Redatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iLogo que nasce, ele é um bebezinho miúdo, frágil e totalmente dependente. Mas a transformação começa, mesmo que aos poucos. O olhar fica atento. O pequeno descobre que tem mãos e elas podem pegar as coisas, se encanta com o sabor dos dedos dos pés, aprende a sorrir e a produzir sons que só ele entende.
No curto espaço de dois anos, ele firma a cabeça, senta, rola, se arrasta de barriga no chão, engatinha, fica de pé, caminha e corre. Os sentidos se afinam, e aquele mundo borrado do início passa a ter cores e formas, sons e cheiros, nomes e jeitos de usar. A estranha fala dos adultos começa a fazer sentido, as primeiras palavras brotam, e logo ele está cantando, fazendo perguntas, afirmando o que quer. O bebê ganha autonomia e começa a virar criança.
Os dois primeiros anos de vida são repletos de crescimento físico e descobertas. Para se ter uma ideia, é nesse início que acontecem os aprendizados que usamos para o resto da vida. Se somos capazes de andar, falar, raciocinar e perceber as expressões, é devido à sua esperteza dos dois primeiros anos de vida.
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Apenas no primeiro ano, o cérebro cresce 50% do que crescerá ao longo de toda a infância, conta a pediatra e nutróloga Maria Marlene Pires, professora do curso de medicina da Universidade Federal de Santa Catarina. Com tantas mudanças, é natural que os pais fiquem um pouquinho ansiosos, esperando que as etapas aconteçam. O problema é que muitas vezes, esquece-se de que a pessoa em evolução é apenas um bebê e não uma pessoa adulta. Essa ansiedade pode causar frustração tanto nos pais quanto na própria criança. Será que tem necessidade de apressar as coisas? Ou então fazer comparação com outras crianças? Provavelmente não.
A verdade é que é necessário ter em mente que cada criança tem seu ritmo. Portanto, ao invés de manter as expectativas elevadas, o ideal é deixar que cada etapa seja conquistada de forma espontânea e amorosa, evitando assim frustrações tanto para você quanto para a criança. Troque a vontade de vê-lo logo correndo e falando pela paciência para curtir o momento desse aprendizado. Incentivo, estímulo e carinho são fundamentais. As pequenas descobertas devem ser comemoradas, pois elas significam muito para o bebê. De quebra, aprenda com ele a ver o mundo com outros olhos, mais encantados com as coisas cotidianas. Veja, a seguir, o que esperar de cada fase e como estimular e proteger seu bebê.
Do nascimento aos 3 meses
Nessa fase, o bebê passa a maior parte do tempo dormindo. Desperta do sono apenas para mamar, trocar as fraldas e tomar banho. É quando as cólicas costumam surgir e desaparecer. Ocorre a queda do coto umbilical e a rigidez dos músculos do bebê. O aleitamento materno é altamente importante. O pequeno é muito dependente e precisa de vigilância em tempo integral.
De acordo com a pediatra Maria Marlene Pires, se estiver tudo certo com o bebê, ele deve apresentar quatro novas habilidades no fim dos três meses:
- levantar e sustentar a cabecinha
- ser capaz de fixar o olhar e acompanhar o movimento das pessoas em 180°
- sorrir em resposta a brincadeiras e carinhos
- reconhecer e brincar com as próprias mãos.
Para estimulá-lo nesse período, converse muito com o neném, descrevendo cada ação. "Agora vamos trocar de roupinha" , "agora vamos tomar um banho gostoso", e assim por diante. Acima de tudo, faça muito carinho. O contato do seu corpo com o dele é muito importante. É interessante também escolher uma música e uma historinha para cantar e ler para o bebê todos os dias. A criança aprende por repetição e gosta de ouvir sempre as mesmas falas.
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Dos 3 aos 6 meses
O desenvolvimento motor está a mil por hora. Com quantos meses o bebe pode sentar? O bebê começa a rolar do corpinho e já é capaz de se sentar se tiver as costas apoiadas nas mãos de um adulto ou em um travesseiro. Começa a pegar e segurar objetos, podendo segurar mais de uma coisa ao mesmo tempo.
As pernas, que antes eram mais durinhas, agora estão mais flexíveis e ele já consegue esticá-las totalmente. O tronco está mais ereto. As primeiras sílabas são repetidas. Ao final deste trimestre, a criança já adquiriu certa noção de perigo, e seus primeiros dentinhos começam a nascer.
Nessa fase, fique atento para as quedas, que podem acontecer com a nova mania de rolar. Também fique de olho nos objetos pequenos, sujos ou pontiagudos, porque essa é a fase oral, em que o pequeno conhece o mundo levando tudo à boca. Como nesse momento a hora do banho é a preferida, estimule a atenção do pequeno com brinquedinhos de borracha coloridos e macios na banheira.
