Formada em Psicologia há 23 anos pela Unifil, pós graduada em Obesidade e Transtornos Alimentares pela PUC-PR.Hipnoterap...
iSegundo uma pesquisa realizada na Grã Bretanha nos últimos três anos, quase uma centena de crianças de cinco a sete anos recebeu tratamento contra anorexia. O estudo reuniu números de 35 hospitais públicos britânicos e revelou que um total de 2 mil crianças de cinco a 15 anos receberam tratamento por distúrbios alimentares durante este período: entre elas, cerca de 600 tinham menos de 13 anos, das quais 98 tinham entre cinco e sete anos e 99 entre oito e nove anos.
Pensamos que essa doença só atinge adolescentes e adultos, mas os resultados de pesquisas são assombrosos, mostrando o quanto nossas crianças estão vulneráveis. Vemos por todos os lados crianças com batom, sapatinhos com salto, muitas vezes imitando adultos. Muitos pais acham bacana, e se deliciam vendo as filhas como mocinhas com unhas pintadas.Quem não se orgulha de ver os filhos se desenvolverem?
Desde muito cedo nossos filhos já estão em contato com o mundo real, vendo revistas, mulheres na televisão. Tornam-se alvos da mídia, e isso leva ao consumismo precoce.Cabe aos pais frearem e perceberem que entre o bonitinho e o saudável tem uma grande diferença. As crianças de hoje são muito espertas, e ficam atentas às informações que correm a sua volta.
Cabe, mais uma vez, aos pais filtrarem e colocarem limites quanto ao que é adequado ou não para idade de seu filho.
Muitas vezes as crianças ouvem dos pais, ou mesmo de outros adultos, palavras que as levam a se preocuparem com o corpo precocemente. No intuito de se tentar preservar o filho contra a obesidade, muito cedo vêem a mãe se preocupar de forma excessiva com o corpo ou mesmo com a alimentação.
Essas medidas devem ser tomadas de forma cautelosa, cuidando do que o filho come, sem enfatizar o objetivo final. "Veja aquela mulher como está fora de forma", ou mesmo "veja que criança gordinha, será que não cuidam dela?" são comentários aleatórios que podem causar um impacto na cabecinha de nossas crianças, ainda mais quando percebem as perdas que terão, ou mesmo comentários que ouvirão ao seu respeito se estiverem mais cheinhas.
Há pouco tempo vi um lançamento de um sutiã com enchimento para crianças. Muitos acham lindo e logo compram a novidade para suas filhas, porém não calculam o quanto é prejudicial para elas pular de uma fase para outra, sem estarem amadurecidas para isso.
Anorexia precoce
Cerca de 1,5 mil adolescentes de 13 a 15 anos também foram tratados por anorexia. Estes dados podem ser subestimados, já que vários centros não quiseram divulgar seus dados. As informações foram publicadas meses depois de especialistas pedirem uma rápida intervenção para prevenir os distúrbios alimentares das crianças. De acordo com pesquisa publicada no mês de abril pelo Instituto de Saúde Infantil da Universidade de Londres (UCL), cerca de três crianças em cada 100 mil com menos de 13 anos sofrem transtornos alimentares no Reino Unido e na Irlanda.
Além dos problemas de anorexia infantil, a Grã-Bretanha também tem o nível de obesidade mais alto da Europa, com 24,5% da população adulta considerada obesa, segundo um informe divulgado em 2010 pela União Européia e pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O importante é deixar claro que várias são as causas para o desenvolvimento de transtornos alimentares em crianças e adolescentes, porém com a conduta adequada da família, orientando e esclarecendo as informações que chegam aos seus filhos, estarão contribuindo muito para evitar o aparecimento da anorexia e outros transtornos dentro de sua família.
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