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Um estudo feito pelo Centro Médico da Universidade de Boston (EUA) provou que o consumo moderado a excessivo de álcool aumenta as chances de câncer colorretal - que afeta o intestino grosso - no indivíduo.
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores fizeram uma análise de casos-controle e de 61 estudos sobre consumo de álcool e incidência de câncer colo retal, feitos em países da Ásia, Austrália, Europa Ocidental e América do Norte.
O documento fornece evidências de que o álcool, quando consumido em níveis maiores que um copo por dia, está associado a um aumento no risco de câncer colorretal. Pessoas que consumiam bebida alcoólica moderadamente ? média de 49,9g de álcool ? tiveram um aumento das chances de sofrer de câncer em 21%. Aqueles que faziam uso excessivo do álcool ? 50g ou mais por dia ? tiveram o risco aumentado em 52%.
Apesar de a análise ter sido satisfatória, os pesquisadores não divulgaram os resultados levando em conta os tipos de bebida que estavam sido consumidos. Os membros do fórum revisor do estudo, porém, concordaram que os dados atuais indicam que a ingestão excessiva de álcool está diretamente associada a um aumento no risco de câncer colo retal.
Futuros estudos são necessários para determinar se existe um nível mínimo de álcool para a pessoa começar a sofrer os riscos de câncer, se existem diferenças por tipo de bebida e se o padrão de consumo (regular ou consumo excessivo apenas aos finais de semana) afeta o risco.
Saiba como cada parte do seu corpo sofre com o excesso de álcool
Cerveja, chope, whisky, vodka, caipirinha. Antes de encher o caneco neste Carnaval, é bom saber de algumas informações valiosas sobre os efeitos do exagero do álcool no seu corpo. Você sabia que os dados mais recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os brasileiros consomem 18,5 litros de álcool puro por ano, sendo, portanto, o quarto país que mais consome álcool das Américas.
Confira agora por que o excesso de bebidas alcoólicas causa tantos danos ao nosso organismo e quais partes do nosso corpo são mais afetadas com essa prática:
Sistema gastrointestinal
Quando bebemos uma cerveja ou uma caipirinha, o álcool logo é absorvido pelo nosso sistema gastrointestinal. Ele irrita as mucosas do esôfago e do estômago, alterando as membranas do intestino, prejudicando a absorção.
Os resultados podem ser esofagite, gastrite e até diarreia. Já no fígado, o álcool vai alterar a produção de enzimas, aumentando este conjunto de substâncias que serão responsáveis pela metabolização. "É como se o álcool forçasse o trabalho do fígado, que fica sobrecarregado", diz a médica psiquiatra Ana Cecilia Marques, pesquisadora da Unidade de Álcool e Drogas (Uniad) da Unifesp e especialista em dependência química da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead). "O fígado passa a produzir mais enzimas para metabolizar o etanol e isso culmina com uma inflamação crônica e hepatite alcoólica, podendo evoluir para cirrose", completa.
Outro órgão afetado pelo excesso de bebidas alcoólicas é o pâncreas, responsável pela fabricação de insulina e de enzimas digestivas. O álcool pode causar uma inflamação no pâncreas, e essa inflamação pode evoluir para uma pancreatite. A pancreatite é uma doença que causa uma forte e repentina dor abdominal, perda de apetite, náusea, vômito e febre. O tratamento é feito em hospitais e inclui medicações para a dor e antibióticos.
Sistema nervoso central
Quando abusamos das bebidas alcoólicas, o sistema nervoso, ou seja, nosso cérebro é afetado logo após a ingestão da segunda dose. Homens apresentam alterações na percepção da realidade e do comportamento logo após a segunda dose, e mulheres já na primeira.
De acordo com a especialista Ana Cecilia, os sintomas decorrentes da presença de álcool no sistema nervoso são: problemas de atenção, perda da memória recente, perda de reflexo, perda do juízo crítico da realidade. Com o aumento da dose, sonolência, anestesia e, no grau mais elevado, o coma alcoólico.
"O coma é um grau de intoxicação grave, por ação direta do etanol no sistema nervoso central e em outros sistemas orgânicos", diz Ana Cecilia. Quando isso acontece, é muito importante procurar socorro médico. Se o corpo não conseguir se recuperar do coma, pode haver parada respiratória, podendo levar à morte.
A reversão do quadro inclui medidas gerais para manutenção da vida, que vão desde oxigenação, hidratação, correção da glicemia, do magnésio e do zinco, entre outros cuidados que podem variar de caso para caso.
Sistema renal
Os rins são responsáveis pela filtração final do etanol, de apenas 6% da substância. Mas quando abusamos das bebidas, o etanol altera a capacidade dos rins de filtrar as substâncias do nosso corpo, causando uma alteração dos hormônios que controlam a pressão arterial, o que culmina em hipertensão arterial.
Pulmões
Como o sangue passa pelos pulmões para efetuar as trocas gasosas, nem esse órgão fica livre dos efeitos do álcool. "O etanol deixa as trocas gasosas mais lentas, pois os pulmões recebem um sangue muito sujo", conta Ana Cecilia.
O resultado disso é uma respiração mais lenta, fazendo a pessoa sentir dificuldades para respirar. É por isso também que o bafômetro capta o álcool ingerido, que ainda está circulante.
Sistema cardiovascular
A ingestão de bebidas alcoólicas favorece a liberação de dopamina no cérebro. Este hormônio neurotransmissor é responsável pela regulação de outras substâncias que, por sua vez, regulam o sistema cardiovascular.
Isto significa uma possível alteração da pressão arterial, da frequência cardíaca e depois, dos vasos sanguíneos. A taquicardia e a hipertensão arterial são as consequências mais comuns.
Sistema muscular
É o sistema nervoso central o grande responsável por movimentar nossos músculos. A médica especialista da Abead explica que além da alteração central causada pelo álcool, que deixa as mensagens que chegam aos músculos mais lentas, as ligações nervosas periféricas são comprometidas, e a sensação é de relaxamento.
Sistema hormonal
Ninguém escapa da ação do etanol e, portanto, as glândulas também têm seus produtos, no caso os hormônios, alterados. Porém, são as pessoas que já apresentam doenças de alteração hormonal, como diabetes, que sentem com mais intensidade os danos físicos pela ingestão de bebidas alcoólicas.
A principal consequência do abuso de álcool em diabéticos, por exemplo, é uma rápida evolução ao coma alcoólico. Ana explica que o etanol altera a metabolização da glicose pelo fígado e pelo pâncreas, este último já adoecido pelo diabetes. Por conta disso, os danos aparecem mais rápido.
Ressaca
Além de todas as complicações que o álcool causa enquanto o indivíduo ainda está embriagado e intoxicado, ele ainda deixa seu efeito para o dia seguinte, a famosa ressaca. Dentre os sintomas da ressaca estão enjoo, vômitos, diarreia, tontura, pensamento embaralhado, moleza e até um sentimento de tristeza.