Ao final do segundo trimestre, o leite materno deixa de ser alimento exclusivo. Deixe-o segurar os novos alimentos para explorar formas, texturas, cheiros, cores e gostos. Como ele está descobrindo sensações, ofereça brinquedos atóxicos, de plástico ou borracha, coloridos, barulhentos e com texturas diferentes. E não esqueça de dizer "isto é macio", "isto é duro" ou "isto é mole" para todos os objetos que ele segurar. Mantenha-o por bastante tempo na posição sentada, com apoio, para observar o ambiente. Como a criança está sempre aprendendo, explique a ela sobre tudo com que tiver contato.
Dos 6 aos 9 meses
O bebê já se senta sem apoio, com a coluna ereta. Começa a surgir a habilidade de se defender. Quando empurrado, ele reage tentando retornar ao mesmo lugar e, se necessário, protege-se colocando as mãozinhas em frente ao rosto.
Consegue usar os dedos para pegar objetos e os transfere de uma mão para outra. Família e amigos passam a ser reconhecidos e cumprimentados com sorrisos. Mas essa também é a fase de estranhar desconhecidos, que o deixam assustado e inseguro.
É por aqui que o bebê costuma começar a se arrastar pelo chão e engatinhar. Mas nem todos os bebês engatinham. Alguns passam direto para a tentativa de caminhar, meses à frente, o que não significa problemas em sua evolução, segundo a pediatra. O pequeno também estará mais atento ao que é colocado diante de seus olhos, e já saberá mastigar os alimentos.
Nessa fase também começam a crescer o risco de acidentes domésticos, já que ele abre gavetas e tenta puxar o que aparece ao alcance, como toalhas de mesa e cabos de panela no fogão. O engatinhar pode levar a lugares perigosos, como escadas, e sacos de plástico. Estes últimos podem causar sufocamento, apesar de divertidos.
Na hora de brincar, ofereça brinquedos de encaixe, como cubos e formas, sempre em tamanho grande para evitar riscos de engolir peças. Outra boa ideia é cobrir e descobrir objetos. O bebê está aprendendo que não é por que o objeto saiu do seu campo de visão que ele não existe mais.
Dos 9 aos 12 meses
O pequeno já fica de pé. Dá os primeiros passinhos apoiado em móveis e de mãos dadas com um adulto. Logo deve estar andando sem apoio. Leva alguns tombos, mas faz parte. Sua visão fica completamente nítida e ele passa a enxergar melhor os objetos pequenos. Pode começar a balbuciar, repetindo os sons. Ao fim desse semestre, o bebê deve falar duas ou três palavras.
Ele consegue mastigar bem os alimentos, por isso sua comidinha passa a ser a mesma dos adultos. Sabe usar a colher, mas se suja bastante ao comer, pois sempre derruba um pouco. Entende facilmente uma ordem simples. Imita os movimentos dos adultos, como bater palmas e dar adeus. Começa a manipular os objetos com precisão, pois faz o movimento de pinça com as mãos (dedo polegar em oposição ao indicador). Procure brincadeiras que estimulem o movimento e a fala, como dançar e cantar as músicas preferidas dele.
Dos 12 aos 18 meses
Com esta idade, o pequeno apresenta um vocabulário mais extenso, e se entende bem com crianças da mesma idade. Algumas aceitam melhor emprestar brinquedos: é hora de aprender a dividir. O pequeno começa a descobrir outras partes do corpo: nariz, boca, orelha. Consegue beber sozinho em um copo ou canequinha. Levanta-se, fica em pé e se senta novamente. Atende ao pedido de beijos e entende melhor o significado da palavra não .
É hora de redobrar os cuidados com acidentes domésticos, porque ele estará mais ousado, mas ainda sem plena noção de perigo. Janelas, gavetas, despensa, cozinha e piscina são lugares perigosíssimos e devem estar sempre resguardados. Procure atividades que estimulem o bebê a falar mais. Conversar muito, ouvir músicas, cantar para o pequeno, explicar as ações e interagir ao máximo ajudam muito.
Dos 18 meses aos 2 anos
Até aqui, se o bebê estiver com a saúde perfeita, já saberá andar com firmeza e falar algumas palavrinhas. De agora em diante, só vai refinar e aprimorar as habilidades adquiridas até aqui. Sua habilidade motora é cada vez maior, e a linguagem é aperfeiçoada.
Já pede coisas, como água ou um brinquedo. Ao completar 2 anos, já pode controlar a musculatura e sabe quando quer fazer xixi ou coco. A mãe deve reforçar que fazer xixi e coco são coisas boas e ensinar o local correto, com paciência.
Nessa fase, começam as brincadeiras simbólicas, em que a criança tenta imitar os adultos e se familiariza com o sentido do faz-de-conta. Você pode incentivá-lo de modo simples, como brincando de casinha ou veterinário. Depois, você poderá vê-lo brincando sozinho, da maneira como foi ensinado. Mais firme no controle de seu corpo, ele gostará também de atividades agitadas, como correr, pular e dançar.