que existe porque todo mundo passa por ali. Mas, depois que os benefícios começam a surgir, você percebe que vale a pena.
Você não precisa salvar o mundo. Salve a si mesmo. No processo de melhoria da própria vida, em que saúde e o prazer são foco, há um efeito cascata que melhora a vida de outros seres vivos, em diferentes tempos e regiões. Quando se procura o respeito pela própria vida o cuidado com o meio surge e, então, a sensação de pertencer a este mundo e o prazer de poder fazer sua parte.
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