De acordo com a definição da Associação Internacional para o Estudo da Dor, a dor é "(...) Uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a lesões reais, potenciais ou descrita em termos de tais lesões. A dor é sempre subjetiva. Cada indivíduo aprende a utilizar este termo através de suas experiências anteriores".
Muitas vezes ouvimos comentários de atletas, que dizem que a dor faz parte do treinamento e, para ganhar performance ou melhorar desempenho, é necessário ter dor. Desculpem-me os menos informados, mas é simplesmente um absurdo este tipo de comentário.
A dor é a única forma que o corpo tem de se comunicar e mostrar que algo não está bem. É necessário compreender as causas e tratá-las de maneira adequada.
As conquistas em nossas vidas, tanto no aspecto profissional como esportivo, devem ser adquiridas de forma progressiva, pois temos etapas a serem cumpridas que servirão de base para o próximo momento de treinamento. Se você pulou etapas, está correndo o risco de não alcançar seus objetivos, expondo seu corpo aos limites de sobrecarga e, consequentemente, a lesões.
Não confundam o sacrifício e a luta de alcançar suas metas, como vencer o cansaço, alimentar-se sem as guloseimas, privar-se de alguns eventos sociais com o fato de ter que sentir dor para demonstrar empenho.
Tratando a dor
O tratamento da dor é complexo, e requer esforço multidisciplinar, baseado em múltiplos enfoques do conhecimento humano.
A abordagem da dor crônica é absolutamente individualizada, cada dor é a "dor de uma pessoa", com a sua história, sua origem, seu contexto e seu momento. A dor é subjetiva, mas não é abstrata. Ela é sentida por alguém, que precisa ser compreendido e respeitado, e que na maioria das vezes encontra-se com medo de sua realidade. Essa pessoa não entende por que tem dor, teme sua causa, sua doença, seu tratamento, seu prognóstico, e a própria perspectiva de sentir (ou não) sua dor. Teme a perspectiva de experimentar uma nova (e pior) dor a cada momento, e que talvez não tenha controle.
De todas as dores que acometem o ser humano ao longo de sua existência, as dores miofasciais são as mais prevalentes. Podem ser consequência de alterações posturais, esforços repetitivos no trabalho ou sobrecarga nos treinos esportivos. Elas podem ser agudas ou crônicas e são localizadas em um ou mais músculos do nosso corpo. Caracterizam-se pela presença de um ponto de gatilho na palpação realizada pelo exame médico ou fisioterápico, onde o atleta relata dor de forte intensidade quando este ponto de hiperirritabilidade muscular é pressionado.
Em geral, o tratamento adequado da dor miofascial deve ser realizado através de uma combinação de técnicas, o que inclui:
-Massagens, liberação ou deslizamento do músculo;
-Agulhamento dos pontos dolorosos com uso da acupuntura ou com infiltração de anestésicos;
-Medicamentos, como relaxantes musculares e analgésicos;
-Fisioterapia com laser, ultrassom e estimulação elétrica transcutânea (TENS)
-Exercícios físicos (alongamentos, fortalecimento, resistência).
Como tem sido bastante preconizado, a utilização do gelo como proposta terapêutica para o alívio da dor é denominada crioterapia, que até hoje é alvo de controvérsias em relação a sua utilização. Desde a Grécia e Roma Antiga já neve e gelo já eram utilizados com finalidades terapêuticas, prática que passou a ser difundida há muito tempo no meio veterinário como forma de auxiliar na recuperação muscular dos membros inferiores de cavalos de corrida. No entanto, apenas no início da década de 60 que surgiram os primeiros estudos científicos realizados com o uso da crioterapia algumas horas após a ocorrência de lesões.
Apesar de ser considerado um antiinflamatório natural, o gelo nem sempre diminui a resposta inflamatória, como se acredita no meio esportivo, mas reduz os sintomas e sinais clássicos da inflamação: dor, inchaço (edema), vermelhidão (rubor), aumento da temperatura local, e diminuição da função do membro ou da articulação. Portanto, sua indicação na fase inicial do tratamento é restrita principalmente ao controle da dor e do edema, além de causar uma diminuição do consumo de oxigênio consequente à lentificação do metabolismo - fenômenos que ocorrem devido à diminuição do potencial de ação, ou seja, menor transmissão de impulsos.
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